Bate-bola
Juraci Moreira, triatleta.
Nem o cansaço nem o forte calor impediram Juraci Moreira Júnior de comemorar com a torcida o 26º lugar conquistado em Pequim. O triatleta queria dividir a alegria de ter completado a terceira Olimpíada da carreira com a namorada e a futura sogra. Uma Olimpíada que caiu no seu colo quando já não tinha mais esperanças de classificação a passagem para uma temporada de treinos nos Estados Unidos já havia sido inclusive comprada. Realizado profissionalmente, Juraci revela em entrevista o desejo de nunca mais deixar de ir a um Jogos Olímpicos. "Já estou pensando em Londres."
Qual avaliação você faz do seu desempenho em Pequim?
Se tivesse uma preparação adequada, mais longa, poderia ter ido melhor. Mas não foi isso o que me motivou. Tentei curtir o máximo possível. Para mim, esta Olimpíada foi show. Foi a melhor entre as três que disputei.
Quais os seus planos a partir de agora?
Vou comer muito McDonalds, chocolate, sorvete... Tudo o que tem naquele refeitório da Vila Olímpica e tinha que ficar me controlando (risos). Depois, como vou ficar aqui até o dia 25, quero tirar uma folga dos treinos para passear e curtir a China com a minha namorada e a mãe dela. Penso também em assistir a outros esportes para torcer pelo Brasil.
E Londres, em 2012?
Gostei tanto que quero mais. Em 2012 vou estar lá, pode ter certeza. Mais quatro anos dá para ir levando. Adoro este clima de Olimpíada. Quero disputá-la até o fim da minha vida. Quando não der mais como atleta, viro chefe da delegação do triatlo.
Como foi a história de ser o primeiro atleta a tirar uma foto do Ronaldinho Gaúcho dentro da Vila?
Levei muita sorte. Estava no refeitório com a minha namorada quando eles chegaram. Foi ela que viu primeiro. Não pensei duas vezes, pedi para tirar uma foto. Fiquei famoso. Até o Fantástico (programa da Rede Globo) veio filmar a minha foto (risos). (CEV)
Juraci Moreira Júnior prometeu, ainda em Curitiba, que iria aproveitar ao máximo cada segundo da Olimpíada de Pequim. "Estou aqui de lambuja", disse, fazendo referência à improvável classificação, ratificada apenas um mês antes da prova, graças à desistência de um competidor austríaco.
Foi com esse espírito de "curtir a vida adoidado" que o triatleta paranaense disputou o seu terceiro Jogos Olímpicos consecutivos a largada para 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida ocorreu na segunda-feira à noite (horário do Brasil).
Medalha de bronze no Pan do Rio, no ano passado, Juraci sabia que dificilmente brigaria por medalha. "A não ser que muitos atletas quebrassem devido ao calor", explicou antes da prova.
Não foi o que se viu na represa do Parque dos Túmulos Ming, nos arredores da capital chinesa. A temperatura estimada em 30 0C fez apenas uma vítima importante: o espanhol Javier Gomez, favoritíssimo ao ouro. Ultrapassado no trecho final da corrida pelo alemão Jan Frodeno, ficou de fora do pódio o canadense Simon Whitfield (prata) e o neozelandês Bevan Docherty (bronze) também participaram da cerimônia de premiação. "Eu sabia que o melhor não venceria. E que o título ficaria com quem agüentasse o calor."
O paranaense, contudo, não tem motivo para reclamar do 26º lugar. Além de chegar bem à frente do outro brasileiro na disputa, o paulista Reinaldo Colucci, 37º colocado, o triatleta conseguiu melhorar a marca de Atenas, há quatro anos, quando terminou na modesta 41ª posição. O resultado só é inferior ao 22º posto obtido em Sydney-2000, quando estreava em Olimpíadas. "Foi legal", resume.
Com a pressão pela vitória deixada de lado, Juraci se permitiu brincar durante a competição. No ciclismo, por exemplo, intensificou o ritmo das pedaladas apenas para passar entre os líderes, ver o nome e a bandeira do Brasil no telão e ouvir o gritos da torcida. "Não pensei em me guardar para o atletismo porque queria me divertir. Às vezes você se poupa tanto e no fim o resultado é o mesmo. Escolhi curtir o momento", revela ele, que ganhou fama internacional na Vila Olímpica por ter sido o primeiro atleta a tirar uma fotografia com Ronaldinho Gaúcho.
"Não perdi a oportunidade quando vi o cara. Tietei mesmo. É por isso que eu digo que essa Olimpíada foi show. A melhor da minha vida. Nunca mais vou esquecer", diz, com o sorriso escancarado no rosto, ouvindo ao fundo os gritos de Brasil.
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