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Você em Pequim: Mande fotos das suas experiências durante os Jogos Olímpicos

Entrar ou não ver, eis a questão para a maioria dos brasileiros que está em Pequim para assistir aos Jogos Olímpicos. Se eles não conseguem ingressos, dificilmente vêem o que querem pela televisão -ocupada quase integralmente pelos chineses.

Os fãs do futebol são os que mais sofrem: com as seleções masculina e feminina fora de Pequim, eles mal puderam assistir aos jogos das equipes canarinho.

"Tenho ingresso para quase tudo que queria porque me avisaram no Brasil que ia ser difícil. Mas já apelei para cambista, saí feito doido procurando nos hotéis da cidade. Mas estou mesmo é com medo de não ver as finais do vôlei e do futebol, porque no meu quarto só dá para ver chinês na TV", disse o estudante gaúcho Pedro Schille, 21 anos.

No Wangfujing Hotel, onde dezenas de brasileiros estão hospedados, a romaria em busca de entradas é diária, uma vez que ali ficam funcionários da agência de turismo Tamoyo, que detém a exclusividade da comercialização de ingressos olímpicos no Brasil.

"Depois de tentar ver pela televisão, desisti e vim comprar entradas aqui", disse Nelson dos Santos, aposentado de 56 anos. "Eu queria mais viver o clima das Olimpíadas, ir para o bar e ver os jogos do Brasil, mas não tem jeito. Só vi o Brasil ganhar uma medalha do judô porque a China não estava disputando nada importante na hora."

Nos bairros mais chiques ou recheados de estrangeiros, algumas televisões internacionais transmitem eventos além dos que estão no ar nos canais da televisão estatal chinesa, a CCTV.

"Mas isso também é limitado, tem muito evento dos Estados Unidos, da Alemanha e de outros países. A gente só consegue ver direito quando o Brasil enfrenta gente desses países ou da China. Está muito difícil, nunca vi uma Olimpíada tão pouco na minha vida", disse Juliana Nunes, 33, que viajou a Pequim com o marido, também fanático por esportes.

POUCOS INGRESSOS

A organização dos Jogos de Pequim afirma que realiza pela primeira vez na história Olimpíadas com ingressos esgotados. Exatamente por isso os clarões que aparecem nos locais de competição irritam a professora de português Elisa Costa, 35.

"Passei a tarde tentando entrar no vôlei de praia e nada. E quando passa um tantinho no telão que fica do lado de fora do parque (onde as partidas são disputadas), dá para ver um baita espaço vazio. Os poucos ingressos que têm por aí, as pessoas querem cobrar um absurdo. E nem chegou a fase final", afirma.

Um gaúcho de 22 anos, que preferiu não se identificar por estar clandestinamente hospedado no hotel onde fica um parente, tem sido a salvação de muitos interessados por ingressos.

Antes de vir a Pequim, ele foi a Hong Kong para assistir ao concurso de equitação e fez amizade com o chefe de uma delegação asiática, que teria vendido a ele dezenas de ingressos por cerca de 50 reais cada. Ele está revendendo cada um deles a quase 100 reais. Se conseguir repassar a maioria, pagará pela viagem toda.

"Os melhores eu peguei para mim, como final do tênis, do vôlei e da ginástica. O resto eu estou vendendo aqui no hotel e não canso de ouvir brasileiro dizendo que nunca foi tão ruim comprar ingresso numa Olimpíada", contou.

Apesar do esquema classe A, o jovem gremista diz sofrer por não poder assistir ao futebol nos Jogos Olímpicos, mesmo podendo assistir dezenas de eventos.

"Para quem é brasileiro vai ficar sempre faltando se tu não podes ver o futebol. Eu sei que jogo contra a China vai dar para ver, no masculino ou no feminino. Depois disso, só Deus sabe."

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