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Quando ela caminhar para o bloco de largada no Cubo D'Água, em Pequim, a nadadora de estilo livre camaronesa Antoinette Guedia vai estar ao lado de rivais muito maiores que ela e diante de uma piscina que é dobro da que ela está acostumada.

Com 12 anos e 10 meses, Guedia é a mais jovem atleta competindo nos Jogos de Pequim. E ela pode contar nos dedos de uma mão as vezes em que competiu em uma piscina de tamanho olímpico oficial

"É um pouco opressivo. Eu sou pequena", disse Guedia em um francês cantado, enfeitada com uma colar de pedras verdes, vermelhas e amarelas escrito "África" que ela usa para dar sorte.

Ela vai enfrentar nadadoras de todas as idades na prova feminina dos 50 metros livre, na sexta-feira, incluindo Dara Torres, de 41 anos, que ganhou prata para os Estados Unidos no revezamento 4x100m livre.

"É incrível estar aqui na minha idade. Estou orgulhosa", disse Guedia à Reuters na Vila Olímpica, onde jogadores de vôlei e levantadores de peso a fazem parecer muito pequena.

Apelidada de "Campeã" pelas suas amigas de escola em Camarões, Guedia segue treinando na mesma piscina de 22 metros em um hotel onde ela aprendeu a nadar aos 8 anos.

A piscina a céu aberto é a maior disponível em Douala, maior cidade de Camarões, onde a família mora. Antes de chegar a Pequim, Guedia competiu apenas uma vez em uma piscina de 50 metros, quando participou dos Jogos Africanos, em 2007 na Argélia.

Guedia ganhou seu primeiro troféu ao vencer um torneio regional de natação poucos meses depois das primeiras lições na água. Depois de três anos ela era campeã camaronesa de natação.

"Eu ainda me lembro, fiquei tão feliz", disse ela sobre ter conseguido seu primeiro troféu em uma piscina de 18 metros. "Eu comecei atrás das outras, mas no fim, não sei o que aconteceu, eu passei todo mundo. Depois disso, comecei a ganhar tudo", ela disse.

FAST FOOD E SONHOS

O quarto de Guedia ficou tão cheio de troféus que seu pai - um oficial de alfândega e fanático por esportes, cujo maior sonho está se tornando realidade ao ver a filha na Olimpíada - passou alguns deles para que parentes tomem conta.

Guedia não está deixando o sucesso subir à cabeça.

Ela leva a escola a sério e seus treinadores dizem que competir em Pequim é mais um treino para prepará-la para os Jogos da Juventude, na Índia, ainda este ano.

"Comecei a nadar porque meu pai pensava que seria um bom hobby. A competição foi uma grande surpresa", disse Guedia. Alguns críticos não concordam com a participação de crianças em competições de adultos de alta pressão, mas Guedia, de chinelos, camiseta vermelha e jeans verde rasgado é mais relaxada do que as nadadoras mais velhas estressadas sobre como conseguir ganhar uma vantagem de mais um centésimo de segundo.

Ela escuta hip-hop para acalmar os nervos e, para deleite de qualquer criança, come fast food no restaurante da Vila. Ela também sonha com o futuro.

A capital de Camarões, Yaounde, planeja construir uma piscina olímpica, mas a cidade fica a várias horas de táxi para Guedia. "Eu quero ir para fora do país", diz ela. "Acho que posso progredir mais."

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