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Pequim - Quando der o primeiro salto hoje no Estádio Nacional (Ninho de Pássaro), em Pequim, Maurren Higa Maggi estará acertando as contas com o passado. A atleta ainda não engoliu a punição por doping imposta pela federação internacional a poucos dias da Olimpíada de Atenas, em 2004. Um creme para depilar as pernas quase acabou com a carreira da saltadora, impedida de competir por dois anos.

Na época, Maurren era tida como a favorita a arrematar a medalha de ouro na Grécia. O destino, porém, pregou uma peça nesta paulista de 32 anos. "Foi o pior momento da vida da Maurren. Ela não sorria, não tinha vontade de fazer mais nada. Quase ficamos loucos", conta o pai da esportista, Willian Maggi, um autêntico beatlemaníaco, que resolveu batizar a filha com o mesmo nome da esposa de Ringo Star, bateirista da banda de Liverpool. "Será que alguém se perguntou qual motivo ela teria para se dopar? E ainda por cima com um creme?"

Maurren ficou grávida durante a suspensão, o que aumentou a sua vontade de largar o esporte. Queria se dedicar exclusivamente à filha. Mas foi justamente o nascimento de Sofia, hoje com 3 anos, e os seguidos conselhos do amigo Nélio Moura, seu treinador desde quando era juvenil, com 16 anos, que fizeram com que a atleta revisse sua decisão. "O Nélio arrumava qualquer pretexto para levá-la à pista. Queria reascender nela a paixão pelo atletismo. Ela acabou se recuperando ao poucos, muito por empenho dele", relembra Willian.

Passado o sofrimento, a saltadora conseguiu se credenciar à briga pelo pódio olímpico novamente. Vice-campeã no Mundial Indoor de Valencia-ESP, no ano passado, e atual campeã pan-americana, Maurren chega à China como favorita. "Estou mais experiente e na briga por medalha", crava, projetando pular mais de 7 metros para chegar à cerimônia de premiação, marca que ainda não atingiu neste ano. "Tomara que esteja guardada (para a final)."

Maurren foi apontada como favorita ao ouro na prévia olímpica publicada pela revista americana Sports Illustrated. Um peso que a experiência adquirida pela participação a Sydney ajudará a diminuir. "Já tenho uma referência. Isso conta bastante. É claro que sinto a pressão, mas é uma responsabilidade boa. É legal saber que você está sendo cotada, está sendo lembrada. Isso é muito bom para mim", comentou.

Quanto à principal rival no caminho da medalha que pretende ganhar – "não importa qual, vou agarrar a que estiver mais perto", diz –, a saltadora tem seu nome na ponta da língua: "A portuguesa mesmo (Naide Gomes). No nosso último confronto (Meeting de Atletismo de Madri, em julho) eu ganhei, e isso conta bastante", avisa.

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