Números
20 meses - O tempo total de punição imposta a Onaireves Moura pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Dos três processos em que era réu, o dirigente foi condenado em dois e ganhou mais um prazo de defesa no terceiro.
5 anos - A duração da ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual contra a Federação Paranaense de Futebol e o Paraná. Este processo resultou na interdição temporário do Pinheirão, lacrado ontem.
22 anos - O período que Onaireves Moura está à frente da FPF. O dirigente assumiu a entidade em 1989, com o respaldo de um grupo ligado ao Atlético, clube que presidiu, chamado Retaguarda.
O dia 31 de maio parecia fadado a ser o marco da ressurreição de Onaireves Moura. Data-limite para a entrega à CBF do Caderno de Encargos da candidatura brasileira a sede da Copa do Mundo de 2014, representaria a entrada oficial do Pinheirão xodó do dirigente na corrida para receber partidas do Mundial.
Mas o dia 31 de maio ficará para a história do futebol paranaense como marco simbólico do fim de um reinado de 22 anos, o mais duradouro ainda em vigência entre as federações estaduais. Quando chegar hoje do Rio de Janeiro, onde foi suspenso por três anos e dois meses pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o dirigente encontrará o Pinheirão preterido pelo governo do estado em prol da Arena lacrado.
Solução extrema para uma questão simples, que resume bem a gestão Moura à frente da FPF. O Ministério Público Estadual entrou em 2002 com uma ação civil pública contra a entidade e o Paraná Clube que na época usava o estádio, em parceria nos mesmos moldes que Giovani Gionédis pretende incluir o Coritiba , exigindo a apresentação do laudo e certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros.
A Federação não apresentou a documentação. Não só teve o estádio interditado, como ainda ouviu o promotor João Henrique Vilela da Silveira acusar a entidade de agir com desleixo no caso.
Se no começo da tarde o dirigente perdeu seu "castelo", à noite ficou oficialmente sem mandato. Na condição de presidente licenciado, Moura enfrentou a 3.ª Comissão Disciplinar do STJD como réu em três processos. No primeiro, pegou 60 dias. O grosso da sua punição foi composto pela segunda condenação, por acusação de fraude em borderôs em prejuízo à Associação de Atletas Profissionais. O veredicto: três anos de suspensão.
Moura já avisou que vai recorrer ao pleno do STJD. Muito mais uma tentativa de deixar a Federação com alguma dignidade do que um caminho de volta à presidência, que ele mesmo havia deixado claro que não pretendia reassumir após o vencimento da licença de 90 dias.
Até a eleição, por ora prevista para abril do ano que vem, a FPF será comandada pelo vice-presidente Aluízio José Ferreira, que terá como principal incumbência conduzir a auditoria da entidade, um diagnóstico da herança deixada pelos 22 anos de administração de Moura.
As amostras dos últimos anos não são animadoras. Escândalo de arbitragem, campeonatos mal organizados, suspeitas de desvio de verba e má administração, derrotas de clubes afiliados no tribunal por culpa da Federação, etc. Uma lista que tende a aumentar à medida que as investigações internas se aprofundarem. Uma relação de problemas e um manual de como não gerenciar uma federação ao dirigente que assumir a entidade no ano que vem. O trono está vago.
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