Título olímpico ameniza tragédia familiar do técnico dos EUA
A história de Hugh McCutcheon tem tudo para virar filme de Hollywood. O enredo, com assassinato, mistério, superação e vitória, aborda a trajetória do técnico que liderou a seleção dos Estados Unidos de vôlei masculino ao título olímpico em Pequim. Nas primeiras partidas, ele ficou fora do banco por uma tragédia familiar. Depois, mesmo com os problemas, retomou o trabalho e fechou a saga em Pequim, ontem, com o merecido ouro.
"Estou muito triste por ter perdido meu sogro e pelo sofrimento de minha mulher, mas, por outro lado, orgulhoso do nosso time", declarou McCutcheon, em entrevista coletiva, sem sorrir em nenhum momento, apesar da conquista na China. "Quando vi que minha sogra estava melhor, me encorajei a voltar", prosseguiu. "Infelizmente, não havia mais nada a fazer por meu sogro."
No dia 9 de agosto, sábado, véspera da estréia dos Estados Unidos na competição, diante da Venezuela, os sogros do técnico, Todd e Barbara Bachman, passeavam num ponto turístico de Pequim quando foram abordados por Tang Yongming. O chinês, de 47 anos, matou Todd a facadas e agrediu Barbara, que foi internada em estado grave. Em seguida, o assassino se suicidou.
Barbara se recuperou e voltou para os Estados Unidos acompanhada de Elisabeth, sua filha e mulher de McCutcheon, ex-jogadora da seleção feminina de vôlei. O treinador pensou em abandonar a seleção durante a Olimpíada, mas foi convencido pelo grupo e por Elisabeth a permanecer. Voltou à direção nos jogos finais da primeira fase.
Os atletas dedicaram o título a ele após os 3 a 1 sobre o Brasil Até o atacante Giba mostrou comoção com o caso e lhe dirigiu palavras de conforto. "Quero parabenizá-lo pela conquista, mas sei que o título significa muito pouco perto da tragédia de sua família", afirmou o brasileiro. "O vôlei é apenas um jogo."
McCutcheon nasceu na Nova Zelândia, onde iniciou a carreira de jogador de vôlei. No início dos anos 90, mudou-se para os Estados Unidos e prosseguiu atuando profissionalmente. Em fevereiro de 2005, foi escolhido técnico da seleção principal norte-americana, na qual é muito respeitado e tem prestígio com o grupo.
Agência Estado
Quem esperava que Giba fosse desabafar após a final olímpica, vencida pelos Estados Unidos, ontem, por 3 a 1 (20/25, 25/22, 25/21 e 25/23), se decepcionou. Nada de colocar o dedo nas feridas e apontar culpados pelo segundo insucesso seguido da seleção brasileira masculina de vôlei em julho, o time chegou apenas em quarto na fase final da Liga Mundial, disputada no Rio de Janeiro.
O atacante manteve o tom politicamente correto. De novidade, apenas a oficialização da data de despedida do uniforme verde-e-amarelo. "A minha idéia é 2010 (no Mundial na Itália). Se der para ir mais para frente, quem sabe? Mas até por uma necessidade da minha família, pretendo seguir só até 2010", afirmou o jogador, nascido em Londrina, mas radicado em Curitiba.
A intenção de parar com a seleção buscando o tricampeonato do mundo dentro da Itália, antiga rival do Brasil, faz parte de um pacto antigo que Giba mantinha com Ricardinho, com quem trocou farpas recentemente via imprensa. O levantador foi cortado do time durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro após bater de frente com o técnico Bernardinho, reivindicando folgas e premiações para o grupo. "Vou esperar baixar a adrenalina para pensar com calma em tudo o que aconteceu."
Sobre o ex-amigo e parceiro de quarto por mais de sete anos, nenhuma palavra.
Diferentemente do meio-de-rede Gustavo, que já anunciou que não defende mais o país, o camisa 7 revelou que o fato de ter perdido a chance de se tornar bicampeão olímpico o ajudou a tomar a decisão de prosseguir. Contudo, a tendinite no ombro direito que o tirou dos primeiros jogos em Pequim, aliada à necessidade de tirar férias, deve fazer com que o atleta seja preservado no ano que vem.
"Quer motivação maior do que tentar recuperar o ouro? O jeito é procurar construir de novo a mesma família", disse, usando um termo constantemente propagado pelo treinador para se referir ao grupo.
Há, porém, indícios de que a "Família Bernardinho" já não é mais a mesma, por isso as derrotas recentes. A relação de quase oito anos dos jogadores com o técnico estaria desgastada, a ponto de os líderes do elenco pedirem para o "chefe" maneirar na intensidade das broncas. A reunião aconteceu durante a disputa da primeira fase da Olimpíada.
"Não existe nada disso. Não dá para ficar arranjando explicação com a cabeça do jeito que eu estou. Fizemos o melhor, mas infelizmente o melhor não foi suficiente", argumentou.
Giba deixaria a capital chinesa hoje, seguindo direto a Curitiba para acompanhar o parto da esposa, Cristina Pirv, ex-jogadora de vôlei, que dará à luz o segundo filho do casal, Patrick. A previsão é de que o menino nasça ainda neste mês. "Tomara que ele espere o pai", brincou.
Após a folga, o paranaense viaja para a Rússia, meio que a contragosto, para cumprir o segundo dos três anos de contrato que assinou com o Iskra Odintsovo. Giba chegou a negociar seu retorno ao Brasil, mas nenhum clube nacional aceitou pagar a elevada multa rescisória.
"Espero que com esse título das meninas (campeãs olímpicas) o vôlei brasileiro fique ainda mais valorizado e surja algum clube que possa pagar a minha rescisão contratual para eu voltar a jogar no país", ressaltou, entregando no olhar a consternação de quem não está habituado ao segundo lugar do pódio.
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