César Cielo foi ao Templo do Céu agradecer pela medalha de ouro, mas acabou cercado pelos seus novos fãs chineses: confiança na atual geração de nadadores brasileiros| Foto: Márcio Mercante/ Agência O Dia

Quadro de medalhas

Com o ouro e o bronze de César Cielo, o Brasil chega a 11 na natação olímpica.

Ouro

César Cielo - 50 m livre (2008)

Prata

Ricardo Prato - 400 m medley (1984)

Gustavo Borges - 100 m livre (1992)

Gustavo Borges - 200 m livre (1996)

Bronze

Tetsuo Okamoto - 1.500 m livre (1952)

Manuel dos Santos - 100 m livre (1960)

Brasil - 4 x 200 m livre 1980

Gustavo Borges - 100 m livre (1996)

Fernando Scherer - 50 m livre (1996)

Brasil - 4 x 100 m livre (2000)

César Cielo - 100 m livre (2008)

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Pequim - AC/DC. Antes de Cielo, depois de Cielo. O nadador César Cielo Filho não deixa de ser um pouco de "Cristo tupiniquim" para a natação brasileira. A medalha de ouro conquistada na sexta-feira à noite (horário de Brasília) pode ser considerada profética, mas, acima de tudo, é salvadora. Funciona como propulsão para uma modalidade que vivia um momento decisivo em sua história.

Depois do boom com a geração Gustavo Borges e Fernando Scherer, o esporte reapareceu no Pan-Americano do Rio, em 2007, mas chegou à Olimpíada de Pequim em xeque. Cielo, como um Kasparov, inverteu a lógica desse jogo de xadrez.

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Precisou exatamente de 21s30 – o tempo que gastou para percorrer os 50 metros da piscina – para garantir uma sobrevida ao esporte que mudou a sua vida e, a partir daqui, deverá modificar a de muitos outros jovens brasileiros.

"O esporte é tudo", afirma o nadador, para depois contar o seu segredo de sucesso a quem quer começar. "Não existe nada de especial. É apenas trabalho e dedicação", acrescentou ele, que ontem foi ao Templo do Céu, em Pequim, agradecer pela medalha, mas acabou cercado pelos novos fãs chineses.

Após obter 12 medalhas douradas no Pan-Americano do Rio de Janeiro, a natação recebeu seu primeiro baque com a suspensão, por doping, de Rebeca Gusmão – um dos destaques daquela competição. Os outros deslizes acabaram ocorrendo em Pequim mesmo, principalmente com Thiago Pereira, até então o mais badalado atleta da modalidade no país. Também com o revezamento 4 x 100 m, prova em que o Brasil havia sido bronze em Sydney-2000. Na China, a equipe foi desclassificada na eliminatória, após Nicholas Santos queimar a sua saída.

"Nossa geração é muito boa. Não só eu, mas o Thiago, o Nicholas, o (Guilherme) Guido têm condições de brigar pelo pódio em vários estilos. Não apenas chegar em finais. Estava faltando o resultado", afirmou Cielo.

O primeiro a respirar aliviado foi o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes. Parecia ter tirado um peso das costas pela certeza de que novas gerações, e principalmente dinheiro, estão garantidas.

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"A medalha vai dar mais duas gerações à natação. O ouro representa a criação de um ídolo, uma motivação a mais para os jovens", afirmou o dirigente. "Vão aumentar a mídia, o que nos possibilitará conseguir mais recursos. E peço, por favor, que coloque o nome dos Correios aí, pois será muito importante para essa nova fase", pediu. No ano passado, Nunes foi acusado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, de divulgar pouco o patrocínio da empresa, que investiu R$ 7,4 milhões na modalidade neste ano olímpico.

O dinheiro esperado também garante o planejamento até os Jogos de 2012, em Londres. A programação deverá manter a mesma linha da desenvolvido para Pequim. "Para o novo ciclo vamos apostar na qualidade. Começaremos com um número maior de atletas e, aos poucos, vamos dando mais atenção para quem se destaca", explica o coordenador técnico da CBDA, Ricardo Moura.

Mas ele, também como Coaracy, comemora o crescimento do material bruto, o que deve refletir em maior descoberta de talentos.

"O ouro significa um divisor de águas. A imagem dele vai aumentar a base. Nós precisamos dos ídolos para que mais crianças procurem a natação e para criar a esperança em quem já faz."