A brasileira Paula Pequeno é um dos trunfos do técnico Zé Roberto na semifinal diante das anfitriãs: preocupação com a ansiedade.| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

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Quatro anos depois da traumática derrota para a Rússia em Atenas, a seleção feminina de vôlei volta a brigar nesta quinta-feira (21), às 9h (de Brasília), por uma inédita vaga na final olímpica. A adversária é a China, atual campeã. A partida terá transmissão da RPC-TV. Estados Unidos e Cuba jogam pela outra vaga às 1h30m.

É a quinta vez consecutiva que as meninas do Brasil chegam à semifinal. Em Barcelona-92, a derrota para a ex-URSS nem chegou a ser uma tragédia. Era a primeira vez que o Brasil se colocava entre as quatro melhores. Mas a partir daí, os fracassos nas tentativas de chegar à final viraram um drama.

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Em Atlanta-1996, o time com Ana Moser, Márcia Fu e Fernanda Venturini foi derrotado por Cuba por 3 sets a 2 em partida que acabou em briga entre as jogadoras. Quatro anos depois, em Sidney, derrota para o mesmo adversário e com o mesmo placar. E em 2004, a inacreditável derrota para as russas, depois de o Brasil abrir 2 sets a 1 e 24 a 19 no quarto set.

Seis jogadoras estavam no grupo que levou a virada das russas em 2004: Fofão, Mari, Walewska, Valeskinha, Sassá e Fabiana, além do técnico José Roberto Guimarães, que nega qualquer comparação entre as duas situações.

- Daquele jogo, não dá para aproveitar absolutamente nada. Algumas jogadoras que estão aqui agora, jogaram aquela partida. Mas a Mari e a Fabiana, por exemplo, tinham 19 anos. Todas elas têm que estar concentradas no jogo. Não podem pensar no passado - analisa o treinador.

Para Zé Roberto, a chance de chegar à segunda final olímpica (ele foi campeão com o masculino em Barcelona) também é completamente diferente. Em 2004, ele assumiu o time meses antes das Olimpíadas, para acabar com uma crise entre as jogadoras e o técnico Marco Aurélio Motta.

- Em 2004, eu tive seis meses para montar o time. E a nossa campanha nas Olimpíadas foi diferente. Praticamente não fomos testados na primeira fase, pois caímos em uma chave muito fácil. Agora enfrentamos seleções fortes na primeira fase e mostramos força - explica ele.

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Nada de favoritismo brasileiro

Assim como foge de comparações com o passado, Zé Roberto e as jogadoras negam o status de favorito que o Brasil ganhou com o título do Grand Prix e com a melhor campanha em Pequim. Todos lembram que a China derrotou a Rússia em uma reedição da final de Atenas nas quartas-de-final, e que a torcida vai fazer todo o barulho possível. Além disso, o time chinês apresenta bem mais variações táticas que qualquer outro rival que o Brasil enfrentou nas Olimpíadas.

- A China vinha jogando melhor que a Rússia. É um jogo em que precisamos ficar atentas. Elas sempre têm uma jogadora inesperada. Podem nos considerar favoritas, mas nós não pensamos assim - diz Mari.

Do outro lado, a técnica chinesa Zhonghe Chen é só elogios para o time brasileiro:

- É óbvio que o Brasil está em seu auge e nossa performance ainda não é consistente. Jogamos contra elas três vezes neste ano e perdemos duas. No passado, elas tinham bloqueadoras muito fortes no meio, mas agora são em todas as posições. Teremos que lutar muito.

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Nos outros jogos, a China mostrou um bloqueio eficiente e a melhor jogadora da defesa, Na Zhang. O jogo promete ser muito mais complicado que os seis que o Brasil venceu por 3 a 0, e Zé Roberto não teme a possibilidade de o time ter de virar o jogo.

- Elas estão preparadas para qualquer coisa. Para sair na frente, sair atrás, pegar a China, a Rússia ou Cuba. A única coisa que complica é a ansiedade. A gente queria jogar logo - conta o treinador.

Para Paula Pequeno, o Brasil corre apenas um risco na partida: o de não conseguir botar em prática o jogo estudado com os vídeos das chinesas:

- O que pode parar o Brasil é a gente não colocar o nosso jogo, que é estudar taticamente o adversário e aproveitar as falhas.