Antes das equipes entrarem na pista para a disputa do GP do Brasil de Fórmula 1, os torcedores que marcaram presença no autódromo de Interlagos, em São Paulo, puderam apreciar uma cena histórica neste domingo: Bruno Senna pilotou a McLaren Honda MP4/4, carro que foi do seu tio, Ayrton Senna.
Vinte e cinco anos após a sua morte, Senna ainda é um nome respeitado e lembrado com carinho pelos fãs de automobilismo e pilotos. Nas arquibancadas, o público foi ao delírio ao ver o sobrinho do piloto dar algumas voltas com a McLaren usada na temporada do título de 1988. A torcida aproveitou o momento para exaltar ainda mais o ídolo: "Olê, olê, olá… Senna! Senna!", entoaram.
Essa foi a primeira vez que a lendária McLaren andou em Interlagos. O carro é considerado por muitos especialistas como o melhor de todos os tempos. Com ele, Senna conquistou o seu primeiro título mundial. Naquele ano, a McLaren obteve 15 vitórias nos 16 GPs disputados (oito com Senna e sete com o francês Alain Prost). A escuderia também teve 15 pole positions e ganhou 199 pontos dos 240 em disputa.
Durante todo o final de semana do GP do Brasil, o carro ficou exposto no Setor H do autódromo. O espaço contou com exposição exibindo capacete, macacões, troféus e outros itens do acervo do Instituto Ayrton Senna, além de réplica do kart usado pelo piloto em seu começo de carreira.
Verstappen brilha e vence GP do Brasil
Um ano depois, Max Verstappen enfim subiu no lugar mais alto do pódio em
São Paulo. Se no ano passado o holandês perdeu a vitória após sofrer um
toque de Esteban Ocon, neste domingo o piloto da Red Bull brilhou no
autódromo de Interlagos e venceu o GP do Brasil de Fórmula 1. O também
jovem Pierre Gasly, da Toro Rosso, e o inglês Lewis Hamilton,
hexacampeão antecipado, completaram o pódio após disputa eletrizante até
os metros finais do traçado.
Para faturar a sua oitava vitória na F-1 e a primeira no Brasil,
Verstappen fez grande exibição do início ao fim, após largar na pole
position. E contou com seguidos erros de estratégia da Mercedes, que
estava sem seu chefe, Toto Wolff, em Interlagos.
Como de costume, o GP do Brasil foi uma "corrida maluca", com duas
entradas de safety car e batidas inesperadas. A maior delas foi entre os
carros da Ferrari nas voltas finais. O alemão Sebastian Vettel e o
monegasco Charles Leclerc se chocaram e saíram da prova juntos, quando
brigaram pela última posição do pódio.
Na volta final, Hamilton se envolveu em batida com o tailandês Alexander
Albon, o que abriu espaço para Gasly faturar o seu primeiro pódio na
Fórmula 1, após ser rebaixado neste ano, saindo da Red Bull para
defender a Toro Rosso. Em quarto lugar, chegou o espanhol Carlos Sainz
Jr., da McLaren, que havia largado da última posição.
A CORRIDA - Com uma largada tranquila e sem imprevistos, o GP do Brasil
começou com o brilho de Hamilton. O inglês fez grande ultrapassagem
sobre Vettel ao passar por fora na entrada do "S do Senna". O pole
position Verstappen sustentou ponta sem sustos
No pelotão intermediário, Leclerc passou a ganhar posições rapidamente.
Depois de largar em 14.º, o monegasco já ocupava o nono posto na quarta
volta. No 10.º giro era o sexto, acumulando oito ultrapassagens
seguidas. Ele tinha estratégia diferente da de Vettel por apostar em uma
primeira perna mais longa, antes da primeira parada nos boxes.
No mesmo grupo, Daniel Ricciardo acertou Kevin Magnussen ao fazer
ultrapassagem na oitava volta. O dinamarquês perdeu diversas posições,
enquanto que o australiano precisou trocar o bico do carro, caindo para o
último lugar. Para piorar, Ricciardo foi punido com cinco segundos de
parada em seu pit stop.
A primeira rodada de paradas nos boxes teve início na 21.ª volta
Hamilton foi o primeiro e manteve os pneus macios, com a mesma
estratégia de duas paradas de Verstappen, que fez o mesmo. O holandês,
contudo, sofreu mais em seu pit stop. Quando saía dos boxes, quase foi
atingido por Robert Kubica, da Williams - o polonês acabou sendo punido
com cinco segundos nos boxes.
Entre estas paradas, Verstappen passou Hamilton, que o havia superado
nas trocas de pneus. Em seguida, Vettel, Bottas e Leclerc também foram
para os boxes. O monegasco colocou pneus duros no 30.º giro, com tática
de fazer apenas uma parada em toda a corrida.
Ao fim desta série de pit stops, o holandês seguia na ponta, à frente de
Hamilton, Vettel, Bottas, Albon e Leclerc. Os dois primeiros planejavam
mais uma parada, enquanto que os demais tinham estratégia de continuar
na pista até a bandeirada final. Verstappen, portanto, tentava abrir boa
vantagem sobre os rivais para conseguir se manter na liderança mesmo
após a segunda parada.
Porém, não teve sucesso. Ele e Hamilton foram para os boxes novamente na
45.ª e na 44.ª, respectivamente. Ambos retornaram com pneus médios para
a pista. Verstappen voltou logo à frente do rival inglês. Mas os dois
ficaram atrás de Vettel, também com médios, compostos de maior
durabilidade que os macios.
Quase ao mesmo tempo, Bottas precisou fazer seu segundo pit stop,
mudando de estratégia, após erro da Mercedes. Voltou somente em sexto e
iniciou boa disputa com Leclerc. Assim como Bottas, Vettel também
precisou mudar sua tática, para duas paradas. Isso aconteceu no 50.º
giro. O alemão voltou em quarto lugar. Mas logo assumiu o terceiro
posto, em razão de parada de Albon.
Se a corrida parecia com resultado encaminhado, tudo ficou indefinido
quando Bottas teve problemas em seu motor e abandonou na 52.ª volta.
Acabou causando a entrada do safey car na pista, o que beneficiou
diretamente Vettel, com pneus mais novos e agora sem a desvantagem de 20
segundos para os líderes.
Verstappen, por sua vez, entrou rapidamente nos boxes para poder contar
também com pneus menos desgastados. Hamilton recebeu quase ao mesmo
tempo a orientação por rádio para fazer o mesmo. Porém, não entrou. O
inglês liderava, com pneus médios, seguido de Verstappen e Vettel, ambos
com macios (mais velozes). Leclerc, também com compostos novos, estava
em quinto.
A relargada, em razão da saída do safety car, aconteceu na 59.ª volta.
Sem perder tempo, Verstappen tratou de passar Hamilton logo na primeira
curva, no "S do Senna". Já Vettel foi superado por Albon.
Mas uma nova reviravolta bagunçou novamente as primeiras posições. Na
66.ª volta, Leclerc passou Vettel, que tentou dar o troco. As duas
Ferraris se tocaram, tiveram pneus estourados e ambos acabaram
abandonando a prova. Em fúria, os dois pilotos trocaram xingamentos via
rádio.
O choque forçou a entrada novamente no safety car. Hamilton correu para
os boxes para nova troca de pneus e retornou em quarto. Na relargada,
Verstappen manteve a ponta e Hamilton tocou em Albon, que acabou
cruzando a linha de chegada em penúltimo. O inglês perdeu o segundo
lugar para Pierre Gasly e fez disputa apertada com o francês até os
metros finais do traçado, terminando em terceiro.
A temporada de 2019 da Fórmula 1 será encerrada na próxima etapa, em Abu
Dabi, no dia 1.º de dezembro, nos Emirados Árabes Unidos.
Confira a classificação do GP do Brasil de Fórmula 1:
1.º - Max Verstappen (HOL/Red Bull) - 1h33min014s678, após 71 voltas
2.º - Pierre Gasly (FRA/Toro Rosso) - a 6s077
3.º - Lewis Hamilton (ING/Mercedes) - a 6s139
4.º - Carlos Sainz Jr. (ESP/McLaren) - a 8s896
5.º - Kimi Raikkonen (FIN/Alfa Romeo) - a 9s452
6.º - Antonio Giovinazzi (ITA/Alfa Romeo) - a 10s201
7.º - Daniel Ricciardo (AUS/Renault) - a 10s541
8.º - Lando Norris (ING/McLaren) - a 11s204
9.º - Sergio Perez (MEX/Racing Point) - a 11s529
10.º - Daniil Kvyat (RUS/Toro Rosso) - a 11s931
11.º - Kevin Magnussen (DIN/Haas) - a 12s732
12.º - George Russell (GBR/Williams) - a 13s059
13.º - Romain Grosjean (FRA/Haas) - a 13s599
14.º - Alexander Albon (TAI/Red Bull) - a 14s247
15.º - Nico Hulkenberg (ALE/Renault) - a 14s927
16.º - Robert Kubica (POL/Williams) - a 1 volta
Não completaram a prova:
Sebastian Vettel (ALE/Ferrari)
Charles Leclerc (MON/Ferrari)
Lance Stroll (CAN/Racing Point)
Valtteri Bottas (FIN/Mercedes)