As meninas do futebol feminino brasileiro afirmam que não escolherão adversários na corrida pelo ouro olímpico, mas chegaram a soltar um "ufa!" quando souberam que o adversário de sexta-feira, às 7 horas (de Brasília), pelas quartas-de-final, será a Noruega.
Afinal, escaparam da arapuca da seleção alemã, que, com vitórias minúsculas sobre Coréia do Norte e Nigéria, facilitou o primeiro lugar brasileiro na chave F. De bondade não há nada: as européias tentavam apenas escapar dos EUA, as atuais campeãs olímpicas.
Antes de a rodada começar, tudo levava a crer que o líder do grupo F, o do Brasil, cruzaria logo de cara com as norte-americanas, que tinham tudo pra ficar na segunda colocação do G. Mas o Japão mudou toda a lógica ao vencer a Noruega por 5 a 1.
Agora, os EUA só terão chance de encarar o Brasil na final.
"Se quisermos ganhar o ouro, não podemos escolher adversário, temos que vencer quem vier pela frente", afirma Marta.
Ela está com o cabelo lisinho, encharcado de gel, e não atuou muito bem contra a Nigéria. Os 3 a 1 foram reflexo da atuação individual de Cristiane, que desencantou. As duas juntas ainda não formaram a dupla eficaz que se espera, vivem o efeito gangorra. Também por isso enfrentar a Noruega é uma boa pedida.
"Quando uma não está bem, temos a outra", afirmou Jorge Barcellos, o técnico brasileiro. Ele estava preparado para enfrentar os EUA, mas teve de estudar a Noruega com mais calma ontem à noite.
Antes mesmo de uma conclusão, já sabia que, primordialmente, seria necessário resolver também os problemas brasileiros: melhorar o passe e a concentração.
"Atingimos o nosso principal objetivo, que era classificar. Não escolhemos posição, mas, se quisermos continuar avançando, temos de entrar mais atentas. Estamos precisando sempre de 20 minutos para acordar", analisou a paranaense Renata, que confessa não conhecer tão bem o adversário de amanhã como conhecia as rivais norte-americanas. "Com as americanas nós jogamos dois amistosos antes da Olimpíada."
Na verdade, a Noruega já foi uma grande seleção do futebol feminino nos anos 80 e 90. Com a primeira geração de atletas, foi campeã européia em 87 e 93; campeã mundial em 95; bronze em Atlanta-96 e ouro em Sydney-2000.
Mas a renovação forçada levou a equipe ao outro extremo. Em 2004, por exemplo, nem conseguiu se classificar para Atenas. Depois de novas baixas no ano passado Ragnhild Gulbrandsen, Lise Klaveness, Camilla Huse e a goleira Bente Nordby a equipe foi reformulada novamente. Dessa vez, priorizou a defesa e confiou toda a armação na meia Solveig Gulbrandsen. Experiente, ela é remanescente do ouro olímpico.
Em Sydney, a Noruega bateu o Brasil na decisão da medalha de bronze: 2 a 0. Mas isso já faz oito anos.
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