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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Leonardo Mendes Júnior – A sua chapa tem criticado a mercantilização do futebol do Atlético, algo que se tem indícios de que acontece pelo menos desde 2005. Por que estes três anos de silêncio, sem uma manifestação pública contra algo que tem fortíssimos indícios que acontece há anos?

José Henrique de Faria - Em primeiro lugar, eu me desliguei do conselho do Atlético desde 1997. A partir daí não tenho, nenhuma relação e não tive nenhuma relação com o conselho e com a diretoria. E tenho criticado sistematicamente a diretoria desde então. Não sei exatamente o que acontece nos bastidores do Atlético. O que sabemos do que acontece é genericamente, que dizem que o Atlético tem uma estrutura para categorias de base, que na verdade tem, mas que não forma jogadores. Nós entendemos que isso não é verdade: o Atlético forma muitos jogadores, mas no Atlético os jogadores não vêm para o time principal. Há uma venda de jogadores antes que eles cheguem ao time principal. Os jogadores são colocados em outros clubes e saem para a Europa, para a China, para a Coréia, principalmente. Isso nós sabemos, mas que interesses se movem por trás dessa maneira como as coisas são feitas? Nós não sabemos, mas acho que é passível de investigação. E a investigação ultrapassa a função da diretoria. Achamos que a investigação tem que ir mais longe que isso.

AC – Não acha que o Conselho Deliberativo se omitiu nesse período e a própria diretoria foi conivente com os desatinos do Petraglia?

Não sei se é assim, mas quando nós começamos, ali por 1995/1996, tínhamos um projeto coletivo. Logo depois que eu terminei o meu mandato, em 1997, o conselho já foi remontado de maneira que não tivesse oposição. Começou que cada conselheiro teria que contribuir com mil reais por mês. Por ser um professor universitário, já estava afastado do conselho, não teria como pagar mil reais por mês para ser conselheiro. Isso elitizou o conselho. Não houve eleição, foi uma remontagem do conselho. O conselho foi sendo montado praticamente para ser o conselho da situação. Qualquer tentativa de questionar a diretoria sempre foi tratado com agressividade, com arrogância, com prepotência, com autoritarismo. Há um processo de atemorização dos conselheiros. E ninguém na situação tem coragem de fazer este enfrentamento. Então, as pessoas ficam quietas com medo das conseqüências que virão de qualquer tipo de enfrentamento ou questionamento com relação ao que a diretoria faz ou deixa de fazer. A direção administrativa é o mesmo grupo. Muitas das pessoas deste mesmo grupo saíram e voltaram. Tiveram rompimento definitivo e houve pronunciamento a respeito dessas saídas, e agora estão juntos. Não sei que interesses eles têm de ficar juntos agora, e nós optamos pela oposição a partir disso.

Linhares Júnior - Que tipo de medo é esse?

Cada pessoa deve saber o medo que tem e a partir das relações que tem. Eu, por exemplo, não tenho medo nenhum. Pelo contrário. Estou desafiando a diretoria e quem quer seja para um debate aberto, público, inclusive o presidente do Conselho Deliberativo atual. Eles não vão para o debate comigo. Eu não tenho receio nenhum. Não sei se existem relações antigas, favores ou alguma coisa que atemorizam as pessoas. Cada um responde por si. O que eu posso dizer por mim é que eu topo a parada.

LMJ - Se sua chapa ganhar, o Petraglia fica totalmente fora do Atlético?

Absolutamente fora. Isso eu posso garantir, não queremos mais o Petraglia dentro do Atlético.

Carneiro Neto – Os candidatos da situação se referiram ao Petraglia como fundamental nas relações institucionais, contatos com a CBF, Clube dos 13, Copa do Mundo. Vocês já teriam um elemento experiente, capacitado para essa função, se é que dentro da nova diretoria haverá essa assistência para o clube?

Em primeiro lugar, eu entendo que a situação quer valorizar a figura do atual presidente, pois afinal de contas é ele quem indica. Mas na nossa avaliação é o contrário: essa pessoa tem tido a condição de atrapalhar todas as negociações com alto índice de rejeição no Clube dos 13, na imprensa de modo geral, politicamente é um problema. Não vejo que vantagens são essas para o Atlético. Ao contrário, nós temos grande presença no Clube dos 13, a começar pelo Fanaya. Quem colocou o Atlético no Clube dos 13 foi o Nelson Fanaya. Não foi ele que foi assinar lá que na hora de fazer isso. Ele foi retirado da presidência e foi outra pessoa para fazer esse trabalho, que apareceu para a imprensa como quem articular. É preciso revelar essa parte da história, que nem sempre isso é revelado. Então, nós não vemos qual é vantagem do Atlético com essa representação que eles alegam ter. Ao contrário, nós temos sim grandes condições de circular entre os políticos e termos boas relações, a começar pelo Fanaya e pelas pessoas com quem nós estamos contando na chapa. Nós temos apoio de pessoas que estão colocadas em lugares estratégicos e irão nos ajudar nessas situações.

CN - Por que demorou tanto para surgir uma oposição? Não havia condições? Não havia interesse? Ou o próprio sistema exauriu-se e não abriu este espaço?

Um pouco de cada coisa. Primeiro é que não é a primeira vez que a gente tenta fazer uma oposição, nem sempre se consegue o número de pessoas para fazer a oposição. Agora, por uma série de motivos, nós conseguimos formar um grupo. Então, nós estamos tentando conversar isso há algum tempo, mas não conseguimos formar a chapa. Mesmo agora estamos com dificuldade de formar a chapa, por exemplo. Demorei um tempo lá na sede do clube para conseguir a lista de eleitores, porque a diretoria não queria dar. Se não fosse o Rêgo Barros, presidente da comissão, bancar isso, dizendo "Vocês estão usando, por que eles não podem usar?", e eles alegando que só poderia usar depois de registrar a chapa. Nós recebemos uma lista com nome dos eleitores. E nessa lista temos pessoas que estão conosco dois ou três anos de vida associativa do clube e não constam na lista. Nós perguntamos quais os sócios que estão há mais de cinco anos. Eles não sabem. No meu caso. Eu sou sócio desde 1995. Em 2003 não teve plano de sócios. Quando chego lá eu não tenho 5 anos, tenho 4 anos e 11 meses, porque em 2003 não teve esse plano. Quem são os sócios de 2003? Provavelmente os conselheiros, mas eu não era conselheiro. Mas isso foi mudado, na mudança do regimento no dia 3 de novembro. Ou seja, fizemos uma mudança de regimento a um mês das eleições. Isso é questionável

AC - O seu grupo pretende ingressar na Justiça?

Nós já cogitamos isso, não de qualquer maneira, mas serão cogitados neste sentido. Vamos questionar isso, inclusive. Quanto às informações. Estamos enviando pedido de esclarecimento junto à comissão eleitoral. Nós fazemos consultas permanentes e eles nunca nos respondem.

AC - Jamais?

Jamais. Eles nunca nos respondem. Nos mandaram uma lista com nomes. Eles têm o nome, telefone, endereço eletrônico e quantos votos tem cada eleitor. Nós só temos a lista. Para nós, é pegar um por um e perguntar "Você conhece fulano? O telefone é esse". Nós temos que fazer nossa própria. Eles pegam aquela lista do cadastro, está pronta inteirinha. Nós estamos em desvantagem, em completa desvantagem. Há um uso da máquina. Se não diretamente, um tipo de uso que não trabalha isonomicamente com relação à nossa condição. Não está havendo uma disputa isonômica. É uma disputa desigual.

AC – Como o senhor pretende trabalhar a gestão do futebol e a relação com a imprensa?

Vou responder tua pergunta em duas partes. A primeira, aliás, eu vi uma entrevista do candidato da situação e ele disse que a torcida do Atlético exige bons jogadores e jogadores caros, que bom jogador é jogador caro. Por isso que o Atlético tem uma folha de pagamento é de R$ 1,3 milhão, 72 jogadores, dois times e nenhum deles com sucesso. O sub-23 foi eliminado e o principal briga para não cair. A pergunta para eles é: bom jogadores aonde? Jogadores caros. Bons eu não estou vendo. Temos jogadores, hoje, que não estão jogando no Atlético e que ganham cinco vezes mais que o Chico, por exemplo, que joga muito melhor do que eles. Há uma disparidade. Os salários não são os mesmos e isso nos dá diversos problemas, inclusive a folha cara. Precisamos mudar a forma de contratações, que estão equivocadas. Não sei quem são os conselheiros que indicam estes jogadores, de qualquer maneira muito mal indicados. Há muito tempo que não vejo um time tão ruim, mal formado. O que sustenta este time são alguns bons jogadores, como, por exemplo, o goleiro do Atlético, hoje um dos três melhores do Brasil. Para mim, este goleiro é moeda de troca. Está muito valorizado e vai ser vendido para virar dinheiro para pagar a dívida de 15 milhões que o Atlético tem, aproximadamente, segundo o presidente do conselho.

LMJ - O balanço não mostra isso. Ele é maquiado?

Já vou responder isso. Continuando, para nós, a relação com a imprensa será restabelecida. Será uma relação constitucionalmente aceita. Ou seja, é impossível para nós admitirmos qualquer cerceamento à liberdade de imprensa. Seja para falar, seja para entrar lá. Esse tipo de atitude que vemos hoje lembra o tipo de atitude própria de governos autoritários, ditatoriais, que nós conhecemos na história do mundo e o que isso deu. Não somos assim. Temos uma posição democrática. Estamos abertos ao diálogo. A crítica tem que ser feita, porque senão não tem nem como saber o que está acontecendo. Estou me valendo da experiência como reitor da Universidade. Eu nunca fiz campanha para formar conselho ao meu favor, mas mesmo assim nunca deixei de aprovar nenhum processo no conselho ao meu favor. Por quê? Porque você pode conversar com as pessoas, você pode ouvir a críticas, melhorar o seu projeto, porque outra pessoa pode ter outra visão que você não teria. Eu sou uma pessoa, que na minha vida. Eu apresento trabalhos acadêmicos, vou para bancas. Para mim é muito comum que alguém chegue e fale que ali tem um problema ali e você não vê mesmo. Está orientando o seu aluno e você não vê aquele problema e ele vê e isso é muito importante, pois você tem condições de arrumar o trabalho antes de ele chegar lá no fim com algum problema. Então, a crítica que vem da imprensa tem que ser aberta, não pode ser cerceada. Então, eu posso dizer com toda a clareza, com toda a garantia, assino onde vocês quiserem, não haverá nenhum tipo de cerceamento à liberdade de imprensa no Clube Atlético Paranaense no dia em que nós assumirmos. A partir daquele dia não haverá mais. Com relação ao balanço ... O Atlético Paranaense divulgou um balanço do ano 2006 e 2007. Nesse balanço, a única informação que eu tinha, passa uma situação financeira saudável e de fato. Só que temos aqui: o circulante do Atlético em 2006 era de 20 milhões; em 2007, 13 milhões. Tem uma tendência de queda acentuada. Poucos jogadores vendidos, patrocínio da Kyocera deixou de existir, direito de tevê não tem. Então para 2008, talvez uma tendência de queda. Isso é indício, pois não tenho acesso ao desse ano. Oficialmente, no site do Atlético, segundo palavras do presidente do Conselho Deliberativo, nó estamos fechando o ano com um déficit de aproximadamente R$ 15 milhões. Eu sou obrigado a reformular a declaração: o Atlético é um time que tem uma grande dívida. Nesse sentido, o Malucelli disse que estou sendo contraditório. Não estou sendo contraditório, talvez ele que não saiba das informações que ele tem acesso. Ele talvez precisa tomar conhecimento do que disse seu presidente. Porque em cima da palavra de seu presidente, eu estou fazendo a minha análise. O problema é que o que divulgaram é uma coisa, o que é dito pelo presidente do conselho é outra. Estou dizendo que estamos saindo de 20 para 13 e de 13 para -15, por que isso está acontecendo? Nós fomos eliminados da Copa do Brasil, não tivemos nada de Sul-Aamericana praticamente, os jogadores que foram vendidos não foram vendidos por grande dinheiro, os patrocínios que vieram não representaram nada. Há quanto tempo o Atlético não tem nem naming right nem marca nenhuma na camisa? A tal ponto que chegou a fazer mudança de nome. Era Caparanaense, Ca-não-sei-o-quê e agora virou Atlético Paranaense. Nem patrocínio de camisa tem. O dinheiro que tinha em caixa no começo do ano, era R$ 1.478.944. Em fevereiro, provavelmente, este dinheiro sumiu só no pagamento de contas. A partir, daí virou pó. Por quê? Porque os sócios não existiam naquela época e a contribuição dos sócios não cobre a folha do Atlético hoje. O que precisa? Que essa folha seja coberta com patrocínio. Sem patrocínio, você fecha o ano com dívidas, é óbvio.

Márcio Reinecken – Como fazer para recuperar o futebol de um time com R$ 15 milhões de dívida, talvez na Segunda Divisão?

De 72 jogadores, talvez você tire 7 para ficar. Acho que o Atlético faz bem em negociar todos eles e recomeçar tudo. O futebol tem que ser revisto totalmente. Não só na parte orçamentária, na parte técnica. Já vi anunciando "Geninho fica". Isso parece muito mais campanha do que propriamente uma coisa pensada. É óbvio que o Geninho está fazendo um grande trabalho e pode muito bem ficar. Não como elemento de campanha, para motivar a torcida, mas dentro de um projeto. Então, chegar publicamente dizer: O Geninho fica na minha gestão. Isso não me interessa, eu quero saber qual é o projeto de futebol do Atlético. Acho interessante que a situação esteja fazendo suas propostas exatamente em cima do que eu escrevi. Eles falam a mesma coisa. Não têm nem criatividade. Qual é o projeto de futebol? Eles não apresentam. Só dizem que o técnico será o mesmo, que vão atrás de bons jogadores. Atrás de bons jogadores, todos os clubes do Brasil vão, qualquer um. Até o Operário de Ponta Grossa ali vai. Não conseguiu subir, mas vai. Então esta não é a questão, se o Geninho fica, mas qual é o projeto. É isso que nos importa. Eu também quero que o Geninho fique, mas com um projeto.

CN - Nos últimos anos, o clube se fechou, começou um processo de esvaziamento, de afastamento de centena de atleticanos. O time não vence nada há três anos, agora pode ir para a Segunda Divisão dentro da Arena, que seria um desastre psicológico para a torcida. A coisa parece mais profunda, vão ter que mudar novamente o estatuto do Atlético. Não existia a figura do diretor de futebol e mudou-se para a entrada do Marcos Malucelli. E tem a Fundação, que ninguém sabe o que vem a ser. Vocês já pensaram nisso?

Já pensamos. Analisando o estatuto hoje, vemos que ele foi montado para uma determinada finalidade, tem uma certa lógica. Há um dispositivo no estatuto prevendo a tal fundação. A fundação será o fim do Atlético e a perpetuação no poder de quem estiver o comando da fundação. Não tenho dúvida nenhuma de quem terá o controle desta fundação. Não precisa nem dizer.

CN – Uma lambreta para quem acertar.

Acho que vai faltar lambreta no mercado (risos). Se terminada a eleição, se não ganharmos, a fundação será instituída. O que significa a Fundação? Seria a prisão do Atlético. Ele não teria controle sobre ele mesmo. (a fundação) Será quem terá controle do clube. O presidente estaria ali, mas quem manda no clube seria a fundação. Como se constitui a Fundação? A fundação poderia colocar o patrimônio do Atlético dentro dela. Quantos votos terá a Fundação conselho?Quantas cadeiras terá o Atlético na Fundação? Ela pode ter vários componentes. O Atlético pode ficar com a minoria dos votos no próprio conselho. E com isso não interessa quem seja o presidente, a comissão escapará da mão do Atlético, tudo poderá acontecer e pode ser que a pessoa que pensou nela não seja nada disso. Nenhuma garantia. Não sabemos o que se esconde por trás dela.

AC – Se ganhar a situação, o atual presidente do Conselho Deliberativo continua mandando no clube?

Eu não tenho dúvida nenhuma. Mudança com os mesmos não funciona. Os sócios vão ter uma alternativa. Para mudar, só com a oposição. Para ficar como está, pode ficar com a situação. Não vai mudar ninguém. Vai ter um presidente aqui, uma pessoa lá que aparecerão, mas a situação do Atlético continuará como sempre tem sido nesses últimos anos.

AC - Até porque os atuais candidatos são prepostos dos atuais diretores.

E não adiantar vim com essa história de vai para a praia descansar, cuidar dos netos. Para mim é uma conversa. Não é possível que alguém esteja voltando para uma chapa sem interesse, apenas para contribuir. Há uma estrutura de poder ali dentro e essa estrutura nós conhecemos. Há 30 anos, eu estudo estruturas de poder nas organizações. Não é agora que eu vou me enganar com este tipo de assunto.

André Pugliesi - Quem será o nome que fará esta reformulação no futebol?

A princípio, como nós pretendemos avançar depois para um novo tipo de estrutura, a responsabilidade do futebol é do corpo diretor, quando nós estaremos fazendo a transição. Mas a responsabilidade é do presidente. Ele tem que cuidar disso, falar com os jogadores. Não tem que ser uma pessoa que fica fechada na sala e não fala com jogador, ou quando vai no vestiário é para esculhambar jogador. Não é assim que funciona. O presidente tem que ir lá, falar com a torcida, falar com a imprensa. Nós precisamos reorganizar isso. É preciso ter um diretor de futebol remunerado, profissional. E não pode ser ligado a interesses comerciais com jogadores. Se for assim, nós sabemos como funciona: só vai ser contratado aquele que... O primeiro requisito é: tem alguma ligação direta ou oculta com empresário de futebol? Tem? Então não serve. Não tem, ele pode ser um candidato possível a diretor de futebol remunerado. Uma pessoa que conheça futebol, seja dinâmico, tenha experiência, seja atleticano ou tenha uma relação de identidade com o Atlético, que tenha passado pelo clube. A diretoria que vai cuidar do futebol fará a ponte entre a estrutura do futebol e a diretoria. A direção do Atlético tem que dar orientação estratégica, tem que dar a orientação política do clube e ela tem que ser realizada pela equipe que vai tratar do futebol. Portanto, a contratação desta área, de diretor para baixo, como cláusula contratual, terá medida de desempenho. Se eu for te contratar, por exemplo, faremos acerto de desempenho. Não vou contratar e exigir que dê título, mas não vou aceitar que ganhe R$ 80 mil do Atlético e não jogue. Não há nenhum desempenho. Aí você fica com uma coisa sem cabimento. Como vamos medir seu desempenho? É o quanto de esforço que você vai fazer. Se você vai ganhar ou não, todos nós que jogamos futebol um dia sabemos que todos entram para ganhar. Não é questão de você ganhar, mas se vai se esforçar. Então, teremos desde os atletas até o diretor o compromisso com o desempenho do time. Isso é cláusula de contratação.

AC – Recebi um e-mail ontem, você poderia me confirmar que o Marcos Malucelli teria um filho que é agente de jogadores FIFA de nome Eduardo...?

Eu não tenho nenhuma prova, também recebi este e-mail. Nem conheço esta pessoa, mas tenho esta informação do mesmo jeito que você e eu não conheço. Se isso for verdade, sinceramente, fica difícil. Algumas pessoas entraram agora para o conselho... Os espertos não põem a mão na cumbuca.

LMJ - Alguma prova de favorecimento financeiro de dirigentes atuais do Atlético com a negociação de jogador?

Esse tipo de pergunta é difícil para a diretoria. Isso é matéria para o Ministério Público. Pois precisaria abrir conta, ir atrás, rastrear.

AC - Vocês pretendem fazer isso?

Se houver evidências, nós iremos acionar o Ministério Público.

Robson De Lazzari - Em algumas outras entrevistas já citou Ferroviária de Araraquara e o PSTC como espécie de laranjas para vender jogadores da base que nunca jogam no profissional do Atlético. O que mais o senhor sabe disso?

Há um esquema de colocação de jogadores do Atlético nestes clubes e eles são vendidos. O que significa isso? Quem está por trás disso? Quem ganha o quê? não sabemos, pois deve ser segredo de sete chaves. Nós temos que ir atrás e se houver alguma evidência de que há uma coisa que não seja correta, acho que é matéria para levar adiante para o único órgão (Ministério Público) que pode investigar. Nós não podemos investigar.

RL – Da Ferroviária o senhor até já citou indícios, como algum parentesco. Que história é essa?

Isso é a informação que nós temos.

RL – Parentesco de quem?

Se quer que eu diga nome, não vou dizer.

LMJ – Mas sem falar nomes, o que há?

O patrocínio desta equipe e pessoas que são ligadas à direção. Nós não iremos investigar isso, pois pode ser até caso de lavagem de dinheiro. Isso é matéria para a Polícia Federal, não é para nós. Se soubermos disso, seremos irresponsáveis se não denunciarmos, porque isso cairia sobre nós. Acabaríamos respondendo por este processo, criminalmente, civilmente. Eu aprendi lá na Reitoria: se você souber de uma coisa e não faz nada, você é conivente com isso. Portanto, se nós soubermos, vamos mandar para a instância que deve que cuidará do caso. Temos suspeitas, sim, temos denúncias e estou reproduzindo isso. Agora, além disso, extrapola minha posição. Até porque as pessoas que provavelmente estariam envolvidas nisso no Atlético ou em qualquer lugar não colocariam seus nomes.

CN – Você vencendo a eleição é um quadro, um panorama novo. Se vocês perderem, vão sair de cena ou vão, principalmente no caso da fundação, continuar marcando presença como oposição?

Não temos mais como sair de cena, estamos na cena. Não me interessa o resultado. Quem tem que se cuidar, se não ganharmos, serão eles. Nós vamos marcar em cima.

Rodrigo Fernandes - Não tem medo de ficar sozinho?

As pessoas que temos conversado estão muito interessadas...

RF - Mas elas não gostam de se manifestar publicamente...

Eu não tenho medo. A única coisa que pode acontecer, quem sabe... (risos na sala)

Tiago Recchia - Ouvi um comentário maledicente que esta oposição seria uma chapa laranja montada pelo próprio Petraglia para parecer uma eleição democrática para eles ganharem de goleada. Fiquei surpreso com a chapa. A oposição tem chance real de ganhar a eleição?

Saímos com uma grande desvantagem. Eles têm informações privilegiadas e nós temos evidências que muita coisa da situação está sendo feita pela própria direção do clube. Funcionários ligando para pessoas que conhecemos, não sei se são mandados. Trabalhamos com vontade. Temos uma sala aqui no Hotel Rockefeller, que estamos pagando. Estamos pagando motoboy para pegar assinaturas de quem não pode ir até lá assinar. Pegamos gente para fazer lista de assinaturas. Nós estamos sendo procurados por muita gente. E não são as pessoas que estão no conselho que simplesmente foram lá e assinaram. Estamos indo atrás. Estamos indo atrás porque as pessoas nos dizem, mandam e-mails, querem colaborar. Existe uma oposição de verdade e as pessoas estão realmente interessadas em acabar come esta fase, o que é uma grande contribuição para o Atlético. É hora de começar uma nova fase. Há um passado, não vamos negar. Mas não vamos fazer que antes da atual diretoria o Atlético não tinha história. O Atlético teve história antes, tem hoje e terá amanhã. Vamos respeitar essa história que houve aqui, pois teve coisa boa. Primeiro, a história de que estamos sendo manipulados como uma chapa de falsa oposição é só pode ter saído ou a pessoa que disse isso só pode estar delirando. Ao contrário, ninguém da atual diretoria faz parte da nossa chapa. Então dia 8 termina e dia 9 ninguém está lá. Estou interessado em saber como vai ser essa passagem.

TR - O Petraglia, na verdade foi um revolucionário, mas não conseguiu dar seqüência na questão da evolução, não é um evolucionário. O que o Atlético precisa é de alguém que evolua o que o Atlético tem hoje.

O Petraglia tem virtudes. Ele não é uma pessoa totalmente desprezível, tem suas virtudes. O problema é a dificuldade que percebemos é do diálogo, de trabalhar com diferença de opinião, de construir coletivamente, de saber que não existe pensamento único no mundo, que no mundo existe diferenças e elas precisam ser explicitadas, que a pessoa pode e deve trabalhar com conflitos. A dificuldade de relacionamento que se estabelece na equipe vai afastando as pessoas. Pessoas com vontade de trabalhar, com idéias boas se afastam. Eu sou acusado de não ter colaborado e só criticar, não faço nada. Várias vezes que escrevi no fórum que escrevo, várias sugestões que eu dei foram implantadas pelo Atlético algum tempo depois como se fosse idéia deles. Quando passa a ser deles é uma boa idéia. Quando é dos outros, não é boa idéia. Se houvesse uma condição de relacionamento, uma postura, uma prática, talvez as coisas não tivessem chegado onde chegaram, mas não é o caso.

Ana Luzia Mikos - Quem você pretende resgatar entre os que se afastaram?

Um nome, por exemplo, é o Marcus Coelho e outros nomes que pediram para não serem divulgados por problema de pressão.

ALM – Isso não pode atrapalhar.

Sim, mas nem na chapa a pessoa entrou. Ela não está disposta a trabalhar, mas não quer entrar na chapa.

TR – O senhor recebeu alguma ameaça por fazer oposição?

Eu tenho comigo um advogado chamado Pedro Henrique Xavier. Portanto, ameaça jurídica eu estou bem calçado.

Eduardo Klisiewicz - Vocês se deram conta que na segunda-feira podem estar ganhando uma eleição com o Atlético na Segunda Divisão. Como vocês podem encarar a próxima temporada do Atlético na Segunda Divisão?

Em primeiro lugar, vamos domingo para o estádio torcer para o Atlético ficar na Primeira Divisão. Nenhuma chapa que eu conheço gostaria de começar na Segunda Divisão. Não há eleição que justifique você querer cair para ganhar, isso não existe. Seria uma estupidez de nossa parte esperar que uma desgraça para o time iria nos beneficiar. Contamos que o Atlético permaneça, porque se não permanecer, diminui dinheiro de patrocínio, desvalorização do clube uma série de problemas financeiros se agravariam. A estrutura que tem que se manter, está preparada para a primeira divisão e não faz sentido nenhum estar na Segunda Divisão. O Corinthians não tem a estrutura que nós temos, tem uma grande torcida, uma enorme torcida, e subiu. Nós temos que manter nossa estrutura. Nós temos estádio, CT o Corinthians não tem. Tem muita coisa em jogo. Nós sabemos que qualquer coisa poderia acontecer e nós estamos preparados para qualquer coisa.

EK – Há um plano B se o Atlético cair?

Há um plano para o Atlético. Independentemente de onde esteja, a nossa postura será a mesma: prioridade para o futebol. Claro que se ocorrer a desgraça de a gente não conseguir permanecer na Primeira Divisão, for rebaixado, nós mudaremos algumas estratégias. Por exemplo, toda ênfase ao patrimônio, Arena vai ser diferente. Não faz sentido ter um estádio maravilhoso e um time disputando a segunda divisão. Algumas coisas têm que ser revistas.

LJ - Tem a história da situação de 89, que o Atlético caiu antes da eleição e muita gente que ia assumir, por causa do rebaixamento, caiu fora e o clube foi para a mão do Farinhaque. Pode acontecer isso de muita gente que se propôs a ajudar, com o rebaixamento...

... Todos nós sabemos que corremos o risco, estamos dispostos a isso. Não sei se talvez eles queiram ficar.

LMJ – Como o senhor pretende lidar com a possibilidade de a Copa ser na Arena e qual o plano para conclusão dele: parceria, venda de jogador ou dinheiro do governo federal?

CN - Completando, a Copa do Mundo virou uma fobia dentro do Atlético e tudo mais ficou em segundo plano. O Atlético vai ter que esperar mais seis anos para voltar a ter vida normal?

AC - Quais serão os benefícios para o Atlético?

O que é mais importante para o Clube Atlético Paranaense é o futebol do Clube Atlético Paranaense. Não vamos deixar de lado a possibilidade de trazer a Copa, mas ela não está na nossa lista como a prioridade das prioridades. Se nós ficarmos na Primeira Divisão, será um tipo de tratamento. Se não for bem sucedido, o tratamento será diferenciado. A primeira coisa a fazer é recuperar o time, não ficar preocupado com coisas que podem parecer interessantes. Até uma situação esquisita estar preocupado com algo paralelo. Quais são os retornos possíveis? Primeiro, o financiamento já na nossa gestão não será feito nunca com dinheiro dos jogadores. Não venderemos jogadores para colocar na Arena. Venda de jogador é para ficar no futebol. A Arena tem que ser financiada com patrocínio, com financiamento. Uma vez saindo a aprovação de Curitiba e a indicação da Baixada, é claro que podemos negociar com a agência de fomento, com a Caixa Econômica, o BNDES um empréstimo com juros subsidiados como acontecerá com outros ou outros tipos de facilidades que alguns estádios terão e nós queremos pleitear. Depende de política. Trabalharemos politicamente para costurar isso. Uma parte do recurso terá que ser colocada pelo Atlético. A obra inteira será fechada em R$ 40 milhões. O Atlético não tem R$ 40 milhões. Será financiada em nome do clube dentro dos padrões da Copa. Fora isso, para seguir o padrão, a Areninha que tem que sair lá atrás, tem toda a parte dos imóveis que estão do lado, do quartel, etc. Tem que ser negociado, tem que comprar algumas áreas para cumprir o que está previsto na própria exigência da Fifa. A Buenos Aires tem que ser fechada e isso tem que se tratar com a prefeitura. A praça (Afonso Botelho) será a área de ingresso no estádio, e que os patrocinadores da Copa terão suas barracas e a torcida terá que passar lá para eles venderem seus produtos. O fluxo se dará por ali. Tem o estacionamento que precisa ser resolvido. Exigência do caderno. Se for aprovada tem que ser cumprida. Algumas exigências têm que ser trabalhadas politicamente junto ao órgão público. Uma vez feita, qual seria a vantagem do Atlético com isso? Primeiro, conseguiria com recurso que não teria por outra via – ou seja, se não tivéssemos a Copa, não teríamos recurso barato para construir o estádio. Segundo, teria uma área ali na frente que seria privilegiada. Nenhum estádio de Curitiba teria uma área como aquela. Esses são os benefícios diretos que o Atlético teria ao longo do tempo. E a partir daí o Atlético poderia usar essa construção para outras atividades, alugar o estádio para outras coisas. Fazer como o Ajax faz. Mais que um estádio. Monta uma estrutura que arrecade, que se pague. Tem toda a vantagem.

CN – Pode vender o estádio. Agora com a crise mudou tudo, mas antes se falava em dinheiro da China, da Índia, era um clima de euforia. Agora parece está todo mundo atrás do ministro Orlando Silva.

Com essa crise desde o Estados Unidos e o abalo do mundo inteiro, há certo receio com circulação de capital e isso terá influência no curso do dinheiro. Receio de investimento que não retorne a partir do momento em que desconfia da capacidade de pagamento da dívida que será contraída. Essa desconfiança está instalada no mundo, portanto isso vai demorar, mas a Copa é em 2014, tem muito tempo para reverter a situação. Há no ar uma dificuldade maior. A euforia que existia antes era uma e hoje há recrudescimento desse tipo de apreciação com relação a empréstimo. De qualquer forma, só pensando nisso já seria vantagem. Se você pensar nas vantagens indiretas – institucionais, marketing etc. –, tendo a Copa aqui é claro que você projeta o nome do time. Mas você só projeta se tiver time. Junto com isso tem que investir no futebol. Agora, o discurso que eu tenho ouvido é outro: vamos investir nisso e só depois de 2014 vamos pensar no futebol.

LMJ – Nos últimos anos tentou se vender a idéia de que os rivais do Atlético são o Grêmio, o São Paulo e o Vasco. Que relação o senhor pretende estabelecer com os rivais locais e a Federação?

Em primeiro lugar, muita da dificuldade do Atlético se dá por dificuldades de relacionamento que a diretoria do Atlético tem com outros clubes. Hoje temos uma torcida contra o Atlético não por causa do Atlético. Penso que esse relacionamento está pronto para ser retomado. Penso que é possível ter uma convivência minimamente decente, madura, com os dirigentes de clube. Se os dirigentes não conseguem tem uma convivência, como a torcida vai reagir. Então eu sou muito amigo, quase irmão do Benedito, que é presidente do conselho do Paraná Clube. Vou tratá-lo como? No dia que o Paraná jogar no Atlético, vou lá assistir ao jogo junto com ele. Ele trabalhou comigo, foi meu braço direito. E espero ser bem tratado lá (na Vila). Precisamos quebrar com isso. Adversário é adversário e nós, como dirigentes, temos que dar o exemplo, não dessa animosidade, de tratar mal, sair brigando. Esse tipo de atitude é deplorável, eu tenho vergonha disso. Quando ouço que está acontecendo, fico envergonhado, como cidadão, como atleticano. Pode ser que algumas pessoas achem maravilhoso presidente dando soco nos outros. Eu acho deplorável, irracional. Se tivéssemos diálogo, não teríamos sofremos o que sofremos com alguns jogadores indo embora. Não haveria clima para esse tipo de tramóia. Nós jamais roubaríamos jogador do Paraná sabendo que ali tem meu amigo. Agora se o clima esquenta... Sabemos como funciona isso. Tenho trabalhado com psicanálise das organizações desde o ano 2000, então a gente entende um pouquinho.

LJ – O Atlético cederia a Arena para o Coritiba jogar enquanto o Couto Pereira estiver em obras? Nos últimos anos os torcedores do Atlético sofrem no Couto, os do Coritiba na Baixada. Como o senhor vê essa relação com o Coritiba?

Faria – Carneiro ali era do tempo em que gente ia na Couto Pereira e sentava com a torcida do Coritiba do lado. Naquele tempo era muito diferente. Li uma declaração do dirigente do Coritiba (Marcos Hauer) dizendo que na Arena nem pensar, não vão nem conversar. Não sei se é uma questão da Arena ou de não querer conversar com algum dirigente do Atlético. Eu não vejo nenhum problema. Jogamos muitas vezes no Couto Pereira. Aliás, o recorde de público continua sendo nosso. Não vejo problema em fazer acordo. Esse ódio impregnado não ajuda. Se não tivéssemos mantido esse tipo de postura, poderíamos ter disputada a Libertadores aqui dentro, não lá em Porto Alegre. Pagamos muito caro por um time de relacionamento mal encaminhado. Não há vantagem nenhuma em ter um relacionamento assim. O Atlético poderia conversar com a diretoria do Coritiba, se ela estiver interessada. A Vila Capanema é mais acanhada que o nosso estádio. Se houver um termo de responsabilidade, claro há uma responsabilidade pela manutenção. Se o Coritiba estiver de fato interessado em fazer um bom estádio, para nós, de fato, será bom ter dois bons estádios em Curitiba. Até porque gostaríamos de ganhar nesse novo estádio.

AC – O Petraglia falou aqui na Gazeta que o Hélio Cury é um idiota. Para você, quem é o Hélio Cury? É um idiota?

Ali na Federação, para ser bem sincero, eu estou com muita dificuldade para saber como é a relação de poder. Eu não conheço o Cury pessoalmente, não posso fazer nenhum juízo. Mas, de qualquer maneira, eu não daria nenhum título desse tipo a ele. Esse tipo de expressão não é adequado. O que eu tenho acompanhado pela imprensa, não consigo identificar o que é aquela estrutura de poder. Uma hora está assim, outra hora está assado. Não sei se a própria FPF precisa ser revista completamente. Nosso campeonato é deficitário, não tem patrocínio que tem que ter. Não podemos ter campeonato como de São Paulo, mas podemos fazer mirando o Paulista como referência, teríamos um melhor campeonato do que fazemos aqui.

AP - O cargo de presidente do clube exige dedicação exclusiva. Como o senhor pretende lidar com o cargo e a sua profissão de professor?

O cargo de presidente do Conselho Administrativo é exigente diariamente. O de presidente do Conselho Deliberativo não é exigente o tempo todo. Então eu posso conciliar o meu tempo, até porque dependo do emprego. Não sou empresário, eu vivo do meu trabalho, não tenho outra fonte. E não pretendo ter o Atlético como outra fonte nem permitir que o clube seja outra fonte de remuneração para ninguém que esteja lá. Então, tem períodos em que eu vou estar lá como presidente do conselho. À noite, períodos em que eu estou sem aula e posso conciliar à noite com de manhã. Enfim, tenho que compor horário. Agora, o do Conselho Administrativo é diário, é responsável pela assinatura, banco, etc. Essa função é mais exigente que o Deliberativo. A rigor, o Conselho Deliberativo se reúne uma vez por ano ordinariamente. Extraordinariamente, vamos supor, uma vez por mês. Mas eu não quero ser presidente que vá lá uma vez por mês. Não estou numa peleja desse tamanho para aparecer lá uma vez por mês, uma vez a cada dois meses. Vou participar da vida do Atlético, mas certamente a exigência da minha presença será muito menor que a da presença do Fanaya. Tive muita dificuldade no início, porque havia a insistência de que eu assumisse o Conselho Administrativo, mas eu não tenho a mínima condição. Não posso abandonar o meu trabalho para ser presidente do Atlético. Aceitei ser presidente do Conselho Deliberativo porque eu consigo conciliar com a minha agenda.

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