Envergonhado com o seu desempenho, Jadel Gregório esconde o rosto sob o olhar do britânico Onochie Achike, sétimo colocado.| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo

Jadel Gregório tentou esconder a decepção. Na zona mista, vestindo sua tradicional touca branca, parou apenas na área reservada para as televisões. Tentava sorrir. Falou com uma emissora brasileira e, depois, deu adeus a todos, dizendo que estava sem voz. Aumentou o passo, mas quando saiu de tras de uma pilastra veio a explicação: estava segurando o choro. Ali, desabou. Já com os olhos vermelhos, olhou em volta, disse que voltava e partiu mais rápido ainda.

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A derrota para o português Nelson Évora (17,67 m), o inglês Phillip Idowu (17,62), o atleta de Bahamas Leevan Sands (17,59), o cubano David Girat (17,52) e o romeno Marian Oprea (17,22) não teve como ser explicada pelo atleta. Cotado para o ouro, acabou em sexto lugar, uma posição abaixo de Atenas-2004.

"Eu me preparei muito bem. Deixei de participar de algumas competições para chegar aqui bem. Talvez tenha faltado mais velocidade. Mas é a vida. Talvez tenha sido falta de sorte", afirmou para a tevê. "Não sei o que houve. Fiz o que pude, mas não deu", disse, já na saída do estádio, com a cabeça fria, depois de refletir sobre a nova derrota olímpica.

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Em Atenas, o triplista também havia chegado com pose, mas saído de cabeça baixa com o quinto lugar. Em Pequim, depois do vice-campeonato mundial e do ouro no Pan do Rio, em 2007, foi ainda pior.

Logo na chegada na China, mudou de vôo por conta própria, deu bolo nos jornalistas e, depois, em uma rápida entrevista, afirmou que não pensava nos adversários, pois seu grande adversário era ele mesmo. Até parecia mais maduro.

Mas nos treinamentos o atleta teve a primeira baixa. Um de seus técnicos, Pedro Toledo, deixou Pequim afirmando que iria encerrar a carreira. E reclamando que Jadel não estava utilizando seus conselhos, que tantos frutos deram a João do Pulo – antes, havia dito que o atleta tinha o gênio difícil.

Na preliminar, o triplista chegou ao ápice da soberba. Afirmou, na terceira pessoa, que "Jadel Gregório estava preparado para quebrar a sua melhor marca". No caso, 17,90 metros.

Mas na prova de ontem, a realidade do brasileiro foi bem diferente. Em seus seis saltos, conseguiu, apenas no último, um 17,20 metros, insuficiente para o bronze desde a primeira rodada de pulos. Para se ter uma idéia da ineficiência do paranaense, contando todos os saltos dos atletas, o seu foi apenas a 18ª marca.

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Pareceu surpresa aos brasileiros, e principalmente ao COB, mas não aos chineses. No edição de ontem do jornal China Daily, havia uma matéria de página inteira falando do salto triplo. Jadel nem foi citado. Mas ele não desiste, afirma que vai tentar Londres.

"Ainda sou novo", finaliza.

Nem tanto, fará 28 anos no dia 16 de setembro.