O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) promete até o fim do mês encaminhar à Justiça e ao Ministério Público um parecer sobre supostas irregularidades na administração financeira da Federação Paranaense de Futebol (FPF). De acordo com o ór-gão da Polícia Civil, que começou ontem a ouvir testemunhas ligadas ao caso, a investigação já apresenta "indícios de fraude contra credores, falsidade ideólogica e sonegação fiscal" por parte de alguns envolvidos.
A apuração diz respeito basicamente à relação entre a FPF e a Comissão Fiscalizadora de Arrecadação (Comfiar) empresa que administra parte da taxa de bilheteria obtida pela entidade esportiva, mas com personalidade jurídica diversa. A suspeita recaí sobre a possibilidade dessa última ter a finalidade apenas de enganar terceiros com haveres junto à Federação.
"Estamos, posso garantir, no caminho certo", diz o delegado-adjunto do Nurce, Robson Barreto. "Após a coleta de documentos, iniciamos a fase de oitivas [depoimentos]. Hoje [ontem] veio um representante do Atlético. Semana que vem, agendamos com o Coritiba. Em breve, ainda, teremos em mãos detalhes referentes à quebra de sigilo fiscal e bancário dos envolvidos."
Segundo Barreto, a partir de agora todos os passos na averiguação serão sob sigilo absoluto. "Surgiram alguns fatos novos que complicam ainda mais a situação. Então vamos agir em silêncio, para evitar problemas na busca de provas", comenta.
Foi justamente por causa do repasse de parte das rendas de partidas em favor da Comfiar que o ex-presidente da FPF, Onaireves Moura, amargou uma suspensão de três anos (de um total de 6 anos e 2 meses), no dia 27 de junho, após julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Entendeu-se, na sentença, que a FPF deveria ficar com 5% da arrecadação dos jogos do Campeonato Brasileiro, mas apenas pegava 2,5%. A outra metade era remetida aos cofres da Comfiar para o STJD, uma transação irregular. Em confrontos pelo estadual, como o percentual é de 10%, o rateio fica em 5% para cada parte.
Para o advogado da Federação, Vinícius Gasparim, o caso Comfiar está sendo distorcido. "Na verdade, os clubes [com exceção do Atlético] determinaram a criação desse ente com personalidade jurídica próprio com o intuito de comercializar direitos de televisão, placas de propaganda, além de fomentar o projeto da FPFTV", diz.
Gasparim também garante que não há prejuízo algum para os credores. "As penhoras sobre os valores da Federação ocorrem sobre o percentual de 5% das rendas. Como nos jogos do Estadual a taxa é de 10%, a metade disso satisfaz essa conta. No Brasi-leiro, não efetuamos mais essa divisão."
E, por fim, ainda reforça: "As pessoas têm que entender uma coisa: existe Comissão de Arbitragem, Comissão Antidoping e a Comfiar, uma Comissão fiscalizadora. Não existe nada errado."
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