Pouco antes de começar a escrever esse texto de opinião, o comitê olímpico da Suíça anunciou que solicitou formalmente ao Comitê Olímpico Internacional (COI) o adiamento dos Jogos Olímpicos de 2020. Foi o quinto país a tomar a mesma atitude.
A lista tem ainda Alemanha, Austrália, Canadá (o primeiro) e Noruega — canadenses e noruegueses, inclusive, avisaram que estão fora caso a disputa for mantida.
As federações de atletismo e natação dos Estados Unidos, responsáveis por 29 medalhas de ouro no Rio de Janeiro, em 2016, encorpam a posição.
Os números pró-adiamento vão aumentar dia a dia. A pressão torna os Jogos insustentáveis no cenário atual. A realidade é que Tóquio-2020 está condenada por causa da pandemia do novo coronavírus. O que espanta é a demora do COI e de seu presidente, Thomas Bach, em admitir o fato e tomar a decisão.
Antes impassível quanto à possibilidade, o comitê só admitiu no último domingo (22) o que está estava na sua cara há pelo menos duas semanas. Prometeu resposta em até um mês (!).
Tudo estava pronto com antecedência e funcionaria de maneira exemplar, como quase tudo no Japão, não fosse a pandemia. Há muito dinheiro envolvido em uma mudança repentina como essa, especialmente de patrocinadores, televisão, organização e ingressos já vendidos. Rearranjar tudo leva tempo. Obviamente, esses são os principais motivos pelos quais o COI insiste em uma fantasia.
Mas como tirar do papel um evento de magnitude olímpica no meio do caos mundial provocado pelo covid-19? Atletas não treinam como deveriam. Vários, inclusive, contraíram a doença. E o que falar do público? Quem seria maluco para viajar ao Japão daqui quatro meses? O risco é real. E altíssimo.
Quando tudo passar, o Japão será palco de um grande evento. Infelizmente, a Olimpíada de Tóquio não vai acontecer entre 24 de julho e 9 de agosto de 2020. Mas, por todos nós, é melhor assim.