O reinado de Onaireves Nilo Rolim de Moura à frente da Federação Paranaense de Futebol está por um fio. Ontem o dirigente foi suspenso pela 3.ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva por 3 anos e dois meses, condenado por infringir vários artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.
A decisão, no entanto, não é definitiva. O dirigente irá apelar ao Pleno, a última instância do Tribunal. Lá, o que for decidido terá de ser cumprido. Mas Moura já avisou que não deverá voltar mais.
Há 22 anos à frente da FPF, o dirigente lutava contra três representações: por ofender o STJD e prejudicar clubes afiliados; fraudar borderôs; e por não repassar verbas à Associação dos Atletas Profissionais (FAAP). Foi condenado parcialmente no primeiro caso, completamente no segundo e ganhou um prazo para reunir provas no último.
"Estou feliz. O que mais nos preocupava era sermos condenados por prejudicar um afiliado, e isso não ocorreu. O resto tenho certeza de que vamos conseguir reverter. Só que não tivemos tempo para reunir os documentos (de defesa)", afirmou Moura.
O primeiro processo de ontem dizia respeito à eliminação do Rio Branco na Copa do Brasil por utilização de jogadores irregulares e a uma charge sobre o caso veiculada no site da FPFTV, que mostrava um tapete com os dizeres "STJD" caindo na cabeça de um leão. Moura foi suspenso apenas pelo desenho irônico, por 60 dias.
Logo depois o dirigente foi julgado por não ter pago cerca de R$ 1 milhão à FAAP, relativo a 1% de cada borderô desde março de 1998. Foi suspenso por três anos e recebeu uma multa de R$ 1 mil.
Moura ainda teve de explicar o motivo da criação de uma comissão (Comfiar) formada pela maioria dos clubes da Série Ouro para a qual a FPF destinava metade dos 5% que tinha direito nos borderôs. Pela denúncia, a transação teria o objetivo de burlar a penhora do porcentual de renda da entidade. Nesse caso, os auditores deram um prazo para a defesa reunir uma documentação que comprove a legalidade da transação.
"A charge estava no site da FPFTV, que é da Comfiar, cujo presidente é o Cirus (Itiberê), não eu. Pegaram a pessoa errada. Já a FAAP eu tenho todo dinheiro retido, como manda a CBF, mas estou discutindo isso na Justiça", afirmou Moura, rindo, para concluir: "Para quem veio para pegar 11 anos, três anos e dois meses está bom demais!"
As pouco mais de duas décadas de Onaireves Moura à frente da FPF foram sempre marcadas por pôlemicas judiciais. Em duas ocasiões o dirigente foi preso. Antes, quando eleito deputado federal, já havia sido cassado, acusado de comprar votos de outros parlamentares.
Mesmo com tantos problemas, Onaireves Moura admitiu recentemente que a única coisa que lhe dava forças para ficar à frente da FPF era conseguir arranjar uma finalidade ao Pinheirão.
A última tentativa do dirigente foi frustrada há dois dias. Na última hora, o governo do estado trocou o projeto de reformulação total do estádio da Federação para apoiar a candidatura da Arena. Foi quando o discurso de Moura mudou. Mesmo licenciado da FPF por 90 dias, o dirigente passou a afirmar que não retornará mais à entidade.
Mas Moura não quer sair de cena sozinho. E elegeu dois outros protagonistas para o ato final de sua "tragédia grega": o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia, e o procurador Geral do STJD, Paulo Schmitt.
Ontem, antes sentar na cadeira dos réus, o dirigente protocolou três documentos no STJD contendo denúncias sobre os dois. Schmitt é acusado pelo dirigente de ter sido exonerado da Paraná Esportes por corrupção e por ter parentes na procuradoria do STJD. Petraglia, por superfaturamento na compra de cadeiras para a Arena e sonegação ao INSS no borderôs.
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