Somente um jogador como Ronaldo iria imaginar que Oliver Kahn, chamado de "muralha" durante a Copa, poderia falhar após um chute fraco, de fora da área. O camisa 9 da seleção apostou nesse improvável erro do alemão. Foi recompensado por isso.
O cronometro do estádio de Yokohama já marcava 22 minutos do 2.º tempo. Truncada, a decisão da Copa-2002 parecia se encaminhar para um desfecho dramático. Mas a estrela do Fenômeno brilhou quando ninguém esperava. E detalhe: o centroavante tinha ainda um bom motivo para não arriscar a sorte no lance.
Ele era o único envolvido na jogada ciente que a finalização de Rivaldo seria despretensiosa algo ignorado pelos zagueiros, assim como o carrancudo camisa 1 germânico. No vestiário, antes de entrar em campo, o meia teve que colocar uma bota de esparadrapo no pé esquerdo. Tinha fortes dores no tornozelo.
Ronaldo se valeu da máxima que "não tem jogada perdida". Kahn bateu roupa e viu o artilheiro crescer à sua frente. Caído no chão, durante alguns segundos, o alemão tentou buscar impulso no chão vendo o brasileiro se aproximar com o gol vazio. Estava aberto o caminho do penta. Aos 33, o goleador marcou o segundo e fechou o placar.
Essa história (um misto de improvável, desafio e confiança) resume o que foi Ronaldo em 2002. O jogador que venceu todos os prognósticos não poderia deixar de acreditar no equívoco de um adversário por menor possibilidade que fosse. Até chegar na Ásia, esse carioca à época com 25 anos, era a melhor prova que tudo é possível.
Quase dois anos sem jogar devido à contusões no joelho direito, ele terminou o evento como grande herói. Ganhou a Chuteira de Ouro, dedicada ao artilheiro máximo, feito que o país não alcançava há 52 anos. E mais: nenhum goleador havia marcado oito gols desde 1970.
Em novembro de 1999, Ronaldo sofreu uma ruptura parcial dos ligamentos. Cinco meses depois, dentro do prazo previsto pelos médicos, retornou a jogar pela Inter de Milão. Mas suporta apenas cinco minutos. Aí veio o grande drama: a ruptura do tendão patelar.
No ano do Mundial, ele retorna aos gramados e sofre com frequentes problemas musculares. O técnico Luiz Felipe Scolari, com o apoio do doutor José Luiz Runco, banca a convocação da estrela. Acreditava na volta por cima. Ela veio. Azar de Oliver Kahn.
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