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Jadel Gregório pula para fazer história hoje, a partir das 9h25 (de Brasília), no Ninho de Pássaro, em Pequim. O atleta paranaense tenta retomar o capítulo mais glorioso do atletismo brasileiro, na final do salto triplo. A prova já deu seis medalhas olímpicas ao país: dois ouros com Adhemar Ferreira da Silva (Helsinque-1952 e Melbourne-1956); uma prata (Cidade do México-1968) e um bronze (Munique-1972) com Nelson Prudêncio; e outros dois bronzes com João do Pulo (Montreal-1976 e Moscou-1980).

Jadel faz planos ambiciosos para interromper esse jejum de 28 anos. A meta dele é superar a sua melhor marca – 17,90 metros –, o atual recorde sul-americano, registrado no ano passado. Durante as eliminatórias, na segunda-feira, o paranaense de Jandaia do Sul saltou 17,15 metros, usando somente uma das três tentativas a que tinha direito, se classificando na nona posição. O britânico Phillips Idowu, com 17,44 metros, passou em primeiro lugar.

O melhor, ele garante ter guardado para a final. "Estou me sentindo bem, preparado para disputar a final. Na decisão só Deus sabe o que pode acontecer", disse ele. "Meu objetivo é saltar o meu melhor. E como o meu melhor é 17,90, então pretendo pular 17,91, 17,92...", afirmou, esbanjando confiança.

Uma boa performance na China servirá para apagar a frustração de quatro anos atrás, em Atenas. Isolado e enigmático ao longo de toda a competição, ele acabou em um decepcionante quinto lugar, saltando 17,31 metros. No fim, deixou a Grécia reclamando da comida servida à delegação brasileira durante a aclimatação do atletismo, na Espanha.

Na China, Jadel também tem uma trajetória envolta em mistério. Dispensou a preparação com a equipe brasileira em Macau para chegar mais rápido a Pequim. Atendeu a imprensa apenas duas vezes: no desembarque na Vila Olímpica e logo após a prova de classificação.

Neste meio tempo, acabou sem treinador. O inglês Peter Stanley, seu técnico principal, está dedicado apenas à equipe da Grã-Bretanha. Pedro de Toledo, o Pedrão, chamado para acompanhar o triplista em Pequim, voltou ao Brasil, chateado por não conseguir ficar mais próximo do atleta. Nada, porém, que preocupe o paranaense.

"É dar o meu melhor e fazer o que sei fazer", resumiu.

Na final de hoje, Jadel não precisará duelar com o sueco Christian Olsson, atual campeão olímpico, que desistiu de tentar o bi. Uma lesão no tendão da perna direita deve abreviar a aposentadoria do europeu.

O rival de agora atende pelo nome de Nélson Évora, cabo-verdiano naturalizado português, que bateu Jadel na decisão do título mundial, em Osaka, no Japão, no ano passado – o brasileiro terminou na segunda posição.

Na fase classificatória, Évora fez apenas o suficiente para garantir uma vaga na decisão, pulando 17,34 metros, 19 centímetros à frente do brasileiro. "Não tenho que ficar preocupado com ninguém. Preciso pensar apenas no Jadel", justificou ele, apostando na preparação de três anos na Inglaterra com o técnico britânico Peter Stanley. "Com o preparo que eu tenho hoje, não há com o que me preocupar."

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