Natação se despede com 87 recordes
A natação acabou ontem em Pequim com um saldo impressionante. Foram batidos 87 recordes, entre mundial e olímpico. O maior salto de uma modalidade na história dos Jogos.
"Para se ter uma idéia, em Atenas caíram apenas oito recordes mundiais. Aqui, após o último dia de competição, se chegou a 25", compara Ricardo Moura, coordenador técnico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Ele fez a conta também para as marcas olímpicas e a distância do desempenho após quatro anos é ainda mais avassaladora. "Na Grécia, foram quebrados apenas 18 recordes mundiais", diz. Na China, o número assusta: 59 algumas na mesma prova.
Avanços tecnológicos, como os maiôs de menor atrito com a água ou piscina com menos refluxo, ajudaram. Mas é a matéria-prima que sobra.
"Essa foi uma Olimpíada das mais difíceis, se não a mais difícil de todos os tempos. É só ver o que o Phelps fez", afirma o nadador brasileiro Thiago Pereira. (MR)
Colaborou Sabrina Coelho
Pequim - Há helicópteros demais no céu nublado de Pequim na manhã de domingo. Olhando para cima, é possível contar rapidamente quatro antes que uma gota de chuva atinja o rosto. Só pode ser George W. Bush chegando, afinal, Michael Phelps se tornou em Pequim o maior atleta olímpico de todos os tempos e o presidente norte-americano não ia perder essa.
Mas nenhum sinal de Bush na entrada do Cubo Dágua. Nenhum sinal da dezena de furgões pretos e suas duas limusines da mesma cor. Não há nem lugar reservado para tantos carros no pequeno estacionamento.
A proteção, na verdade, é para o próprio Phelps. Para que ele consiga concretizar o que, para muitos, era impossível: conquistar oito medalhas de ouro em uma única edição dos jogos. Mas que o nadador norte-americano de 23 anos só precisou de um pouco de imaginação para realizar.
"Nada é impossível. Mesmo que exista tanta gente dizendo que não se pode fazer, tudo o que se precisa é um pouco de imaginação", afirmou o nadador, logo depois de receber a oitava medalha dourada. Uma inusitada vitória solitária em uma prova de revezamento, o 4 x 100 m medley. Ou a retribuição pelo o que Jason Lezak fez por ele na última passagem do 4 x 100 m livre.
Sim, pois quando Phelps pulou na piscina para percorrer o penúltimo trecho de 100 metros, no estilo borboleta, os Estados Unidos estavam em terceiro. Incrivelmente, quando ele virou nos 50, já estava na frente, praticamente determinando a vitória para seu time.
Quando acabou a prova, a "república" Michael Phelps ocupava a sexta colocação no quadro de medalhas. À frente de potências como Itália, Japão, França, Rússia e Canadá. E, mesmo disputando apenas oito provas, e tendo uma delegação de apenas um atleta, até o dia 24, deverá ficar à frente de muitos países grandes, como o Brasil, por exemplo, que levou para Pequim 277 competidores. Em Atenas, na mais dourada participação olímpica do Brasil, foram apenas cinco primeiros lugares.
Mas Phelps é um fenômeno. Não é à toa que desbancou o maior recorde de todos os tempos, que já durava 36 anos, e pertencia a outro nadador americano, Mark Spitz. Em Munique-72, Spitz conquistará sete medalhas de ouro. Em Pequim, Phelps ganhou uma a mais.
Um detalhe: na Alemanha, o antigo recordista não disputou nenhum prova com mais de 200 metros. Na China, Phelps iniciou a trajetória com a mais cansativa delas: o 400 medley.
É por isso que talvez o norte-americano não queira pensar no futuro, ao menos por enquanto. Superar novo recordes? "Mais do que já fiz?", responde perguntando.
Na verdade, Phelps também é o maior ganhador de ouro da história dos Jogos. Tem 14, contra as nove medalhas de Larysa Latynina, da ginástica, Paavo Nurmi e Carl Lewis, do atletismo, e o próprio Spitz. Mas no geral, ele ainda não é o maior. Com 16 medalhas no total, mas perde por duas para Latynina.
Ele nem sabia disso.
"Não tive tempo para pensar em nada. Tudo passou como uma montanha-russa. Muito rápido e divertido."
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