| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

É de uma ampla sala, repleta de adereços com as cores verde e branca, em um prédio anexo ao Couto Pereira, que Vilson Ribeiro de Andrade comanda o Coritiba. Oficialmente vice-presidente do clube, é ele quem de fato toca o mais antigo time do estado. Tem tudo para virar presidente, em substituição a Jair Cirino, mas prefere despistar. A alegação? Não antecipar o processo eleitoral, tão traumático na história recente alviverde. Vilson recebeu parte da equipe de esportes da Gazeta do Povo para 45 minutos de conversa. Falou do processo de reorganização do clube, do novo time, de Copa e, é claro, de títulos.

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O Coritiba obteve êxito dentro de campo em 2010. Mesmo assim, o senhor acredita que algo poderia ter sido diferente? Melhor?

Algumas coisas estão aquém do que imaginamos. O Coritiba tem um potencial muito grande, que precisa se traduzir no número de sócios. Não acredito em um time competitivo com menos de 25 mil sócios. Estamos longe desse objetivo. Outra decepção: a autofagia paranaense. Poucos empresários investem no futebol e também falta união ao nosso povo. Fomos punidos de uma forma dura, injusta, um prejuízo absurdo. E o apoio que tivemos é o mesmo que se dá em um velório. Falaram coisas bonitas, mas ninguém levantou a bandeira do Paraná.

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Qual o papel desempenhado pelo senhor nesse processo?

Eu, de fora, que nunca havia trabalhado no futebol, sempre vi as gestões [anteriores] como amadoras. O futebol tem de mudar, trazer o aspecto empresarial ? frio na gestão, mas diretamente envolvido com a paixão que move o esporte. Fui atrás de modelos que achava interessantes no Brasil, como o São Paulo, que para mim é referência, e no exterior. Se o Coritiba não fizesse esse choque de gestão, seríamos por toda vida um time coadjuvante.

Historicamente os times que sobem para a Série A têm dificuldades no primeiro ano. Como o Coritiba está se armando para fazer um bom Brasileiro?

A imposição de salários e o custo dos jogadores na elite são altos. Quem não estiver estruturado, não tiver um orçamento de R$ 70 milhões a R$ 100 milhões, irá lutar para não cair. Temos consciência. Por isso a estruturação do time já para o Paranaense. Assim, quando che­­­­gar o Nacional, precisaremos agregar poucas peças ? no máximo três.

Qual o orçamento do clube para a próxima temporada?

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Para 2011 o orçamento é de R$ 60 milhões. Cresceu assustadoramente em relação a este ano [R$ 36 milhões].

O que influencia nessa evolução?

Foram os sócios e o uso da marca ? a venda de produtos, de placas no estádio e o própria utilização do Couto Pereira. Hoje o estádio só abre para 46 espetáculos em 365 dias, um absurdo. Temos o projeto de melhorá-lo para poder utilizá-lo em treinamentos de empresa, festas de criança e até casamentos. Houve também ganho com patrocínio. Não posso anunciar, mas uma grande empresa paranaense nos patrocinará.

O senhor não quer falar, mas a empresa é a J. Malucelli. O próprio Joel Malucelli, presidente do grupo, já anunciou o acerto. Nos bastidores, porém, comenta-se que a parceria não envolverá dinheiro, mas sim o abatimento da dívida que o clube tem com o Joel. É isso?

Vai entrar recursos.

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Até que ponto a proibição da entrada no estádio de adereços das organizadas contribuiu para esse aumento de receita?

A organizada é uma concorrente desleal. Vende produtos sem o clube lucrar com isso. Produtos mais baratos e de péssima qualidade. Eles também usavam faixas encobrindo as placas dos patrocinadores, obrigando os proprietários [das empresas] a cancelar os investimentos.

Em relação à Copa, como o clube pretende se inserir ao torneio?

Em primeiro lugar, é preciso saber se vai existir a Copa em Curitiba. Para mim, isso é uma incógnita. Um estado que projeta um prejuízo, um furo de caixa de R$ 1,5 bilhão ? de acordo com a equipe de transição ?, não sei de onde vai tirar dinheiro para investir em um estádio privado. Tirando isso, temos um estádio com toda a capacidade para oferecer para treinamentos e amistosos. Há ainda o projeto do CT, que pode servir de base para hospedar seleções.

Caso a Arena não se viabilize...

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O Coritiba não tem nenhum plano B. Tem o seu estádio e a sua estrutura para disponibilizar.

Mas o clube pensa em construir um novo estádio mesmo que não seja para o Mundial?

Um novo estádio custa R$ 250 milhões, com toda a estrutura você não gasta menos de R$ 400 milhões. Não temos condições. É utopia.

Até quando o Couto Pereira tem condição de ser a casa do Coritiba visto que é um estádio antigo?

Por muitos e muitos anos. O que o Couto Pereira precisa é manutenção, o que estamos fazendo. Neste ano, investimos R$ 5 milhões.

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Que melhorias o clube planeja para o estádio em 2011?

Queremos encadeirá-lo inteiramente, construir cabines de rádio e camarotes na [setor rua] Mauá. Com isso a gente fecha aquela curva e podemos fazer novos camarotes neste lado de cá [sociais].

Em relação ao time, o que a torcida pode esperar?

As dificuldades financeiras serão inúmeras, mas o Coritiba pensa grande. Queremos montar uma equipe extremamente forte já, para quando chegar a Copa do Brasil e o Brasileiro o time seja altamente competitivo. Renovamos com 90% do plantel e até o dia 3 devemos apresentar cinco reforços de qualidade.

O técnico Marcelo Oliveira está participando deste processo?

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De tudo.

Há quem diga que a relação do Coritiba com o BMG não se resume ao patrocínio da camisa, que existiria uma espécie de parceria.

É um negócio.

O senhor poderia detalhar?

É só o patrocínio da camisa. Eventualmente, quando o Coritiba tem alguma dificuldade, a instituição disponibiliza uma linha de crédito, como acontece com outros bancos.

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E em relação à L.A. Sports?

O pai do Luiz Alberto [Oliveira, dono da empresa] é meu amigo. A L.A tem alguns atletas aqui, como outras empresas também. Quando precisamos de alguém, ele traz. É uma relação normal, de negócio. O Coritiba não é clube de aluguel. Aqui empresário não manda.

Tentaram mandar?

Nunca. Se tentarem mandar eu jogo aqui de cima [do prédio da presidência].

Pode ser candidato a presidente?

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Quero viver o presente. O futuro? Não sei se estarei vivo. Mas uma coisa eu posso dizer: o Coritiba é a razão da minha vida. Larguei tudo nesses 11 meses para me dedicar ao Coritiba.