Soa incoerente, mas o Paraná deve em parte o status de melhor defesa do Brasil a Paulo Campos. Mas o que o atual auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid, demitido pelo Tricolor no começo de fevereiro após uma fraca campanha no Paranaense, tem em comum com o fato de os paranistas possuírem, ao lado do Goiás, a equipe que menos foi vazada no Nacional?
Voltemos no tempo. Corria o mês de janeiro e o Estadual deste ano ainda não havia começado. Depois de algumas negociações frustradas para a renovação de contrato, o goleiro Flávio se cansa e resolve deixar o Paraná. Inconformado com a saída do principal responsável pela manutenção do time na Série A do Brasileiro em 2004, Paulo Campos obtém a permissão dos dirigentes para tentar, pela última vez, convencer o Pantera a aceitar os valores oferecidos pelo clube. Bastou uma longa conversa telefônica e Flávio não resistiu ao poder de persuasão do treinador. No dia seguinte, após recusar um convite do Paysandu, lá estava ele na Vila Capanema, saltando de um lado para o outro nos intermináveis exercícios de aquecimento comandados pelo preparador de goleiros Jair Leite.
Um fator em especial fez com que o goleiro continuasse na meta que defende desde abril de 2003: a confiança que a torcida deposita nele. Alguns milagres foram suficientes para os tricolores esquecerem o passado atleticano do camisa 1. Hoje nem mesmo os gols de Borges fazem a torcida reverenciá-lo com menos paixão. "O Flávio mostrou serviço no Paraná e por isso a gente esqueceu de onde ele veio", revela Carlos Adriano Lisboa, 22 anos, um dos diretores da Fúria Independente, maior organizada ligada ao clube. "O Borges é importante, mas a torcida sabe que não poderá contar com ele por muito tempo. O Flávio, não. A história dele no Paraná o transformou em ídolo", completa.
Do seu jeito, meio avesso à popularidade, o alagoano de Maceió, criado nas divisões de base do CSA, reconhece a boa fase que o faz brigar rodada a rodada com o corintiano Fábio Costa pela Bola de Prata da Revista Placar, mais importante premiação do país. "Tenho mantido uma boa regularidade nestes quase três anos em que estou aqui. Esse é o melhor momento da minha vida, da minha carreira", admite ele. "Hoje o reconhecimento é ainda maior do que na época em que eu conquistei o título brasileiro com o Atlético em 2001."
Porém se o Paraná quiser contar com a segurança do arqueiro por mais uma temporada terá de agir rápido. O contrato do jogador termina no dia 20 de dezembro e especulações extra-oficiais dão conta de que o Coritiba está interessado em levá-lo para o Alto da Glória. "Não quero comentar sobre renovação. Depois do campeonato eu vou conversar com a diretoria", diz.
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