Emanuel sinaliza para Ricardo, durante partida contra a dupla australiana Schacht e Slack: brasileiros não param de treinar nem em dia de jogo.| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo

Falta de entrosamento não é desculpa, diz Ana Paula

Ana Paula e Larissa perderam o primeiro jogo da dupla ontem: foram derrotadas pelas australianas Cook e Barnett por 2 a 0 (23/21 e 23/21), e acabaram ficando com o segundo lugar no Grupo C no torneio feminino de vôlei de praia.

A substituta de Juliana, no entanto, disse que não é possível culpar a falta de entrosamento – embora em várias jogadas as duas tenham batido cabeça, especialmente na relação bloqueio-defesa. "Entrosamento não é desculpa, apenas não fomos felizes", afirmou Ana Paula.

A próxima fase tem jogos previstos para hoje, a partir das 22h (horário de Brasília), e se encerra no sábado, às 8 h.

No jogo dessa quarta-feira, as brasileiras cometeram muitos erros, principalmente Larissa

A outra dupla nacional, formada por Talita Rocha e Renata Ribeiro, venceu as irmãs Stefanie e Doris Schwaiger, da Áustria, por 2 sets a 0, parciais de 21/18 e 21/19 e garantiu classificação para as oitavas-de-final pela chave F. A dupla fecharia sua participação na primeira fase hoje, à 1 h (horário de Brasília), contra as gregas Karantasiou e Arvaniti.

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Há uma pequena videoteca na memória do HD (disco rígido) do notebook do paranaense Emanuel. O suficiente para que ele e seu parceiro, o baiano Ricardo, não se preocupem com o que os espera pela frente, nas oitavas-de-final da Olimpíada de Pequim – a dupla adversária seria definida na madrugada de hoje. Sabendo quem é, basta ligar a máquina e selecionar o arquivo.

Ricardo e Emanuel sequer assistem aos jogos na arena. Apenas usam a areia para treinar e atuar. Em uma competição olímpica, onde qualquer hora perdida é preciosa, quanto menos preocupação, mais concentração.

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"Para ser sincero, não assisti a nenhum jogo desta Olimpíada. Nós temos vídeos de todas as duplas que estão aqui. Quem vier, nós temos todos os dados deles e, a partir disso, traçamos a nossa estratégia", afirma o paranaense.

O inverso também é verdadeiro, mas não preocupa. "Até porque em uma Olimpíada não se pode esconder o jogo para mostrar em outras fases, pois daí se corre o risco de não chegar".

Exemplo disso foi a última partida, contra os australianos Schacht/ Slack. Mesmo já classificada, a dupla brasileira teve de utilizar todas as artimanhas para vencer os adversários (21/14 e 21/17) que enfrentaram em Atenas. "Sabíamos que ia ser difícil, eles melhoraram muito de lá para cá", analisa Ricardo.

Embora a fase classificatória tenha acabado – três vitórias em três jogos –, a chegada do mata-mata não fará a rotina da dupla mudar. Ricardo e Emanuel treinam todos os dias, inclusive nos que têm jogos. Tudo para evitar qualquer tipo de surpresa.

"Sabemos que em Olimpíada sempre ocorrem surpresas, e quem quer chegar tem de estar preparado. Por isso, não vai mudar nada para mim, pois entramos com tudo para sair bem dessa fase e crescer dentro da competição", diz Emanuel. "Agora é a hora em que vai afunilando. E é nessa hora que concentração faz a diferença", completa Ricardo.

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À medida que a dupla vai avançando na competição, também aumenta o número de torcedores brasileiros na arquibancada – o que significa um acréscimo proporcional na distribuição de autógrafos.

Ontem, na saída da zona mista, a dupla foi parada diversas vezes para fotos. Enquanto o paranaense atendia um torcedor para tirar retrato, ouvia dele: "Jogão, perdi a voz de tanto gritar". A resposta: "Amanhã você acha (a voz) e volta de novo".