Ricardinho não tem do que reclamar da vida. Nem o inexpressivo futebol do Catar chateia o meia de 33 anos. "Lá eu tenho tudo o que eu quero neste momento", diz o jogador do Al-Rayaan, um dos principais clubes do país. A má fase do Paraná, porém, incomoda. Ricardinho ainda tenta entender os motivos que levaram o Paraná a perder a soberania regional. E o que é pior, a lutar pela permanência na Série B nacional. "O problema é administrativo, falta planejamento", ressaltou ele, em entrevista concedida na noite de sexta-feira, na sede da Ricardinho Sports, complexo esportivo que mantém em Curitiba.
Como paranista, qual análise do atual momento do clube?
O meu gosto, não vou dizer que está acabando, mas não está legal. O Paraná não vive um mau momento agora. Essa má fase já vem de algum tempo, mas a classificação para a Libertadores (de 2007) encobriu. A situação é muito difícil, preocupante e delicada.
Qual caminho o clube deveria seguir para voltar a figurar entre os grandes do país?
Ter planejamento a curto, médio e longo prazo. E uma administração firme, segura. Hoje, infelizmente, a realidade é que o Paraná perdeu credibilidade, o respeito dos adversários. O Ceará vem aqui e empata, o Brasiliense vem aqui e ganha, e parece que está tudo bem. Não está nada bem.
A culpa é da diretoria?
Estou acompanhando de longe, conheço algumas pessoas, mas faz muito tempo que não falo. Uma coisa é certa: não concordo com o tipo de administração do Paraná.
Com o quê?
Tudo. O que é bom para eles, não é para mim. O Paraná sempre foi um clube formador, mas há muito deixou de ser. Vendeu o Éverton, Giuliano, está certo. Mas como vendeu? Antes as negociações eram feitas por valores que conseguiam sustentar o clube, hoje não. Antigamente, se contratava quatro ou cinco jogadores e se agregava com o pessoal da base. Assim nasceu a equipe pentacampeã estadual. Agora, contratam 10, 12, 15 jogadores e nada.
Como analisa o fogo cruzado entre as parcerias do clube?
Para mim não deveria haver parceria. O clube precisa de autonomia para cuidar das categorias de base. O mesmo vale para o profissional.
Você tem como ajudar o Paraná neste momento?
Tentei ajudar duas vezes. Uma vez indicando a Joma (fornecedora de material esportivo), que era minha patrocinadora. O Paraná, porém, interrompeu o contrato de uma certa forma desleal, sem o entendimento da empresa. Mas passou. Não sei se por teimosia ou gosto, no ano passado, mais ou menos nessa época, entrei em contato com o presidente (Aurival Correia). Me coloquei à disposição, dentro das minhas possibilidades. Mas nunca mais conversamos. Acho que nunca precisou.
Comenta-se que você ou seu pai pode montar uma chapa nas eleições do fim do ano.
Não tenho intenção de nada no Paraná. Não quero ser presidente, diretor...
Houve certa surpresa quando anunciou que jogaria no Al-Rayaan, do Catar. Valeu a pena?
A vida está muito boa. Encontrei lá tudo o que buscava. Profissionalismo, qualidade de vida e tempo para curtir a minha família.
Pensa em voltar para o futebol brasileiro?
Meu projeto é anual. No próximo ano vou continuar lá, depois vou tomar alguma decisão.
E ao Paraná?
Pode acontecer, sim. Mas, como disse, depende do planejamento anual.
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