Está doendo, diz Giba. E o grupo começa a sentir falta de Ricardinho
No calor da partida, com a adrenalina ainda a mil, Giba garante que está 100% fisicamente. Mas, bastam alguns minutos, já com a musculatura fria, para o atacante admitir: a tendinite no ombro direito ainda causa muitas dores. No jogo contra a Rússia, o camisa 7 só entrou nos momentos finais do quarto set, quando Bernardinho não tinha mais opções. A mudança também não surtiu efeito.
Para a partida contra a Polônia, amanhã pela manhã (9 horas de Brasília), Giba continua sendo dúvida. Mas é provável que atue bem mais tempo do que suportaria.
"Está bom, não tem mais problema nenhum. Mas está doendo. Como é uma Olimpíada, a gente tem de fazer de tudo. Mas nesse momento há jogadores melhores fisicamente do que eu", disse, caindo em contradição.
Enquanto isso, Bernardinho ainda pretende avaliar a situação do capitão. "Os médicos disseram que está tudo bem. É a posição oficial. Mas, se fosse a partida inteira, talvez não desse para ele. Vamos avaliar, mas é uma possibilidade (a utilização do ponta)", comentou.
Na opinião do técnico, a lesão é apenas um detalhe que esconde algo mais sério: a falta de entrosamento do melhor do mundo com o levantador Marcelinho, titular desde o corte de Ricardinho, às vésperas do Pan do Rio. "Eles não jogaram um ano juntos", lembrou.
A falta que a equipe sente de Ricardinho, antes tema evitado pelos jogadores, já começa a se tornar pública. No blog que mantém no portal Terra, a jogadora Fernanda Venturini, mulher de Bernardinho, também lembrou o antigo capitão. "Com certeza Ricardinho, que para mim foi um dos melhores que eu já vi jogar, faz muita falta. Ele não está mais e temos que seguir em frente, temos que dar força para o Marcelinho, que assumiu o lugar dele e jogou bem, apesar da derrota", escreveu Fernanda, em um post com o título "Ricardinho faz muita falta..." (MR)
A tensão transparece. A derrota para a Rússia por 3 a 1 (22/25, 26/24, 31/29 e 25/19), ontem, deixou clara a fragilidade da seleção brasileira de vôlei masculino. É emocional. Há sete anos acostumado a vencer tudo, o time de Bernardinho está tendo dificuldade de encarar as recentes derrotas.
Os russos venceram o Brasil pela segunda vez seguida a primeira foi na decisão do terceiro lugar da Liga Mundial, há cerca de um mês. O comportamento brasileiro foi mais ou menos igual: uma equipe nervosa dentro de quadra, que faz escolhas erradas nos momentos decisivos.
A perda de controle emocional e a facilidade com que o time caiu em provocações deixaram a Bernardinho uma missão. Ele mesmo tem dúvidas quando ao efeito da nova derrota e o que poderá fazer para transformar o negativo em fator positivo.
"Agora temos de ver a reação dos caras. A estrada é dura, tem que ganhar força nessa hora", disse o treinador.
Bernardinho percebeu, ao lado da quadra, tudo o que o espectador viu da arquibancada ou televisão. Por isso reuniu o grupo ali mesmo. Mas o efeito parece ter sido retardado. Na saída, os jogadores ainda estavam anestesiados e ariscos.
Dante colocou a culpa na arbitragem. "Está todo mundo querendo ver o Brasil fora", disparou.
Serginho afirmava que não via nenhum efeito negativo na pressão sofrida pela seleção. E emendou: "Nós nos divertimos com a pressão."
Até Giba parecia perturbado. Mostrou um princípio de irritação ao ser questionado se estava bem para atuar. "Eu estou fisicamente 100%. Só tenho uma tendinitezinha como todo mundo", respondeu. Depois, ainda reclamou da bola, que diz ter sido a causadora da lesão. "Quem fez essa bola não tem senso do ridículo. Não dá para estrear bola em uma Olimpíada. Há 15 dias jogamos a Liga Mundial e era outra."
Mas nada disso traduz o que ocorreu dentro de quadra. O Brasil perdeu porque pecou exatamente ao fazer as escolhas. Enfrentou o bloqueio na hora errada, quando o melhor era passar a bola. Não aproveitou os contra-ataques.
Talvez tenha sido esse o assunto velado entre Giba e Bernardinho. Enquanto esperavam as perguntas da entrevista coletiva, os dois conversavam baixo, faziam caras feias. Técnico e capitão concordam que o time precisa melhorar. E também concordam que esta derrota não deve pautar as próximas partidas.
"Temos de manter a concentração. Essa derrota não pode ser determinante, que não nos leve de favoritos a renegados", disse o treinador.
Até a ex-jogadora Virna, atualmente comentarista da Band, parecia preocupada. Deu um abraço em Giba no fim da partida e falou algo do tipo "não vão decepcionar". O capitão, ao menos, parecia confiante em sua resposta: "Relaxa."
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