Equipe sofre novo apagão em quadra
Para conseguir três vitórias nos três jogos que ainda restam na primeira fase (Letônia, Rússia e Bielo-Rússia), se classificar para as quartas-de-final e ainda fugir dos Estados Unidos, a seleção brasileira feminina de basquete precisa necessariamente derrotar a "síndrome do apagão".
Comum no Pré-Olímpico Mundial, a instabilidade se repete desde que a equipe chegou à China. Foi assim no amistoso contra a Nova Zelândia, quando abriu 25 pontos, mas deixou o adversário encostar no placar triunfo apertado por 76 a 74. O mesmo aconteceu na estréia na Olimpíada de Pequim, contra a fraca seleção da Coréia do Sul. A equipe liderou por boa parte do jogo, mas permitiu a virada na prorrogação (68 a 62). Contra a Austrália não foi diferente. A péssima apresentação nos dois primeiros quartos fez com que as atuais campeãs mundiais construíssem uma vantagem considerável, apenas administrada na metade final do duelo (80 a 65). "É tão rápido que a gente nem sabe explicar", afirmou a ala Micaela. "É burrada mesmo. Se não acabarmos com isso, vai ficar ainda mais difícil", justificou a armadora Adrianinha, uma das jogadoras mais experientes do grupo. (CEV)
A atual seleção brasileira feminina de basquete luta desesperadamente para não entrar para a história pela porta dos fundos. Após a derrota de ontem para a Austrália por 80 a 65, o time se vê obrigado a vencer dois dos próximos três jogos para não cair logo na fase inicial da Olimpíada de Pequim, cravando o seu pior desempenho na história. A primeira das cartadas decisivas será jogada amanhã, às 3h30 (de Brasília), contra a Letônia. Na seqüência, os rivais pela vaga serão Rússia (sexta-feira) e Bielo-Rússia (domingo).
A única vez em que o Brasil não chegou às rodadas decisivas foi logo em sua estréia olímpica, nos Jogos de Barcelona-92. Naquela época, a equipe venceu apenas dois confrontos, fechando a participação na sétima posição apenas oito países disputaram o torneio.
Apesar do resultado modesto, foi justamente na Espanha que a geração de Paula e Hortência, campeãs pan-americanas em Havana-91, percebeu que tinha força e qualidade técnica para ir além dos limites continentais. Era o início da fase mais gloriosa do basquete feminino no país.
Contrapondo-se ao ostracismo dos homens, que sucumbiram após a aposentadoria de Oscar Schmidt da seleção em Atlanta-96, as meninas conquistaram o título mundial na Austrália em 94, foram prata em Atlanta e bronze em Sydney-2000. Agora, esta nova safra de atletas, já sem Janeth, tenta provar que a quarta colocação em Atenas, há quatro anos, não foi o "canto do cisne" de um ciclo vitorioso.
"Não tem nada disso. Enquanto tivermos chances, vamos continuar lutando", diz a ala Micaela. "Serão três jogos difíceis, mas totalmente passíveis de conseguirmos vencer", acrescentou o técnico Paulo Bassul.
A dor de cabeça brasileira, contudo, não se resume às próximas três partidas. Mesmo que jogue tudo o que ainda não conseguiu na China, a seleção precisa torcer para não passar de fase como o quarto time do grupo, adversário provável dos Estados Unidos nas quartas-de-final. "A necessidade também é de tentar encaixar uma chave boa", avaliou Bassul.
Apesar da surra ante as australianas, atuais campeãs mundiais, a pivô paranaense Êga conseguiu enxergar pontos positivos. "Perdemos para a pior equipe do grupo (Coréia do Sul, por 68 a 62) e para a melhor (Austrália). Mas pudemos sentir uma evolução. Provamos que podemos enfrentar qualquer seleção de igual para igual", ressaltou. "Esse time é bem o que dizem dos brasileiros: não desiste nunca. Ainda não morremos."
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