Santos e São Paulo mostraram neste domingo, como deve ser um clássico: muita disposição, luta, e, vários gols e, para apimentar ainda mais, uma expulsão. A Vila Belmiro viu tudo isso. E mais. Viu o Tricolor vencer por 4 a 3, de virada, para seguir no encalço do líder Palmeiras. Com o triunfo, a equipe do Morumbi vai a 52 pontos e permanece em quarto lugar. Não pode mais ser ultrapassado pelo Flamengo. O Verdão tem 54. Já o Peixe segue em 13º lugar, com 41 pontos.
Rogério Ceni garantiu a vitória são-paulina com um gol de falta aos 23 minutos do segundo tempo. Assim, quebrou um jejum que já durava um ano.
Bola parada movimenta placar
O San-São começou com tudo. Ainda que os times não tenham sido brilhantes tecnicamente, pelo menos houve disposição. Houve, também, falhas. Muitas, aliás. Os quatro gols da primeira etapa saíram em jogadas de bola parada. Em três delas, a colaboração da defesa foi determinante - sobretudo nos dois gols santistas.
O Peixe, com uma postura mais ofensiva, atuava com a marcação adiantada, buscando pressionar as saídas de bola do Tricolor. Essa marcação provocava erros de passe da equipe da capital, que começou a apresentar problemas para criar jogadas.
A defesa são-paulina, uma das melhores da competição, sofreu pane no jogo aéreo. Isso ficou evidente nos dois gols marcados pelo Santos na primeira etapa. No primeiro, aos 6, Madson cobrou escanteio da direita, Rodrigo Souto subiu no primeiro pau e desviou para André, substituto de Kléber Pereira, suspenso, marcar o seu segundo gol como profissional, o primeiro em um clássico.
O São Paulo só conseguia criar chances quando a bola caía nos pés de Hernanes. Nesses momentos, o camisa 10 mostrava porque é o principal jogador tricolor. Aos 12, em jogada individual, o volante sofreu falta de Astorga na entrada da área, pelo lado esquerdo. Ele mesmo executou a cobrança. Perfeita. Como manda o manual do bom batedor. A bola acertou o ângulo superior esquerdo de Felipe, que só se esticou para sair bem na foto.
O gol tricolor não assustou o Santos. Pelo contrário, o time da Vila partiu novamente para cima e, mais uma vez, aproveitou-se de falha da zaga adversária. Num lance bem parecido com o do primeiro gol, o Peixe ampliou, aos 26. Madson cobrou escanteio na direita e Rodrigo Souto apareceu novamente na frente dos marcadores para desviar. Dessa vez, a bola entrou direto.
O jogo era lá e cá e o São Paulo quase empatou aos 28, quando Hernanes, sempre ele, pegou o rebote pelo meio e chutou rasteiro. Felipe caiu e mandou para escanteio. O Santos era ligeiramente melhor, tinha mais posse de bola, mas acabou provando do seu próprio veneno: a jogada de escanteio. Aos 38, Hernanes executou a cobrança da esquerda. A bola passou por todos os defensores santistas e sobrou para Washington, que, mesmo desequilibrado, acertou o chute. A bola foi em cima de Felipe, que, ao tentar desviar, acabou mandando para o próprio gol.
Ceni: fim de jejum e expulsão
É como se não tivesse havido intervalo. Os dois times voltaram para o segundo tempo e mantiveram o ritmo do primeiro. Disposição, velocidade e muitos gols. O que mudou com relação ao primeiro tempo foi que, agora, o São Paulo é quem sufocava. A equipe do Morumbi passou boa parte dos minutos iniciais dentro da área santista. O gol da virada era inevitável. Aos 14, Jorge Wagner recebeu cruzamento da direita, se antecipou à marcação e empurrou para o gol.
O gol sofrido acordou o Peixe. As mudanças de Vanderlei Luxemburgo também ajudaram. Felipe Azevedo e Madson foram substituídos por Róbson e Jean, respectivamente. Não que os dois que entraram tenham sido brilhantes, mas melhoraram um pouco o toque de bola santista. Aos 21, em boa triangulação, Triguinho desceu pela esquerda e cruzou no meio da área. Róbson, sozinho, subiu, cabeceou e empatou a partida.
Mas não houve tempo para comemorar. Aos 22, o fim de um jejum. Dagoberto sofreu falta de Astorga na entrada da área. Rogério Ceni bateu e voltou a marcar após um ano. A última vez havia sido no dia 19 de outubro de 2008, no empate em 2 a 2 com o Palmeiras.
Ainda havia mais emoção por vir, pois o Santos partiu com tudo para cima do São Paulo. Aos 33, Jean escapou pela direita e, livre, e quando ia passar por Rogério Ceni sofreu falta. O goleiro era o último homem e acabou levando o vermelho.
Após a saída de seu capitão e com a vantagem no placar, o São Paulo se trancou.Foi bombardeado pelo Peixe, mas conseguiu se segurar.