A situação complicada do Coritiba obrigou seus torcedores a um verdadeiro exercício de fé, agarrados na crença em Deus como uma das saídas para a equipe livrar-se da Segunda Divisão. Sendo assim, acreditam os coxas-brancas que o mando de campo decidirá a partida contra o Internacional. Obviamente, não apenas pelo apoio do torcedor que comparecerá em peso. Mas, principalmente, na esperança de que no domingo à tarde, mais do que nunca, o Couto Pereira seja o Alto da Glória.

CARREGANDO :)

A manutenção do Coxa na Primeira Divisão passa pela luta contra o desejo colorado da conquista do título, combinada a uma derrota de São Caetano ou Ponte Preta. E para a realização de tarefa tão inglória, uma ajudinha "lá de cima" seria providencial. Dessa forma, alguns coritibanos foram solicitar uma mãozinha aos céus ontem, comparecendo ao último dia de novena na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em frente ao estádio do Coritiba, antes da rodada do fim de semana.

A novena ocorre toda quarta-feira, das 7 às 21 horas, celebrada de hora em hora. Dentre os padres que conduziram as orações nesta semana, um já abraçou a causa alviverde. Dirson Gonçalves foi convidado pela diretoria do Coritiba e aceitou a tarefa de benzer o vestiário e os uniformes do time antes do jogo contra o Figueirense, válido pela 36.ª rodada. O resultado final: vitória tranqüila por 4 a 1.

Publicidade

Teria sido obra divina? "Eu acho que tem relação. A fé ajuda, motiva o profissional e pode ter sido determinante". E como ficam os torcedores adversários? Afinal, entre eles também estão os que trilham o caminho da fé para alcançar seus objetivos. "Deus está em todas as pessoas, mas como é um jogo, apenas um tem de ganhar. Que vença o melhor", sentenciou o padre. Para o momento atual, ainda mais decisivo, Padre Dirson não foi chamado. No entanto, torce pela redenção.

Se a fé move montanhas, que ela carregue a Segunda Divisão léguas distante do Coxa. É assim que pensa o torcedor José Elias, construtor, que desde os anos 60 é freqüentador da novena. Para ele, a decisão fica mesmo dentro das quatro linhas, mas não custa nada evocar as forças sobrenaturais. "Acho fundamental acreditar e fiz o meu pedido. Espero que dê resultado, mas o principal é o empenho do time", declarou.

E ninguém melhor para guardar o espírito coritibano do que aquele que defendeu a área alviverde durante 14 anos (metade dos anos 40 até o final dos 50). Aroldo Fedato, considerado o maior zagueiro da história do clube, incluiu seu ex-time nas orações. O Estampilla Rubia, como ficou conhecido, participa há cerca de um ano da novena na Pérpetuo Socorro. E ontem rezou especialmente pela permanência na elite do futebol brasileiro. "Estou confiante. Pois não estamos nos agarrando a uma vitória impossível. Mas em algo que temos condições de alcançar", revelou. Mas o ex-ídolo alerta. O confronto do próximo domingo não será simplesmente uma disputa de fé. "A dedicação é muito importante. Mais do que tudo, até mesmo que a técnica".