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No dia 21 de abril deste ano, chegou ao fim a agonia de Telê Santana, iniciada há dez anos, com o acidente vascular cerebral (AVC) que o afastou definitivamente dos gramados e fragilizou sua saúde. Mineiro de Itabirito, Telê era incansável como jogador. Corria por todo o campo, do primeiro ao último minuto, o que lhe rendeu o apelido de Fio de Esperança, referência ao seu corpo pequeno e magro, mas também a sempre manter viva nos torcedores a crença de que qualquer resultado adverso poderia ser revertido pelo ponta-direita.

Mas foi como técnico que Telê Santana se transformou em mestre. Em 1971, conduziu o Atlético-MG à conquista do primeiro Campeonato Brasileiro. Nos anos 80, teve sua carreira marcada pela seleção brasileira. Em 82, encantou o mundo com o time de Zico, Sócrates e Falcão vencido pela pragmática Itália. Repetiu a dose – sem tanto brilho – quatro anos depois, no México. Ganhou a fama de pé frio.

Injustiça desfeita nos anos 90, quando o São Paulo de Telê encantou o Brasil, desbravou a América e conquistou o mundo. O futebol-arte, sem a preocupação excessiva com a defesa ou o uso da violência, pregado pelo mestre se contrapôs ao jogo de resultados que levou o time de Parreira ao tetracampeonato mundial, em 1994.

Mesmo depois de sua morte, o legado de Telê segue vivo nos gramados brasileiros. E, coincidência ou não, guiou os maiores campeões e surpresas do país nessa temporada. Como o São Paulo de Muricy, que por ser discípulo do mestre recebeu até a alcunha de Telezinho; ou o Inter de Abel, que não deu um pontapé sequer para deter o temido Barcelona; e, até mesmo, o "surpreendente" Paraná, que deixou gigantes do futebol brasileiro pelo caminho na briga por uma vaga na Libertadores com a pouco usual estratégia de vetar carrinhos nos treinamentos.

Façanhas guiadas inconscientemente pelo grito de "Olê, olê, olê, olê, Telê, Telê!". (LMJ)

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