Eleição
Miranda desiste e apoia Aramis
Angelo Binder
A chapa Alternativa Tricolor, do ex-presidente do clube José Carlos de Miranda, desistiu ontem de disputar a eleição do Paraná marcada para 11 de novembro. O grupo anunciou o apoio à chapa Revolução Paranista, de Aramis Tissot. "Chegamos a um consenso e abdicamos da candidatura, sem nenhuma troca de favor. Entendemos que esta chapa tem todas as condições de conduzir o clube nos próximos dois anos", disse Miranda, que sugeriu a entrega imediata do departamento de futebol a Aramis e seus seguidores.
"O nosso grupo gostaria de pedir ao grupo do Aurival, que está no poder, que entregue a direção do departamento de futebol do grupo do Aramis agora para que em janeiro, quando assumirem de fato, tenham tudo sobre controle", justificou. Por ora, a única mudança no futebol tricolor é dispensa do zagueiro Freire.
Roberto Cavalo, técnico do Paraná.
Foi em 1983, no Atlético, que Roberto Fernando Scheneiger iniciou sua trajetória no futebol. Volante que aliava vigor físico e técnica, ele conquistou dois títulos estaduais com o Furacão. Mais do que isso, foi em Curitiba que recebeu o apelido que carrega desde então. Por correr muito dentro de campo, foi chamado de "cavalo" pelo auxiliar Nílson Borges. Em 1991, quando foi campeão da Copa do Brasil pelo Criciúma, e dois anos depois, quando chegou ao vice-campeonato nacional pelo Vitória, teve os pontos altos da carreira de atleta.
Em 11 anos como treinador, o gaúcho de Carazinho já comandou 19 clubes. Se destacou quando venceu a Série C pelo Avaí, em 1998, e quatro anos atrás foi campeão paraense pelo Paysandu.
Mas ficou marcado mesmo por protagonizar a "Batalha dos Aflitos", em 2005 (era o comandante do Náutico na derrota épica para o Grêmio). O tropeço memorável, segundo o treinador paranista, atrasou sua carreira. Há dez dias, Roberto Cavalo, de 46 anos, assumiu o comando do Paraná com a missão (improvável pela matemática) de levar a equipe de volta à Primeira Divisão. E esquecer o grande trauma.
Como a sua experiência em Curitiba pode ajudar no seu trabalho à frente do Tricolor?
A oportunidade da minha vida, como jogador, foi em Curitiba, no Atlético. Como treinador, depois de algumas andadas pelo Brasil, esta é minha melhor oportunidade. Era um sonho trabalhar aqui. Estou em um grande clube. É um time de primeira linha. Dá todas as condições de trabalho, melhor que muitos clubes da Série A. Meu momento chegou. Por isso quero fazer um bom trabalho para continuar aqui.
Como foi ser treinado por nomes como Felipão e Nelsinho Batista?
Foi bom demais. Tive uma experiência boa e peguei muito deles. Quando ouvia as palestras, sempre ficava muito atento. Descobri o que é exercer liderança, porque um treinador tem de ser líder, pai, cobrador e exemplo. Então fui observando tudo isso e aprendi muito. O Felipão, por exemplo, mesmo em começo de carreira já era um comandante perfeito. Era amigo, tomava chimarrão junto, batia papo e contava histórias.
O que você aprendeu com a "Batalha dos Aflitos"? Já superou todo o trauma daquele jogo?
Aprendi muita coisa. A ter um pouco mais de calma, de paciência. Que um jogador de confiança pode decidir nossa vida. Se eu não tivesse tirado o David (meia, ex-Atlético), ele teria convertido o segundo pênalti e subiríamos para a Série A. Fiquei pensativo uma semana, mas depois passou. Às vezes, a gente reclama por não ter conseguido um título, mas quantos treinadores e jogadores conseguem chegar a uma final de campeonato? Muitos sempre brigam para não cair. Graças a Deus, nunca fiquei nem perto de um rebaixamento.
Aquela passagem atrasou sua carreira?
O Mano Menezes subiu o Grêmio como campeão e hoje está no Corinthians. E eu fiquei para trás. Se eu tivesse vencido aquela decisão, quem sabe eu teria mais oportunidades em grandes clubes. O que eu e todo treinador precisa são títulos. Não adianta chegar e não beliscar.
Ainda é possível subir à Série A neste ano?
Quando peguei o Joinville na Série B, em 2000, faltavam seis jogos para acabar o campeonato. Tínhamos de ganhar quatro para evitar o rebaixamento. Vencemos os quatro e ainda quase nos classificamos para a segunda fase. Então, eis um exemplo de que é possível. É difícil, mas matematicamente ainda dá.
Quais jogadores do atual elenco você destaca como promessas?
Gostei muito do Murilo, que é diferenciado. E do Rafinha. O Wellington Silva é um centroavante que vai ter de melhorar muito, mas tem futuro. O Zé Carlos é um goleiro muito bom. O Adoniran também é diferenciado. O Luiz Henrique e o João Paulo são volantes parecidos, com quem podemos contar, e o Márcio Goiano é um lateral difícil de encontrar no mercado.
Até que ponto a eleição paranista, em novembro, pode prejudicar seu trabalho?
Em momento algum me envolvi em termos de eleição. Nem estou sabendo como as coisas estão andando. A minha vontade de ficar é grande, independentemente do que acontecer. Quero ficar para fazer um planejamento, um bom trabalho, começar um campeonato. Quando digo planejamento, não é só para ser campeão paranaense, mas para manter uma base e buscar o acesso.
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