Você em Pequim: Mande fotos das suas experiências durante os Jogos Olímpicos
O Brasil não conquista uma medalha de ouro no atletismo desde Los Angeles/1984, quando Joaquim Cruz ganhou de forma brilhante os 800 metros. O País pode, agora, considerar o jejum terminado, ao menos parcialmente: Irving Saladino subiu ao topo do pódio no salto em distância, nesta segunda-feira, com a marca de 8,34 metros, e deu metade de seu ouro para os brasileiros.Saladino, de 25 anos, nasceu em Colón, no Panamá, mas vive desde 2004 em São Paulo, onde é treinado por Nélio Moura - o mesmo que comanda as brasileiras Maureen Maggi e Keila Costa. Mora na região do Ibirapuera, em um apartamento alugado, e até pouco tempo atrás namorava a pernambucana Keila. "A medalha é metade do Panamá e metade do Brasil", declarou, sorridente.
O triunfo do atleta é histórico para seu país. Nunca a nação da América Central havia obtido um ouro em Jogos Olímpicos - até esta segunda-feira, eram apenas dois bronzes. "Me disseram que virou dia de folga no Panamá por causa da minha vitória, que há carros na rua e muita festa", contou Saladino, orgulhoso. "Nem imagino como vai ser quando chegar lá."
Saladino, atual campeão mundial, se diz adaptado a São Paulo, embora considere a cidade "muito agitada". Seu planejamento é ficar no Brasil até a Olimpíada de Londres/2012 e, em seguida, encerrar a carreira. "Nossa vida é de sacrifício, sinto dores e tive lesões recentemente."
O panamenho ajudou bastante a diminuir a decepção do atletismo brasileiro nesta segunda-feira. A comissão técnica e os dirigentes da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) não se conformavam com o sumiço de uma das varas de Fabiana Murer e sua despedida sem medalha dos Jogos. O clima de tristeza acabou amenizado com a conquista no salto em distância. "Foi emocionante", afirmou Nélio. "O Saladino tem grande potencial e mereceu o ouro."
A comemoração será primeiro no Panamá e depois no Brasil, onde retomará o trabalho. Saladino foi acompanhado no pódio por Khotso Mokoena, da África do Sul, que saltou 8,24 metros, e Ibrahim Camejo, de Cuba, com 8,20 metros. "O ouro olímpico vale muito mais que o título mundial", afirmou o eufórico panamenho.
Seu próximo objetivo, revelou, é quebrar o recorde mundial, de 8,95 metros, que pertence ao norte-americano Mike Powell desde 1991.