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Tiago Camilo comemora a medalha de bronze, dedicada ao irmão, o também judoca Chicão Camilo. | Jonathan Campos – enviado especial/ Gazeta do Povo
Tiago Camilo comemora a medalha de bronze, dedicada ao irmão, o também judoca Chicão Camilo.| Foto: Jonathan Campos – enviado especial/ Gazeta do Povo

Caminho do bronze

Arrancada

As duas primeiras lutas mostraram o atual campeão mundial em excelente forma. Com uma postura muito ofensiva, Camilo passou pelo japonês Takashi Ono, por waza-ari, e pelo iraniano Hamed Malek, por ippon.

Surpresa

Campeão do mundo em 2005, mas apenas 23º no ano passado, o alemão Ole Bischof tirou o brasileiro da briga pelo ouro – que ele mesmo conquistaria mais tarde. O europeu aproveitou um contra-ataque para obter o primeiro waza-ari. Camilo teve de se abrir e tomou outro contragolpe. A arbitragem anotou mais um waza-ari – duvidoso e muito contestado pelo brasileiro –, que, conseqüentemente, rendeu o ippon a favor de Bischof.

Recuperação

Mesmo abalado, Camilo controlou a luta contra o norte-americano Travis Stevens, que abriu a repescagem. O adversário foi punido duas vezes e o brasileiro conseguiu um koka. O oponente ainda descontaria com um insuficiente yuko. Na luta seguinte, mais confiante, Camilo abriu um waza-ari de vantagem sobre o britânico Euan Burton. Depois, só administrou o combate, chegando a levar duas punições antes do fim.

Confirmação

O duelo final pelo bronze, contra o holandês Guillaume Elmont, demorou para esquentar. O brasileiro chegou a ser punido por falta de combatividade, mas respondeu com o golpe ouchi-gari, que lhe rendeu um waza-ari. Para não deixar dúvidas, ainda imobilizou o rival até que ele desistisse.

  • Judocas brasileiros no pódio

Tiago Camilo deixou o tatame após a derrota para o alemão Ole Bischof, nas quartas-de-final da categoria meio-médio (até 81 kg), destruído emocionalmente. Sem chances de seguir na briga pela medalha de ouro, o judoca via o trabalho de oito anos se perder – ele havia ficado de fora dos Jogos de Atenas-04 por ter perdido a seletiva nacional para o carioca Flávio Canto.

Foi aí que veio a solução, dentro do banheiro da Arena Olímpica de Judô, em Pequim, enquanto lavava o rosto e se olhava no espelho. Camilo se lembrara do filme que havia assistido na noite anterior, Desafiando Gigantes, de Alex Kendrick, presente da mãe de outro judoca, João Derly, seu colega de treinos em Porto Alegre.

A história conta a saga de um fracassado treinador de futebol americano que encontra as respostas para a sua vida na Bíblia. "Existiam dois fazendeiros que imploraram a Deus por chuva. A prece foi atendida, mas apenas o produtor que havia preparado a terra antes pôde fazer a colheita", disse, citando uma parábola bíblica.

Camilo, neste caso, era o fazendeiro precavido. Na hora, ainda no vestiário, passou a mão no telefone e ligou para o irmão Luiz Francisco Camilo, o Chicão, também atleta de judô. "O Chicão me ajudou muito a me motivar novamente. Falou que essa medalha e essa Olimpíada tinham um nome: Tiago Camilo. Isso mexeu comigo", revelou, com a voz embargada.

O lutador deixou o banheiro revigorado espiritualmente. Tanto que surrou o britânico Euan Burton, se credenciando para brigar pelo bronze com o holandês Guillaume Elmont. Outro triunfo, e a segunda medalha olímpica estava garantida – foi prata em Sydney-2000.

"O bronze para mim vale como ouro. Me dediquei muito para buscar o ouro. Foi difícil me reerguer depois da derrota. Coloquei todo o povo brasileiro no meu coração e fui. No momento em que eu tive mais dificuldade, só pensei no povo brasileiro", afirmou ele, apelidado de Senhor Ippon pela impressionante série de sete golpes perfeitos em sete combates durante o Campeonato Mundial, ano passado, no Rio de Janeiro. "É isso aí Chicão, estou muito feliz, feliz para c...", explodiu, logo após a cerimônia do pódio, novamente numa conversa rápida por celular com o irmão.

História

O bronze, o terceiro do judô brasileiro na China – Leandro Guilheiro e Ketleyn Quadros foram os outros medalhistas –, fez com que a modalidade idealizada pelo japonês Jigoro Kano ultrapassasse a vela, assumindo a liderança do ranking de esportes que mais deram medalhas para o Brasil em Olimpíadas. O judô tem agora 15 premiações, contra 14 da vela e 13 do atletismo. Esta última ainda não estreou em Pequim.

Na TV

Judô, a partir da 1 h, no SporTV, ESPN Brasil, BandSports, Band (flashes) e RPC TV (flashes).

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