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Zé Roberto Guimarães disputa pela quarta vez uma Olimpíada como treinador: com o time masculino, foi ouro em Barcelona e quinto colocado em Atlanta; com o feminino, foi quarto em Atenas. | Sérgio Moraes/ Reuters
Zé Roberto Guimarães disputa pela quarta vez uma Olimpíada como treinador: com o time masculino, foi ouro em Barcelona e quinto colocado em Atlanta; com o feminino, foi quarto em Atenas.| Foto: Sérgio Moraes/ Reuters

A transformação do voleibol brasileiro em referência mundial reserva um capítulo especial para José Roberto Guimarães. Este paulista de Quintana, de fala mansa e jeito sereno, foi o responsável pela primeira grande guinada do esporte após a geração de prata liderada por Bernard, Renan e Montanaro.

Em Barcelona-92, Zé Roberto armou um time repleto de garotos, todos desconhecidos, que surpreendeu o planeta. Maurício, Marcelo Negrão, Tande e Giovani voltaram da Espanha com a medalha dourada no peito. Era o início da consolidação da modalidade, que deixava definitivamente a sombra do futebol para ganhar vida própria, passar o basquete em popularidade e se tornar o segundo esporte na preferência dos brasileiros.

Zé Roberto tem hoje, a partir das 9 horas (de Brasília), a chance de se tornar bicampeão olímpico. Após uma campanha irrepreensível, sem perder nem sequer um set, a seleção brasileira enfrenta os Estados Unidos. Quem vencer fica com o ouro.

Seria o título mais importante da história da equipe feminina, bronze em Atlanta-96 com a geração de Ana Moser, Fernanda Ven-turini e Márcia Fu, e Sydney-2000, em um time que tinha Érika, Virna e Leila como expoentes. A conquista elevaria as mulheres à mesma condição da multicampeã seleção masculina, tirando um pouco de Paula Pequeno, Mari e Sheila o terrível peso da inevitável comparação.

Antes, porém, de levar o Brasil a mais uma final de Jogos Olímpicos, Zé Roberto passou por momentos difíceis na carreira. Dois chamam especialmente a atenção. Em Atlanta, o deslumbramento do título de quatro anos antes fez o Brasil não passar das quartas-de-final. Envergonhado, o treinador passou meses trancado em casa, sem coragem para enfrentar a cobrança popular.

Oito anos depois, na Grécia, já dirigindo as mulheres, o técnico viu a equipe cair diante da Rússia nas semifinais após estar ganhando o quarto set por 24 a 19. Um ponto bastaria para selar a classificação à decisão. Descontrolado, o time perdeu o set e a partida. Na seqüência, derrotas em outras finais, como a do Mundial de 2006, novamente para as russas, e a dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, no ano passado, ante Cuba, fez colar na seleção a fama de "amarelar" em duelos importantes. Até uma psicóloga, Samia Hallage, foi incorporada à comissão técnica para ajudar no emocional das jogadoras.

"Depois de Atenas foi complicado para levantar a cabeça de muita gente, inclusive a minha. Fiquei em um momento muito débil de força, foi muito complicado", afirmou ele. "Eu vivi muito intensamente esse período, sofrendo os problemas de ter perdido, de ter falhado naquele momento. Eu era técnico do Finasa (equipe feminina que disputa a Superliga nacional) e via nos ginásios os cartazes com o placar de 24 a 19. É difícil um treinador perder um jogo desses", acrescentou.

Hoje, o pesadelo pode se transformar em ouro.

Na TV

Brasil x EUA, às 9 horas, na RPC TV, Band, SporTV, ESPN Brasil e BandSports.

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