Aos 25 anos, o meia Caio vive pela primeira vez na carreira um momento de desespero. O iminente risco de rebaixamento do Coritiba está mexendo com o jogador, que tem sido o único perdoado pela torcida na péssima fase. Destaque individual do time e responsável pela criação de jogadas, ele garante que ainda acredita na fuga da degola.
Calmo, de poucas palavras e pacato inclusive dentro de campo, Caio saiu do sério na partida contra a Ponte Preta, há seis dias discutiu rispidamente com Alcimar pela cobrança de uma falta , muito provavelmente pela situação do Coxa na tabela. "Não existe nada pessoal com ele (Alcimar). Foi somente uma discussão normal de um jogo que precisávamos nos cobrar para ganhar", disse, fora de seu tom de voz habitual.
Para o solitário talento alviverde, só existe uma receita para reverter a situação nos duelos contra o São Caetano e o Internacional: fé. "Vamos lutar com muita garra e determinação. Temos o senhor Jesus Cristo para acreditar e ele nos ajudará a sair desse momento ruim", apostou o camisa 10.
Caseiro e avesso a eventos como festas e baladas, Caio está ainda mais recolhido nos últimos dias. A tristeza pelo perigo de queda à Segunda Divisão está estampada nos seus olhos, que já se acostumaram a ver as cobranças da torcida pelas ruas.
"Já não gosto de sair, e agora é que não vou a lugar nenhum mesmo. Esses dias um cara no supermercado me disse: Você vem para o meu time e deixa ele cair. Minha resposta foi ouvir e ficar quieto", contou.
O silêncio de Caio no episódio é exatamente o que o técnico Márcio Araújo não pretende ver no Anacleto Campanella, casa do Azulão. O comandante diz acreditar na iniciativa do seu armador, que tem sido a única fonte de inspiração coxa-branca.
"O Caio está sendo muito corajoso, não está se intimidando com o nosso momento", afirmou o treinador. Araújo promete criar possibilidades para que o meia não seja tão sacrificado na criação. "No 352 desse último jogo ele acabou ficando sozinho. Mas vamos trabalhar para que o Jackson e o Capixaba o ajudem", revelou.
Na luta direta contra o Azulão para fugir da queda, Caio vai encontrar Cuca. O ex-técnico do Coritiba já havia trabalhado com Caio no Paraná (assim como Renaldo e Marquinhos) antes de utilizá-lo no Alto da Glória e agora comanda o São Caetano. Porém o jogador não vê nenhum tipo de disputa pessoal.
"Não foi o Cuca que me indicou ao Coritiba e não jogo contra ele, sim contra o São Caetano."