Rafinha em ação pela seleção sub-20, em 2005: carreira programada com cuidado| Foto: Toussaint Kluiters/Reuters

A trajetória de Rafinha é quase uma ciência exata. Tudo aconteceu no seu devido tempo, de acordo com o cronograma elaborado ainda nos tempos de dente de leite. Do PSTC (equipe amadora de Londrina) para o Coritiba; do Alto da Glória para o Schalke 04; e da Alemanha para a seleção brasileira, tudo num curto espaço de tempo. Nada fugiu ao script previamente esboçado pelo lateral-direito.

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O ex-coxa-branca, contudo, quer mais. Desde que se firmou com a camisa 18 de um dos principais times da Europa, ele só pensa em assegurar um lugar na equipe de Dunga. Virou obsessão. Tanto que o jogador enfrentou toda a cúpula do clube de Gelsenkirchen antes de conseguir a liberação para jogar a Olimpíada de Pequim. "Tenho que estar lá. É o meu grande sonho. Quero ajudar o Brasil a conquistar este título inédito", disse o ala, por telefone, fazendo referência à "questão de honra" em que se transformou a conquista do ouro olímpico para o país pentacampeão do mundo. "Posso entrar para a história", acrescentou ele, que fugiu da pré-temporada da equipe e acusou o diretor técnico Andy Möller de ameaçar deixá-lo na reserva.

A medalha dourada é apenas mais um item no processo de consolidação da carreira do londrinense. Rafinha sabe que com um bom desempenho nos gramados do Oriente a possibilidade de se transformar no ala titular do time principal aumenta consideravelmente. Ainda mais em um período em que tanto Maicon quanto Daniel Alves – os dois preferidos de Dunga – estão sem convencer o torcedor.

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"A Olimpíada acaba sendo uma porta, uma janela enorme para quem quer estar sempre jogando na seleção", ressaltou ele, apostando em Argentina, Holanda, Itália, Nigéria e Camarões como principais rivais da equipe verde-e-amarela."Temos condições de vencer porque a safra é boa. Mas precisamos ter muito cuidado. Hoje em dia todo mundo se conhece, todo mundo joga junto na Europa. Não dá para bobear", afirmou o jogador, creditando a duas "bobeadas" os últimos insucessos da seleção em Jogos Olímpicos: a derrota na semifinal para a Nigéria, em Atlanta-96, e a eliminação nas quartas-de-final diante de Camarões, em Sydney-2000. "Foram tropeços que marcaram."

Mais experiente após três temporadas completas no Velho Mundo, Rafinha aceita o desafio de ajudar a comandar o time em campo – tarefa que deve ser dividida com outras estrelas do grupo sub-23, como Alexandre Pato (Milan), Anderson (Manchester United) e Lucas (Liverpool). "Estou melhor. Aprendi a marcar e ganhei mais noções táticas. Hoje sei perfeitamente executar as funções que o Dunga quer de mim."