Com o apoio de tantos cientistas quanto técnicos, atletas usaram de tudo para atingir novos patamares nos Jogos de Pequim - de roupas com pontos de pressão que aumentam o fluxo de oxigênio para os músculos a trajes com tecidos da era espacial desenvolvidos para serem usados em robôs que descem na lua.
Michael Phelps usou o traje LZR da Speedo que reduz a resistência da água para ganhar seus oito ouros, ao passo que Kenenisa Bekele usou um calçado de corrida leve como uma pluma com uma malha de fios inspirada em pontes suspensas na sua conquista dos 10.000 metros.
Arqueiros têm flechas mais leves, canoístas rasgam as águas com barcos mais finos, ciclistas têm roupas coladas ao corpo com pontos de pressão que aumentam o fluxo de oxigênio para os músculos. Até mesmo o handebol usa um novo software para espionar as táticas dos rivais.
Outras traquitanas vistas em Pequim incluem bicicletas com guidões refrigerantes e sapatos relaxantes e energizantes que soltam uma baforada de menta a cada passo.
Há um mundo de distância da Grécia Antiga, quando uma boa dose de óleo de oliva era tão sofisticado quanto os acessórios olímpicos atuais. "Por trás das Olimpíadas existe uma outra corrida acontecendo", disse Matt Brearly, cientista do esporte da equipe australiana, que em treinos engoliu rádio-termômetros do tamanho de pílulas, desenhado para astronautas, para ver como seus corpos trabalham com o calor.
"Vamos sempre perseguir a melhor performance", disse Brearley.
A piscina do Cubo D'Água, em Pequim, construída larga e funda para dispersar a turbulência da água, foi preenchida com trajes de banho high-tech, como o Speedo LZR e um outro da Adidas.
Remadores treinaram com sensores na ponta de seus remos.
Corredores tinham tênis com molas de aço inoxidável para aumentar o impulso ou coberturas de arroz para absorver a água e melhorar a tração. Alguns usaram revestimento acolchoado ultra-leve com material baseado na espuma usada nos assentos do ônibus espacial.
Ferramentas para melhorar o desempenho avançam tão rápido que alguns críticos dizem que novos recordes esportivos devem ser ajustados para levar isso em conta."Pequena Ajuda"
"Você está vendo isso em quase todos os esportes, tecnologia dando aos atletas uma pequena vantagem", disse o diretor de criação da Nike, Sean McDowell, que calcula que seus calçados deram a Bekele 1 milímetro por passo, ou um metro a cada quilômetro corrido.
Feito com o tecido do pára-quedas da Nasa, o calçado de Bekele é como uma segunda pele, muito fino, mas com cabos mais fortes que aço e muito finos que prendem o pé e impedem que ele se movimente.
Um buraco atrás reduz a tensão no tendão de Aquiles e, com cerca de 90 gramas, os calçados são cerca de 20 por cento mais leves que a famosa sapatilha dourada usada por Michael Johnson nos Jogos de 1996.
"Para mim, a comparação é como se o atleta fosse o motor e nós estivéssemos fazendo os pneus", disse McDowell. "Quem não vai querer quase um metro a mais na linha de chegada se eles puderem ter isso?"
A sapatilha dourada de Usain Bolt ganhou três medalhas de ouro.
Outros gastam verdadeiras fortunas, com o ciclista holandês Theo Bos, cujos patrocinadores gastaram um milhão de dólares para desenhar sua bicicleta para Pequim, apenas para vê-lo bater na primeira corrida e falhar na busca por medalha.
A moda por tecidos high-tech e aerodinâmicos não impediram um atirador francês de competir usando jeans e camiseta, nem corredores famosos carregados de jóias de ouro e grandes viseiras.
"Se você é bom, você é bom", disse o técnico americano de pólo aquático James Brunn, cujos jogadores têm como único recurso adicional calções com duas camadas, que resistem aos agarrões embaixo da água. "Pessoas que são ótimas estão lá devido ao talento e muito trabalho duro."
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