A extraordinária corrida dos 100 metros de Usain Bolt, que bateu o recorde mundial com 9s69 no Estádio Ninho de Pássaro, no sábado, rendeu uma enxurrada de superlativos estampados em manchetes de jornal por todo o mundo, neste domingo, estendidos ao novo messias da velocidade -- uma máquina voadora de arrepiar.
Bolt confirmou que é o homem mais rápido do mundo, com a marca estabelecida nesta Olimpíada de Pequim, celebrada mesmo antes da linha de chegada.
"Oh, que show! E que exibido, também!", disse um editorial do Chicago Tribune (em inglês, com um trocadilho entre as palavras show e showoff).
"Que velocidade um cara pode alcançar? Essa não é uma pergunta para U-Bolt. A questão para ele é: que velocidade teria alcançado U, se U não tivesse que brecar? Se U não tivesse de diminuir? Se U não tivesse, bestamente, olhado para os lados?"
Os rivais estão chamando o magrelo de 1,96m de "freak", meio "doidão" de natureza, e blogueiros já o apelidaram de Insano Usain -- outro trocadilho de sons em inglês: "Insane Usain".
Alguns comentaristas esportivos gostaram da "performance" natural de Bolt, apontando para as câmeras, dizendo que precisava colocar o glamour de volta no atletismo.
O homem dos 100 metros, a prova nobre da Olimpíada, vem sendo perseguido pela praga dos escândalos de doping desde a queda em desgraça de Ben Johnson na Olimpíada de Seul-1988, 20 anos atrás.
Bolt toma isso com seu jogo de cintura costumeiro. Ele disse que se preparou para a corrida "dormindo até tarde, não tomando café da manhã, vendo TV, comendo nuggets de frango no almoço, tirando um cochilo, comendo mais nuggets de frango no jantar e descansando. As brincadeiras não são novidade para ninguém.
"Nos 100, um show de flashes depois de uma explosão de velocidade", disse a manchete do site do The New York Times.
É impossível ver alguém alcançar uma velocidade que humano nenhum tinha alcançado antes sem pensar em apoio tecnológico e não mencionar a palavra "D"... o doping.
"Se, como ele alega, está limpo, então é o melhor anúncio para o esporte em décadas", escreveu o The Times.
"Bolt é um personagem, um performer, abençoado com tanto talento natural que ele deve ser real."
Voltando à Jamaica, os conterrâneos de Bolt estão celebrando o primeiro ouro olímpico da ilha caribenha.
Bolt já era uma estrela na Jamaica, com seu recorde de 9s72 batido em maio -- e que levou de imediato o rapper Derrick Harriott a gravar uma música em sua homenagem: "Lightning Bolt 9.72" (outro trocadilho, esse com duas palavras para "raio").
"Vão ter de mudar a letra da canção", brincou o The Washington Post.
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