Thaís é uma das jogadoras que costumam fazer “bicos” por outras equipes| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A um dia da partida mais importante de sua história, o Novo Mundo decidiu adotar uma es­­tratégia inédita para tentar vencer o Santos nas quartas de final da Copa do Brasil de futebol feminino.

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Hoje à tarde, depois de fazer um treino de reconhecimento no local do duelo, o estádio Couto Pereira, a equipe irá direto para uma pousada em Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba. Será a primeira concentração do clube para uma partida na capital.

Mais do que unir o grupo e deixar as atletas com a cabeça no confronto decisivo (razões comuns para a reclusão no futebol), o retiro servirá de prevenção a um recorrente problema do clube. Muitas jogadoras, geralmente as mais jovens, sofrem com contusões poucos dias antes dos jogos porque passam dos limites em outras partidas. Sem receber salário do Novo Mundo, elas garantem sua renda defendendo outras equipes em torneios de futsal e de futebol society em troca de cachês que variam de R$ 50 a R$ 150.

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"A menina vai jogar três jogos na segunda-feira e depois não está bem para jogar na quinta", diz o técnico Fernando Cezar Sfier. "Ganham cinquentão de uma equipe, mais quarenta de outra. Isso, para juntar uma bolsa que elas não conseguem no Novo Mundo. O presidente não consegue bancar isso para elas. Não tem patrocínio que ajude. A gente é contra, mas sabe que elas precisam disso", lamenta.

"Infelizmente, trabalhamos com essa pré-disposição. Não é um pensamento profissional, mas não dá para tirar a razão delas, já que com o futebol de campo elas não conseguem sobreviver", emenda a zagueira Marina, a capitã do time.

"As vezes elas não têm consciência de quão importante é a partida e se excedem nos jogos", aponta a volante Vantressa.A atacante Thaís Abatiá é uma das que costuma receber convites para atuar por outros clubes. Segundo ela, é difícil recusar uma proposta desse tipo, já que ainda não recebe remuneração do Novo Mundo.

"Geralmente o pessoal paga por jogo. Já joguei no interior e aqui na capital também. Tive a sorte de não me machucar jogando por outro time, mas é bem comum isso acontecer, já que é sempre um jogo seguido do outro. Tem muito desgaste", revelou ela, que ainda é dúvida para a partida de amanhã. Re­­cu­­pera-se de lesão na clavículo, sofrida em treino do próprio No­­vo Mundo.

Portanto, para evitar qualquer surpresa, o plano de concentrar o elenco até o momento do embate veio a calhar. Um esforço financeiro foi feito para que o grupo fique reunido no hotel e se concentre apenas na partida contra o Peixe.

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"O Santos já tem esse diferencial. Treina a semana inteira no CT deles, tem uma programação, um acompanhamento nutricional. Aqui a gente não consegue fazer isso. Temos de dançar conforme a música", lembrou o treinador.