Pelé se engajou oficialmente, ontem, à campanha do Rio de Janeiro para ser sede da Olimpíada de 2016. Será o embaixador da candidatura brasileira, função parecida com a que já exerce no comitê organizador da Copa do Mundo de 2014. Ou deveria exercer.
Desde que o país, candidato único, foi referendado pela Fifa como sede do Mundial, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, tenta uma reaproximação com o rei do futebol. Uma maneira de apagar o mal-estar pela ausência do tricampeão mundial na cerimônia de oficialização do torneio no Brasil, em outubro do ano passado, na Suíça, quando o ex-craque não foi convidado para integrar a comitiva brasileira.
O acordo foi selado há poucos meses, em um jantar no Rio de Janeiro. O ex-camisa 10 se comprometeu com o dirigente a entrar de "corpo e alma", usando a sua imagem para ajudar a entidade a viabilizar a competição.
O assunto, porém, esfriou desde então. Pelé ainda não foi informado qual papel desempenhará no comitê. "Não está definido. Não existe uma comissão de trabalho. Por enquanto sou apenas um voluntário", revelou. "Eu acredito nas coisas. Quando o querido presidente Ricardo Teixeira me pediu uma força, fiquei inteiramente à disposição", acrescentou, usando expressões inimagináveis até anos atrás para se referir ao ex-adversário.
Mesmo sem saber o que "amigo Teixeira" lhe reservou, o maior artilheiro de todos os tempos também aceitou o convite do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, para divulgar as ações do Rio 2016.
Vestido com uma jaqueta azul da campanha, sentado entre a ex-jogadora de basquete Janeth, a outra "estrela" incorporada à candidatura, Pelé explicou que não há confronto de interesses em exercer as duas funções paralelamente. "Não vejo nenhum problema, pelo contrário, só pode ajudar", afirmou ele, completando na seqüência para uma atenta platéia de jornalistas brasileiros e estrangeiros: "É evidente que eu tenho outros contratos e pode haver um certo conflito. Para resolver, é só não fazer os eventos na mesma época."
O anúncio da participação do Rei no Rio 2016 foi realizado na Casa Brasil, outra estratégia de marketing da candidatura para divulgar os pontos fortes da Cidade Maravilhosa.
A embaixada paralela do país na China foi montada no primeiro andar de um dos mais luxuosos hotéis de Pequim. O local lembra as casas típicas do bairro carioca de Santa Tereza. A réplica do calçadão da praia de Copacabana enfeita o chão. O cardápio é tipicamente nacional. No dia em que o Ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, visitou o comitê, foram servidos pães de queijo e caldinho de feijão.
O grupo, completado ainda por Carlos Osório, um dos principais responsáveis pela candidatura brasileira, enumerou todos os pontos positivos da cidade, sede dos Jogos Pan-Americanos no ano passado, e relembrou alguns aspectos da plataforma eleitoral. Entre outras obras, o Rio pretende criar corredores exclusivos de ônibus, similares aos existentes em Curitiba imagens dos biarticulados e das estações-tubo da capital paranaense ilustraram a explanação.
Durante a rápida entrevista coletiva, não se levantou nenhum dos problemas da cidade. O assunto era mesmo Pelé, o homem de 2014 e 2016. "Sou frustrado por nunca ter disputado uma Olimpíada. Peço a Deus que me dê saúde para chegar bem em 2016. Temos de nos unir para levar essa", ressaltou ele, que terá 75 anos quando os Jogos forem realizados.
O governo federal liberou R$ 100 milhões para o COB gastar com a campanha eleitoral. Além do Rio, Chicago, Tóquio e Madri disputam a indicação do Comitê Olímpico Internacional (COI). A votação final está marcada para outubro do ano que vem.
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