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A expressão de Jade Barbosa mostra que a ginasta acusou imediatamente o golpe pela queda no salto: movimento ousado deve ser excluído da série para a final do aparelho. | Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo
A expressão de Jade Barbosa mostra que a ginasta acusou imediatamente o golpe pela queda no salto: movimento ousado deve ser excluído da série para a final do aparelho.| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo

Queda faz Jade rever sua série para a final de salto

Sem chance de brigar por medalha com as americanas Nastia Liukin e Shawn Johnson e a chinesa Yilin Yang, respectivamente as três primeiras colocadas, Jade Barbosa usou a final da categoria individual geral, ontem, como treino de luxo para a decisão do salto, amanhã, às 9h15 (de Brasília) – uma hora e meia antes, ela disputa a final no solo.

E foi justamente pelo fato de arriscar uma meia volta a mais no aparelho, errando o movimento, e cair em outra de suas especialidades, o solo, que a ginasta amargou a 10ª colocação, bem distante do terceiro lugar obtido no Mundial da Alemanha, no ano passado – no salto, obteve a sexta melhor pontuação (15.025), apesar de também ter caído.

"Qualquer queda sempre atrapalha. Não tinha o que perder, por isso tentei fazer um salto mais difícil. Arrisquei mesmo", afirmou ela, que caiu no choro, abraçada à técnica Irina Ilyaschenko, após a falha, ainda no tablado.

Apesar da frustração, a carioca comemorou o resultado, o melhor do país em Jogos Olímpicos no individual geral, batendo a marca de Daniele Hypólito em Atenas-04 (12º lugar).

"Tentei fazer o meu melhor. Espero que na próxima geração surja uma outra menina que possa melhorar ainda mais do que fiz."

O tombo de ontem obrigou a ginasta a rever o planejamento. Caso tivesse ocorrido tudo conforme os treinamentos, ela certamente repetiria o movimento na finalíssima do salto. Agora, contudo, terá de conversar com o outro treinador do time, o ucraniano Oleg Ostapenko, para escolher a estratégia mais adequada. "Salto é uma competição diferente, um aparelho só. Vou treinar até lá", resumiu, entregando a indecisão. "Vamos ver, vamos ver, não sei ainda", desconversou.

Jade estava mesmo arredia ontem. Ela usou de todos os subterfúgios possíveis para evitar dar uma resposta convincente sobre a polêmica envolvendo Estados Unidos e China na ginástica artística – os americanos acusam os orientais de adulterarem a identidade de suas atletas. Em carta oficial, o comitê olímpico do país levantou a suspeita de as chinesas não terem completado 16 anos ainda, idade mínima para competir em Pequim. "Não sei. Não estou sabendo muito sobre o assunto, por isso prefiro não comentar. Elas são bem pequenas, mas não quero falar nada. O país delas que resolva", disse, encerrando a coletiva em seguida. "Tenho de ir agora, pessoal."

A outra brasileira na final, Ana Cláudia Silva, terminou a sua primeira participação olímpica na 22ª posição, de um total de 24 ginastas – a novata se aproveitou da concentração de jornalistas em cima de Jade para driblar a imprensa. (CEV)

Daiane dos Santos chegou a Pequim à sombra de Jade Barbosa. As lesões e a falta de resultados expressivos nos últimos tempos apagaram um pouco do brilho da Pérola Negra. A ausência da mídia, contudo, trouxe a tranqüilidade necessária para a gaúcha trabalhar quieta no centro de treinamento da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), em Curitiba. Nada comparável à pressão que marcou a preparação para os Jogos de Atenas, há quatro anos.

Na Grécia, Daiane competia com a obrigação de confirmar o título mundial conquistado no ano anterior, nos Estados Unidos. Castigada pelas cobranças excessivas, falhou. Pisou duas vezes fora do tablado e amargou a modesta quinta colocação. Muito pouco para quem era considerada a favorita.

É este roteiro que a ginasta tenta reescrever na China a partir de amanhã, às 7h45 (de Brasília), na final do solo, seu mais forte exercício. "A maturidade fez com que eu aprendesse a me controlar melhor. Sinto que estou mais preparada agora", revela.

Uma medalha olímpica, inédita para a ginástica artística nacional, serviria também para consolidar de vez a carreira da atleta. Ela não confirma, mas dá sinais de que deve pendurar o collant no fim do ano, após a disputa do Mundial.

"Seria legal entrar para a história do esporte brasileiro", resume, evitando falar do futuro, a criadora do duplo-twist carpado (Dos Santos) e do duplo-twist esticado (Dos Santos2) – saltos batizados com o nome dela e incluídos no código da Federação Internacional de Ginástica (FIG).

Apesar do silêncio, existe a possibilidade, comentada nos bastidores, de a gaúcha integrar o projeto do Ministério do Esporte a ser coordenado pela atual presidente da CBG, Vicélia Florenzano, de revelação de novas ginastas.

Antes, no entanto, a Pérola Negra terá de resolver sua vida dentro do tablado. A missão é complicada, mas Daiane já demonstrou ter condições de brigar em igualdade de condições, inclusive pelo ouro. Durante a fase eliminatória, ela recebeu a terceira melhor nota (15.275 pontos), ficando atrás apenas da romena Steliana Nistor (15.550) e da chinesa Fei Cheng (15.450). "Agora é limpar a série e cravar a chegada."

A ginasta usou os quatro dias de intervalo entre uma competição e outra para aperfeiçoar a série, sob as orientações de Oleg Ostapenko, o técnico da seleção brasileira. O otimismo de que, enfim, conseguirá apagar de vez a frustração grega é grande. Seria uma espécie de ajuste de contas com o passado. "Tomara que esta história seja melhor que a outra. E que a medalha venha agora."

Na TV

Ginástica (solo feminino), às 7h45 (amanhã), na RPC TV, Band, BandSports, ESPN Brasil e SporTV.

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