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Após 17 dias impedida pela Justiça de comandar a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Vicélia Ângela Florenzano foi reconduzida ontem à presidência da entidade. Emocionada, a dirigente teve recepção de gala no retorno ao cargo – com direito a foguetes, champanhe e até tapete vermelho.

"Estou super-emocionada. Enquanto estive fora, tinha a sensação de ter perdido a minha liberdade. Era uma angústia. Agora, me sinto livre novamente", desabafou ela, durante a festa promovida pelos funcionários da CBG e com a participação de inúmeros membros das federações estaduais e atletas.

Mas o peso tirado das costas está longe de lhe trazer alívio. A Universidade do Norte do Paraná (Unopar, de Londrina) promete continuar a batalha jurídica para excluí-la do posto. A instituição, representante da Liga Nacional de Ginástica Rítmica, contesta as contas da CBG.

Com base em supostas falhas no balanço contábil, a Unopar conseguiu no fim de janeiro uma liminar para cassar o mandato de Vicélia – a decisão partiu da 10.ª Vara Cível de Curitiba. Nesta sexta-feira, através de recurso no Tribunal de Justiça, a posição foi temporariamente revista.

"O desembargador J. Vidal Coelho nos concedeu o efeito suspensivo por entender que não foi comprovada a alegada administração temerária", explica Cleverson Marinho Teixeira, o advogado de Vicélia. Mas apesar da vitória parcial, o processo ainda tramita e pode novamente destituir a cartola.

E esse embate nos tribunais gerou pelo menos uma cena embaraçosa à presidente da Confederação. Para não dar munição aos oposicionistas, ela evitou entrar na Universidade do Esporte (sede da CBG) antes da liberação judicial.

"Poderiam dizer que foi desacato à autoridade", justificou Ricardo Gomyde, presidente da Paraná Esporte, dando apoio à amiga. Vicélia ficou então na rua em frente ao ginásio, enquanto seu estafe a aguardava do lado de dentro. Quando atravessou o portão, foi recepcionada de forma calorosa.

"Isto Aqui O Que É?", do compositor Ary Barroso, foi entoada pelos inúmeras correligionárias da situação. A escolha da música foi uma referência ao novo tema da ginasta Daiane dos Santos (leia texto ao lado), mas tinha endereço certo para a Unopar.

Em um trecho da letra, por exemplo, a palavra fumaça foi substituída por pirraça – sugerindo o motivo da crise política. Logo na seqüência, o hino nacional também deu o tom de triunfo à recondução. "Estou de volta nos braços dessas pessoas", fechou Vicélia, quase às lágrimas.

A Unopar – revoltada com a saída da GRD de Londrina para Blumenau-SC e Vitória-ES – alega descontrole administrativo, mas não apropriação de valores por parte da atual gestão. Questiona ainda a não-publicação de balanços, como exige a Lei Pelé.

Em meio à crise, nos dias 18 e 19 de março, em Lyon, na França, a equipe brasileira de ginástica olímpica disputará a primeira etapa da Copa do Mundo no ano.

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