A trajetória de Rafinha é quase uma ciência exata. Tudo aconteceu no seu devido tempo, de acordo com o cronograma elaborado ainda nos tempos de dente de leite. Do PSTC (equipe amadora de Londrina) para o Coritiba; do Alto da Glória para o Schalke 04; e da Alemanha para a seleção brasileira, tudo num curto espaço de tempo. Nada fugiu ao script previamente esboçado pelo lateral-direito.
O ex-coxa-branca, contudo, quer mais. Desde que se firmou com a camisa 18 de um dos principais times da Europa, ele só pensa em assegurar um lugar na equipe de Dunga. Virou obsessão. Tanto que o jogador enfrentou toda a cúpula do clube de Gelsenkirchen antes de conseguir a liberação para jogar a Olimpíada de Pequim. "Tenho que estar lá. É o meu grande sonho. Quero ajudar o Brasil a conquistar este título inédito", disse o ala, por telefone, fazendo referência à "questão de honra" em que se transformou a conquista do ouro olímpico para o país pentacampeão do mundo. "Posso entrar para a história", acrescentou ele, que fugiu da pré-temporada da equipe e acusou o diretor técnico Andy Möller de ameaçar deixá-lo na reserva.
A medalha dourada é apenas mais um item no processo de consolidação da carreira do londrinense. Rafinha sabe que com um bom desempenho nos gramados do Oriente a possibilidade de se transformar no ala titular do time principal aumenta consideravelmente. Ainda mais em um período em que tanto Maicon quanto Daniel Alves os dois preferidos de Dunga estão sem convencer o torcedor.
"A Olimpíada acaba sendo uma porta, uma janela enorme para quem quer estar sempre jogando na seleção", ressaltou ele, apostando em Argentina, Holanda, Itália, Nigéria e Camarões como principais rivais da equipe verde-e-amarela."Temos condições de vencer porque a safra é boa. Mas precisamos ter muito cuidado. Hoje em dia todo mundo se conhece, todo mundo joga junto na Europa. Não dá para bobear", afirmou o jogador, creditando a duas "bobeadas" os últimos insucessos da seleção em Jogos Olímpicos: a derrota na semifinal para a Nigéria, em Atlanta-96, e a eliminação nas quartas-de-final diante de Camarões, em Sydney-2000. "Foram tropeços que marcaram."
Mais experiente após três temporadas completas no Velho Mundo, Rafinha aceita o desafio de ajudar a comandar o time em campo tarefa que deve ser dividida com outras estrelas do grupo sub-23, como Alexandre Pato (Milan), Anderson (Manchester United) e Lucas (Liverpool). "Estou melhor. Aprendi a marcar e ganhei mais noções táticas. Hoje sei perfeitamente executar as funções que o Dunga quer de mim."