Êga cercada pela marcação russa: eliminado precocemente, basquete feminino tem futuro incerto para o próximo ciclo olímpico.| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo

"Vamos! Vamos!", grita Claudinha, faltando poucos minutos para o fim. Mas não vai mais. O Brasil perdeu novamente, de virada, o retrato da seleção feminina de basquete em Pequim: vencer os jogos até a metade do último quarto e sair de quadra derrotada. Ontem, contra a Rússia, as brasileiras fecharam o terceiro período com dois pontos de vantagem (56 a 54), mas acabaram perdendo a partida por 74 a 64.

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Com a vitória da Bielo-Rússia sobre a Letônia, o Brasil perdeu qualquer chance de classificação. Assim, ficará no máximo em nono lugar, sua pior performance em cinco participações olímpicas. Antes, havia sido sétimo em Barcelona-92, medalha de prata em Atlanta-96, bronze em Sydney-2000 e quarto em Atenas-2004. Agora, segue o mesmo rumo do masculino – que viu as últimas três Olimpíadas de casa: o fundo do poço.

Pessoa mais indicada para dar explicações, Gerasime Bozikis, o Grego, presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), não passou nem perto da imprensa no Cubo de Ouro, onde é disputado o torneio olímpico. Assim, a única manifestação da entidade foi a do assessor de imprensa, que xingou um jornalista por fazer uma pergunta mais afiada sobre a CBB.

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As respostas vieram das próprias jogadoras, na saída da quadra. "No Pré-Olímpico estávamos com um astral superbom. Fui para minha equipe, e quando voltei o time estava para baixo, se sentindo completamente desrespeitado", afirmou a pivô Kelly.

Falava sobre a falta de condições que a Confederação deu para as meninas na aclimatação realizada na Europa. Durante duas viagens, elas tiveram de dormir praticamente cinco noites no aeroporto. "Aquilo abateu, mas não é desculpa", diz Adrianinha.

O técnico Paulo Bassul pede que várias outras questões sejam consideras. Ele quer um ciclo olímpico para fazer a equipe ser menos instável. Acredita no grupo, diz que não houve descontentamento – antes da estréia, houve cobrança de premiação pela vaga olímpica – e afirma que o problema todo foi a reformulação, feita um ano antes de Pequim, quando o correto deveria ter sido logo após Atenas-2004.

"Mas como tínhamos duas competições importantíssimas que seriam realizadas no Brasil, o Mundial e o Pan, resolveram deixar a equipe velha até lá", diz.

O argumento do técnico faz sentido. A seleção pecou principalmente nos momentos de maior pressão, no fim do jogo, o que prova a falta de maturidade. O que incomoda é que, antes de sair do Brasil, tudo estava às mil maravilhas. E o discurso era completamente diferente. Mas quando ocorre um vexame desses...

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"Não chamem isso de vexame", interrompe o técnico, "pois a equipe jogou em alto nível."

Então ele chega na questão prática: tinha poucas jogadoras de referência, o que piorou com a fratura por estresse de Érika – segundo o técnico, ela garantiria mais 10 pontos por jogo ao Brasil.

"Se tirássemos as atletas de referência de quadra para que pudéssemos descansá-las, o time caía, pois o restante do grupo ainda não tem cancha. Se deixássemos em quadra, o time caía pelo cansaço", resumiu, para depois reclamar da sorte.

"Eu achei que, por tudo que esse grupo passou, seria recompensado. Mas se não fomos, é porque não merecemos. Mas fico pensando: por que não merecemos? Talvez isso tenha ocorrido para as pessoas verem que alguma coisa deve ser feita. Pois se, de repente, continuamos entre as quatro do mundo, tudo ia continuar como está".

Na TV

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Brasil x Bielo-Rússia, às 5h45 (amanhã), na RPC TV, Band, SporTV, ESPN Brasil e BandSports.