Estatura marca política de renovação na modalidade
O principal objetivo do handebol brasileiro em 2011 é a conquista do Pan-Americano de Guadalajara, no México. Não apenas pela medalha de ouro, mas principalmente pela vaga na Olimpíada de Londres, em 2012, garantida somente com o lugar mais alto no pódio. Mas, além da vaga, o que está em jogo é o futuro da seleção, que chega a um momento crucial: renovação dos jogadores.
Desde a chegada do técnico espanhol Javier Cuesta, em março de 2009, o projeto de renovação visa à formação de uma nova equipe, mais alta e forte fisicamente. Para isso, é fundamental que jogadores jovens se integrem ao ambiente da seleção e tenham experiência internacional com a equipe adulta, começando pelo Mundial, em janeiro, na Suécia.
"É uma seleção renovada, que precisa de experiência. Esse vai ser o primeiro Mundial de muitos jogadores e já é uma forma de adquirirem experiência para o Pan", disse o supervisor da seleção, Cássio dos Santos Marques.
Com os novos atletas, a seleção já ganhou dez centímetros em média de altura comparando com a equipe que esteve em Pequim, em 2008. Nesta edição, o menor jogador tinha 1,69 m. Agora, a linha mínima é de 1,82 m. Além disso, se antes não havia nenhum profissional acima de 2 metros, hoje há três.
Marques, no entanto, garante que a renovação não é forçada com o objetivo único de ganhar altura o que facilita contra os grandalhões da Europa. "São jogadores juniores e que estão no primeiro ou segundo ano de adulto, mas que estão muito bem nos clubes. É uma renovação consciente. Estão indo para a Suécia mostrar o valor que têm."
Paraná
Sem apoio, esporte não esmorece
Apesar de todas as dificuldades, o handebol no Paraná conquistou um espaço importante no cenário nacional. Desde 1998, a parceria da prefeitura de Londrina com universidades e patrocinadores locais tem dado resultado, com títulos nacionais e internacionais, além de jogadores convocados para a seleção. "Foram importantíssimas essas parcerias, pois desenvolveram um trabalho bom em um esporte pouco conhecido. E hoje temos expressão nacional", diz o armador central Léo.
Mesmo com resultados positivos, a equipe de Londrina ainda busca mais recursos para evoluir e jogar competições internacionais. Mas, como sempre, o grande problema é a falta de patrocínio. "Precisamos de um patrocinador grande para realmente consolidar a equipe e ser a melhor das Américas. Não falta muito para chegar nisso, mas precisamos de mais um. Além disso, estamos tentando conseguir algum patrocínio a partir da lei de incentivo", espera o idealizador e técnico do time, Gian Ramirez.
Porém, ao mesmo tempo em que a cidade passa por um momento bom, o restante do estado ainda sofre com o amadorismo e falta de apoio. A diferença é tanta que a equipe de Londrina não deve jogar o Campeonato Estadual com o time principal para não desmotivar os outros participantes. De qualquer forma, surge um incentivo vindo da Confederação Brasileira de Handebol, que é mudar o formato da Liga Nacional, com fases regionalizadas. "Isso vai motivar muito as equipes de pequeno porte para tentar jogar a Liga. Hoje é muito difícil uma equipe nova entrar porque os custos são muito altos", explica Ramirez.
Todas as equipes, independentemente do esporte, buscam mesclar atletas experientes com promessas. Muitos dizem que esse é o segredo para o sucesso. No caso do handebol brasileiro, não é diferente. E um dos responsáveis por passar aos mais jovens o que viveu durante 14 anos na seleção é o paranaense de Campo Mourão, Leonardo Bortolini, o Léo.
O armador central tem um currículo de dar inveja. Atuando em clubes, conquistou tudo o que pode ser alcançado, como títulos da Liga Nacional, Copa do Brasil, Pan-Americano de Clubes, além de diversos estaduais. Com a camisa amarela, soma participações em mundiais e medalhas em Pan-Americanos além de ter feito parte da equipe que esteve na Olimpíada de Pequim, em 2008.
Aos 33 anos, ele ainda tem três importantes desafios defendendo a seleção. O primeiro deles é o Mundial no mês que vem, na Suécia. O objetivo é bem claro: "Melhorar a classificação [em 2009 o Brasil ficou em 21.º]", afirma.
Em outubro vem o principal: conquistar o Pan de Guadalajara. Mesmo tendo alcançado o ouro nas duas últimas edições, o paranaense sabe das dificuldades. "Conhecemos a força da Argentina. Apesar de ter uma sequência de vitórias contra eles, sempre são jogos muito disputados. Cuba e Chile também têm equipes boas."
No México, o atleta também vai preparar o adeus que ele espera ocorrer nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. "Tenho o objetivo de terminar o ciclo olímpico e fechar minha participação na seleção. Estou me motivando bastante para jogar o Pan e a Olimpíada", revela. O torneio mexicano seria, em tese, o caminho mais fácil para se garantir em Londres.
Mesmo próximo da aposentadoria da seleção, o atleta acalma a torcida da Unopar Londrina/Sercomtel e garante que continuará defendendo a equipe, na qual alcançou os resultados mais significativos da carreira.
A história de Léo no handebol começou nas aulas de educação física na escola, como qualquer outra criança. Mas, ao contrário dos colegas de turma, seguiu em frente, mesmo ciente das dificuldades. "Acabamos batendo na falta de estrutura. Muitos jogadores são ótimos, mas não têm condições porque não há clubes para jogar e acabam desistindo. Eles podem desistir por escolha própria, mas não por falta de opção."
Superado o primeiro obstáculo, rumou para Maringá, onde iniciou a trajetória profissional. Com apenas 19 anos, deixou o Paraná e seguiu para uma temporada de dois anos no Rio de Janeiro, jogando pelo Vasco. Foi o momento para crescer, tanto pessoal como esportivamente.
"Aprendi a me virar. Tive de mudar a cabeça e começar a entender o que de fato era ter um trabalho", lembra. Mas o grande crescimento como jogador foram os três anos em que jogou pelo Pinheiros, em São Paulo. "Tive uma base muito importante em Maringá, mas foi no Pinheiros onde consegui aprimorar melhor o jogo. Estava em uma forma técnica e física muito boa, aprendi muito e me desenvolvi como jogador."
Três anos depois, voltou ao Paraná, dessa vez para defender a Unifil Londrina [hoje Unopar].
"Era uma estrutura nova e tinha de ajudar a desenvolver o trabalho, mas ainda faltava um estalo para Londrina alcançar o status de vencedor", recorda. Não demorou muito e os resultados apareceram. De 2004 até hoje, a equipe conquistou diversos títulos. E tudo isso foi muito especial para Léo. "É bom porque é no meu estado, onde me sinto em casa."
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