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O central Léo, paranaense de Campo Mourão, tenta vencer a barreira croata: derrota normal, apatia incomum. | Saeed Kahn/ AFP
O central Léo, paranaense de Campo Mourão, tenta vencer a barreira croata: derrota normal, apatia incomum.| Foto: Saeed Kahn/ AFP

Atuação desanima até Oscar

A expressão no rosto de Jordi Ribera, o técnico da seleção brasileira de handebol masculino, deixa claro que alguma coisa está errada. E não são apenas as derrotas esmagadoras sofridas nas duas primeiras rodadas – 34 a 26 para França e 33 a 14 para a Croácia. Mas a postura da equipe. Parece faltar garra, vontade.

"Para ganhar, precisamos melhorar muito. E a primeira coisa é o nosso espírito competitivo dentro da quadra", afirmou o treinador na entrevista coletiva de ontem.

Até Oscar, o Mão Santa, percebeu. Ele, que fez o torcedor brasileiro acreditar no impossível, quando no Pan-Americano de Indianápolis comandou a seleção de basquete na vitória mais memorável de todas daquela modalidade, foi ontem ao Olympic Sports Center Gymnasium. Chegou no intervalo, parou ao lado da quadra e sentou apenas como espectador. Olhou o placar (18 a 9 para os croatas) e deve ter tido alguma boa lembrança, pois logo gritou: "Vamos ganhar essa m..."

Os rapazes olharam todos para ele, meio assustados, até começaram bem, mas depois se deixaram levar. E Oscar, que continuou incentivando com gritos de "não pára", "marca" e "vamos", olhou o placar no meio do segundo tempo, 32 a 14, e também desisitiu. Deu um último grito – "vamos treinar, vamos treinar" – olhou para a programação de hoje da Olimpíada, e não falou mais. (MR)

A seleção brasileira masculina de handebol faz hoje, às 23h45 (de Brasília), o seu jogo mais esperado no torneio olímpico. Após ser atropelado por Croácia e França e sem perspectiva de vencer a Espanha na rodada final, o time comandado pelo espanhol Jordi Ribera vê possibilidades reais de um triunfo contra a Polônia. Se isso ocorrer, a obrigatória vitória sobre a China levará a equipe às quartas-de-final.

"Já fizemos bons jogos contra eles. Nos dois últimos, foi pau a pau. Perdemos, mas a diferença não foi tão grande", afirma o ponta-direta paranaense Renato Tupan, confiante em um bom resultado contra os vice-campeões mundiais.

Ele se refere, principalmente, à partida do Mundial de 2007, na Alemanha, quando o Brasil foi derrotado por 31 a 23, mas manteve o equilíbrio até os momentos finais do jogo. Houve também um amistoso em que a seleção perdeu por diferença menor – cinco gols.

"Contra eles nós entramos com mais moral e confiança", afirma o goleiro Maik.

O único problema é que toda vez que o Brasil jogou bem contra um adversário tradicional do circuito mundial, a partida seguinte sempre teve um rumo diferente. "Sempre que conseguimos uma boa atuação, no próximo jogo eles vêm com tudo para nos atropelar. Mas temos que passar por cima disso", completa Tupan..

Passar por cima disso também significa que, nos últimos três jogos da primeira fase, contra Polônia, China e Espanha, a seleção precisa de duas vitórias. É o único jeito para chegar à classificação. Um triunfo, ao menos, é necessário para se evitar o vexame.

"Contra a China, é um jogo de igual para igual, já ganhamos deles. E contra a Polônia e a Espanha, precisamos estar num dia bom", afirma o armador central Bruno, a estrela da seleção.

O problema é que o dia bom ainda não deu as caras. Mesmo nas partidas consideradas pelo time brasileiro como derrotas certas, que serviriam para uma espécie de acerto e a equipe deveria atuar mais solta, a atuação foi muito abaixo do que a equipe já rendeu.

Segunda-feira à noite, por exemplo, na derrota para a Croácia por 33 a 14, o time começou bem, chegou até a equilibrar o jogo. Mas, no retorno para o segundo tempo, tudo desandou. O Brasil sucumbiu com facilidade, demonstrando na maioria do tempo a apatia dos perdedores natos. Sem gritos, sem cobrança, sem vibração. Também deu azar, é verdade, com uma seqüência de ataques que acabaram na trave adversária.

"Está faltando gás", disse o ponta-esquerda Felipe.

Na verdade, estão faltando muito mais coisas.

Na TV

Brasil x Polônia, às 23h45, no SporTV2 e na ESPN Brasil.

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