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Nos pontos corridos, a 1ª Libertadores veio com o Coxa (2003). O último temor acabou com a festa atleticana por permanecer  na elite (2008). | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Nos pontos corridos, a 1ª Libertadores veio com o Coxa (2003). O último temor acabou com a festa atleticana por permanecer na elite (2008).| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
  • O sobe e desce do trio de ferro

Transtorno bipolar. É só algum médico olhar o gráfico de desempenho do futebol paranaense na era dos pontos corridos – a partir de 2003 – para chegar facilmente a esse diagnóstico. Nas últimas seis edições do Brasileiro, ou o estado tem um representante em alta, brigando por vaga na Libertadores, ou desesperado, lutando contra o rebaixamento.

A euforia começou com o quinto lugar e a classificação do Coritiba para a Libertadores em 2003. Seguiu em 2004 com a disputa pelo título entre Atlético e Santos até a última rodada, e conseqüentemente mais uma vaga no torneio internacional. Mas se transformou em depressão com a queda do Coxa para a Série B na temporada seguinte.

Em 2006 o Paraná foi o responsável por nova onda de euforia, ao ficar em quinto e levar o estado outra vez à Libertadores. Porém depois disso começou a fase mais preocupante. No ano passado o próprio Tricolor despencou para a Série B – enquanto o Coritiba fazia o caminho inverso. Agonia que se prolongou no recém-terminado campeonato, com o Atlético conseguindo a duras penas se manter na elite.

Pela primeira vez, por dois anos seguidos, além de as atenções na reta final se concentrarem na fuga da degola, nenhum clube local se classificou para o principal torneio continental – o Alviverde até rondou as primeiras posições, mas caiu de rendimento no segundo turno e terminou em nono.

Nada que preocupe tanto assim os dirigentes de Coritiba e Atlético, que voltarão à cena em 2010 para evitar o terceiro ano se comentando mais sobre rebaixamento do que Libertadores no estado. Bem longe disso. Em seus discursos, eles falam em uma mudança de quadro geral.

"O Coritiba não entra para participar. Entra para conquistar qualquer competição que dispute. E com o Brasileiro não é diferente", diz o presidente coxa-branca, Jair Cirino. "Temos de entrar sempre para ganhar o regional e disputar as primeiras posições dos grandes torneios, inclusive pensando em título também", afirma o recém eleito presidente rubro-negro, Marcos Malucelli.

Para Cirino, mesmo em 2008 o time poderia ter terminado em uma posição melhor. "Acho que essa distância deveu-se a alguns equívocos de arbitragem. Se não estaríamos muito perto dos clubes que conquistaram vagas na Libertadores", justifica o dirigente, lembrando que foi o primeiro ano da volta à Série A.

"Realmente ocorreu uma queda técnica brusca. A solução é investir em jogadores de mais qualidade", analisa Malucelli, acreditando que o Furacão, que não passou do 12º lugar nos três últimos Brasileiros, não precisará de mais do que uma temporada para corrigir o rumo. "Temos um planejamento e uma estrutura que nos permitirá um retorno mais curto que o de outros clubes", garante.

Os críticos, como o colunista da Gazeta do Povo, Carneiro Neto, não demonstram tanto otimismo. "Essa queda reflete a própria irregularidade do futebol paranaense. Os clubes não conseguem se firmar porque contratam mal, não mantém elenco e treinador. O Atlético teve cinco técnicos no Brasileiro. O Coritiba não segurou o Dorival Júnior. O que ganha é organização, estrutura. Está aí o São Paulo, com o Muricy Ramalho. Um novo conceito que precisa ser copiado."

Opinião parecida com a do também articulista Airton Cordeiro. "O campeonato por pontos corridos nada mais é do que uma aferição de constância. Falta estrutura. Nossos clubes acordaram para os planos de sócios, por exemplo, de forma recentíssima. Além do que as revelações têm sido poucas. No Coritiba um pouco mais, no Paraná em um nível intermediário e no Atlético menos, por mais paradoxal que pareça, por causa do CT que possui."

Eles não descartam a possibilidade de ver times paranaenses brigando pelas primeiras posições, mas defendem um trabalho mais consistente para que isso se torne rotina. "Até pode alguém chegar longe no ano que vem, mas é difícil. O Atlético luta há três anos para não cair, o Coritiba ficou dois na Série B e o Paraná está lá. Tem que pensar grande para ser campeão, colocar jogador na seleção. É assim que se conquista torcida", diz Carneiro. "A condição técnica nacional é nivelada. Então basta manter uma estrutura, garimpar jogadores e fazer contratações acertadas", acrescenta Airton.

Mesmo possuindo receitas menores provenientes das cotas de tevê e patrocínios, Cirino e Malucelli acreditam que é possível competir de igual para igual. "Não há dúvida que o apelo de marketing é maior para os clubes de São Paulo, especialmente, e do Rio. Mas isso não exclui a possibilidade de os sombrearmos", diz o presidente coxa-branca. "Se não temos no Paraná patrocínios tão vultosos, temos de errar o mínimo possível", argumenta o dirigente atleticano.

Excluindo os paulistas, que dominam amplamente os campeonatos por pontos corridos, ainda há um equilíbrio na comparação do desempenho paranaense com o de gaúchos e mineiros, que contam com uma verba maior, mas nem tanto. E superioridade em relação aos cariocas.

A diferença é que Grêmio e Inter demoraram em se adaptar ao novo formato e chegaram a levar um susto com o rebaixamento do Tricolor em 2004. Mas, desde então, conquistaram três vice-campeonatos e quatro vagas na Libertadores. Já o Cruzeiro, com o rival Atlético por baixo, tem feito sozinho a força do futebol mineiro, com um título e três Libertadores. Uma constância que nenhum paranaense ainda sabe o que é.

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