A uma certa altura da última entrevista coletiva antes do clássico deste sábado, Paulo Baier comparou o ambiente do Atlético atual com o dos times do qual ele fez parte desde a chegada ao clube, em 2009. "O ambiente nunca esteve tão tranquilo", disse o maestro.
Em três anos e meio, Paulo Baier se tornou um especialista em Atlético. Ninguém viveu tão intensamente o clube neste período quanto ele. E nenhum outro suportaria tantas crises e momentos delicados sem ter a sua idolatria verdadeiramente arranhada.
Houve momentos de questionamentos, houve quem insistisse em diminuir sua importância, houve até quem rotulasse sua presença como maldita. A cada jogo, Baier respondia as críticas com uma cobrança perfeita de falta, um passe preciso, um gol salvador.
O Atlético passou apuros nestes três anos e meio quando dependeu apenas de Baier. Carregar um time desse tamanho nas costas é peso demais para qualquer um. Mas não existiu bom momento na Baixada de 2009 para cá sem a colaboração decisiva de Paulo Baier. Foi assim na campanha até a porta da Libertadores em 2010. E é assim na caminhada (quase concluída) de retorno à Primeira Divisão.
Paulo Baier desenvolveu a admirável capacidade de ser fundamental mesmo não estando em campo o tempo todo. Assumiu a função de tutor de um elenco que foi se formando dentro da competição. E transformou seus poucos minutos jogando em ouro puro.
Amanhã, como tem sido corriqueiro, Baier começa no banco. É certo que entrará no segundo tempo. E provável que, se o Atlético decidir a partida na etapa final, será com o dedo do maestro. Uma despedida merecida para um jogador acima da média.
Despedida? Exato. Seja na Primeira ou na Segunda Divisão, não consigo ver o Atlético do ano que vem com Paulo Baier, mesmo com o desejo declarado dele de jogar mais uma temporada. A exigência do novo ano, seja para se firmar na elite ou para subir sem o direito de errar, se desenha pesada demais para ele. Aí, sim, um risco à sua história no clube.
Não seria, mesmo assim, um fim triste. Baier não tem título pelo Atlético. Mas deixar o Furacão como e onde ele o encontrou, em grande parte graças ao seu trabalho, será mais valioso que muito troféu que ele possa ter conquistado.
História
Mesmo com mais uma semana turbulenta, não há dúvida de que o Paraná entrará a mil por hora no clássico. Simplesmente porque foi assim que esse time respondeu a todos os momentos de crise. É bonito ver essa dedicação dos jogadores e sua disposição de se sacrificar pelos funcionários do clube. Mas seria muito melhor o Paraná adquirir uma organização mínima que não permita que se escrevam mais dessas belas páginas feias da sua história.
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