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Mais uma vez a seleção feminina de basquete começou bem, permitiu a virada e perdeu nos últimos segundos. | Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo
Mais uma vez a seleção feminina de basquete começou bem, permitiu a virada e perdeu nos últimos segundos.| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo

"Não chegou a nossa hora", diz Êga

Foram 5 segundos de euforia, para os próximos quatro anos de espera. A bola de três pontos convertida por Karen, faltando 7,5 segundos para o fim, deu a estranha sensação de que não havia mais nada que pudesse ser feito pela equipe da Letônia. Ledo engano. Anete Jekabsone- Zogota, a camisa 10, recebeu a bola, avançou sobre a paranaense Êga e arremessou. A bola ainda bateu na mão da brasileira, que não chegou muito perto para evitar a falta, e foi direto para a cesta. A 2,5 segundos do fim, agora sim, não havia mais nada para se fazer a não ser chorar. Foi assim que a paranaense foi pedir mais um voto de confiança para o time.

"Essa nossa equipe pode surpreender times acima de nós e vencer muito bem os menores. Mas não sei o que está acontecendo. Não chegou a nossa hora. Vamos esperar o que é para a gente", disse a ala/pivô brasileira. Estava bastante abatida, desconsolada e ainda buscando explicação para o imponderável. "Não queremos nenhum milagre, mas essa coisinha que está faltando. Por ora, é algo a mais para essa equipe se fortalecer". (MR)

A "morte" do basquete brasileiro feminino na Olimpíada de Pequim está anunciada: será na madrugada de amanhã (3h30 de Brasília), contra a Rússia. No mais tardar, na partida contra a Bielo-Rússia, dois dias depois. E se, por um capricho do destino, a seleção chegar às quartas-de-final, jogará contra os EUA. Fim da linha na certa.

A derrota para a Letônia – 79 a 78, faltando apenas 2,5 segundos –, a terceira em três partidas disputadas na China, deixou poucas opções a seleção: vencer os dois jogos restantes e torcer por várias outras combinações de resultados. Nada que alguém em sã consciência possa acreditar que vá acontecer.

"Mas eu ainda acredito, sou brasileira e não desisto nunca", afirma Kelly, talvez uma das poucas otimistas do elenco, ainda no calor da saída da quadra.

Ela não falou depois da reunião dentro do vestiário com a comissão técnica, mas é bem provável que tenha mudado de idéia. Afinal, até o técnico Paulo Bassul saiu de lá com um discurso bem diferente.

"Era um jogo de vida ou morte. Perdemos. É muito difícil, quase impossível (a classificação). Mas temos a chance de mostrar profissionalismo nesses últimos dois jogos", afirmou.

Ao contrário de quando saiu do Brasil, Bassul descobriu, agora, um problema que antes não aparecia: as mudanças no elenco, que trocou nove jogadoras em um ano e meio. Antes de chegar em Pequim, ele jurava que essa mesma equipe ia lutar por medalha. Agora, joga tudo para daqui a dois anos, no Mundial da República Tcheca.

"Ainda continuo acreditando no potencial desse grupo, mas não existe seleção no mundo que mude tanto e mantenha um basquete de alto nível. Nós estamos jogando, mas esse grupo precisa de tempo. Tempo para cada uma achar o seu espaço, para surgirem as lideranças", diz. E dá um exemplo. "Todos lembram do trio sensacional que a Hortência, a Paula e a Janeth faziam, né? Pois é, aquela seleção foi 11ª no Mundial de 1986, 10ª no de 90 e só depois campeã em 94."

Bassul ainda disse que não veio com o discurso pronto, mas continua: "Sei que nessas horas querem achar pêlo em ovo, mas não há nada nesse grupo. Elas são extremamente profissionais, fazem tudo o que peço dentro de quadra e se dão muito bem. Se for para colocar a culpa em alguém, se é que em uma partida como essa alguém tem culpa, que seja em mim".

Quando a chefe da sala de coletivas anunciou o fim da entrevista, Bassul se levantou e ainda ouviu uma pergunta lá no fundo: quais são as chances matemáticas?. O técnico respondeu: "Não sei, vou ter de me situar. Vim aqui para vencer. Não fiz as contas para perder."

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