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Marcos e Fabíola chegaram a pensar duas vezes antes de aceitar o convite de trabalho na China, sofreram um pouco no começo, mas hoje nem cogitam deixar Pequim. |
Marcos e Fabíola chegaram a pensar duas vezes antes de aceitar o convite de trabalho na China, sofreram um pouco no começo, mas hoje nem cogitam deixar Pequim.| Foto:

Os olhos puxados de Marcos Komei Makishi enganam. Ele não é chinês, apesar de morar em Pequim. É, na verdade, descendente de japonês. E paranaense de Maringá – curitibano por adoção, afinal, viveu mais de duas décadas na capital.

Marcos, de 36 anos, e a esposa, Fabíola Meglin Makishi, de 29, são um pedacinho de Curitiba na China. Sujeitos típicos, facilmente encontrados na Rua XV, o gerente de informática e a administradora de empresas se mudaram para Pequim há 11 meses com a idéia de desbravar o desconhecido. Se encantaram. Tanto que, quando voltaram ao Brasil, em julho, para passar férias, sentiram falta de Pequim. "Não víamos a hora de voltar para casa", conta Fabíola, uma dedicada estudante de mandarim. "Falo com desenvoltura e já estou escrevendo algumas palavras."

E ai de quem falar mal da cidade. "Distorcem muito. A poluição, por exemplo. Sabemos que existe. Só que eu nunca tive problema", ressalta ele.

Mas nem sempre foi assim. Quando Marcos voltou para casa com a proposta de transferência debaixo do braço, no primeiro semestre do ano passado, Fabíola gelou. A China não parecia atraente. "Tive de mudar de vida. Larguei o emprego, a família... Não foi uma decisão fácil de ser tomada", recorda.

Pequim assusta à primeira vista. Muito grande, muita gente e muitos prédios. Algo impensável em Curitiba e seus pouco mais de 1,8 milhão de habitantes. O choque cultural é inevitável. "Não podia pensar assim. Era a oportunidade de morar fora, num país com grande crescimento, um líder global. O país do futuro", ressalta Marcos, funcionário de uma multinacional.

A qualidade de vida na capital chinesa é maior, eles garantem. Incorporaram novos hábitos, como fazer exercício logo ao amanhecer no parque perto de casa e andar de bicicleta, características marcantes dos pequineses. "Aqui não tem violência. Nada de pôr película no carro ou ficar com medo de sair à noite", comenta a senhora Makishi.

E, com a ajuda ONG Braspeq (brasileiros em Pequim), velhos costumes, como comer pão de queijo e feijoada e participar de Festas Juninas, puderam ser mantidos no Oriente. "Na deste ano, só faltou quentão e pinhão mesmo", dizem.

Pequim, contudo, deve ser apenas mais um capítulo na vida da dupla. "Viemos para ficar dois anos ou até mais, mas talvez tenhamos de ir embora antes", revela Marcos, preferindo não entrar em detalhes.

A dupla comprou um número considerável de ingressos para torcer pelo Brasil na Olimpíada. Vôlei, vôlei de praia, futebol, natação e atletismo foram as modalidades escolhidas. "Curitiba será sempre o nosso porto seguro. Quando tudo isso acabar, nós voltamos", afirma Fabíola, entregando um desejo de curitibana "leite quente" que ainda não conseguiu matar em Pequim. "Pastel da feira. Aquilo é bom demais."

Na conta dos Makishi, só falta isso para o sonho chinês ser perfeito.

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