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César Cielo e família colecionam histórias curiosas e passagens de superação, galeria que aumentou com o ouro olímpico | PEDRO UGARTE/AFP
César Cielo e família colecionam histórias curiosas e passagens de superação, galeria que aumentou com o ouro olímpico| Foto: PEDRO UGARTE/AFP

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Na batida de mão de César, todo o esforço feito pela família Cielo e pelo próprio nadador valeu a pena. Aquele menino que viveu sozinho na cidade grande, comeu rúcula direto da horta da avó e pulou de uma ponte para cair na água trouxe para o Brasil o primeiro ouro da história da natação brasileira. E como cresceu este campeão? O GloboEsporte.com encontrou a família do nadador, no interior de São Paulo, e descobriu histórias engraçadas e sofridas da trajetória do menino de ouro.

Ainda pequeno, Cesão, como é chamado por toda a família, tentou o judô. Mas por ser maior que os meninos da sua idade, precisava lutar com garotos mais velhos e apanhava muito. Desistiu. Tentou o vôlei e a natação, gostando mais das piscinas. A mãe Flávia, professora de Educação Física, e o pai César, pediatra, sempre incentivaram a prática de esportes.

"Os pais sempre foram muito importantes na carreira do Cesão. Custearam o sonho dele, pois nem sempre houve patrocínio. Ele retribuía com muita determinação. Era uma criança tranqüila, bom aluno, só ficava bravo quando não era o primeiro lugar nas provas. Quando queria uma coisa, tinha que ser aquilo e pronto", conta dona Olga, avó do campeão, apelidada carinhosamente de Tita.

Ela lembra o período mais difícil para o adolescente César. Em 2003, ele foi treinar no clube Pinheiros, na capital paulista. A mudança aconteceu quando ele tinha 16 anos. Deixou a família em Santa Bárbara d’Oeste para viver sozinho na metrópole. Foram dias de sacrifício.

"Ele dividia o apartamento com um amigo. Como não tinha habilitação para dirigir, por ser menor de idade, a mãe saía do interior na sexta-feira e buscava ele para passar o fim de semana em casa. Ele aproveitava para lavar roupa e voltava para a capital com uma refeição pronta em marmitas para cada dia da semana", revela a avó.

Da dura rotina na capital surgiu a convivência com Gustavo Borges, ganhador de três medalhas de prata e uma de bronze em três edições das Olimpíadas (92, 96 e 2000). O nadador tornou-se uma espécie de mentor de César. E chegou a presentear a promessa da natação com um uniforme que usou em competições oficiais.

"O Borges disse que meu neto prometia desde a primeira vez que o viu. E deu para ele uma roupa vitoriosa. O César usou e guardou com carinho. O uniforme que o César usou no Pan, por exemplo, ganhou tanta importância que foi leiloado em Santa Bárbara e a renda foi doada para o hospital da cidade", conta Tita.

A roupa do Pan, comprada por um sócio do Esporte Clube Barbarense, foi posteriormente doada ao clube onde Cielo começou a nadar e hoje ocupa a parede da recepção do local, emoldurada em um quadro. No Pan do Rio, em 2007, o nadador conquistou três medalhas de ouro e uma prata.

O tio Paulo, irmão de seu pai, sempre foi uma referência. Ex-nadador, disputou provas quando esteve no Exército e sabe como é bom vencer. Amigo do sobrinho, Paulo sempre foi uma referência para o menino, que chegou a comer rúcula direto da terra só para imitar o tio.

"Eu sempre gostei de rúcula. E em uma das reuniões de família, fui até a horta no fundo do rancho aqui da Tita e resolvi comer umas folhas direto da terra. Ele, pequeno, ficou observando. Depois de um tempo, ele sumiu da festa. Quando o encontramos, ele estava de quatro na terra, comendo rúcula também!", diverte-se o tio.

Depois da medalha, Paulo espera a chegada de César para que eles possam repetir um programa de alguns anos atrás: pular da ponte do Jurumirim, no Pontal do Paranapanema. Na primeira vez que foram, uma sirene antecipou o mergulho nas águas da represa.

"Quando chegamos ao vão central da ponte, passou um carro de bombeiro com a sirene ligada. Como é proibido pular de pontes, o Cesão se assustou e disse: "É agora!" E pulou. O pai dele pulou atrás e fiquei sozinho lá em cima. Tomei coragem e pulei depois. Quando coloquei a cabeça para fora da água, o Cesão já estava na margem me esperando. Vamos pular da ponte de novo!", avisa o tio.

Será que o Cesão encara este desafio novamente? Para quem tem duas medalhas olímpicas, tudo fica mais fácil.

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