A seleção feminina de vôlei do Brasil conseguiu nesta quinta-feira se classificar para a primeira final olímpica na história, superando a atual campeã China por 3 sets a 0 e livrando o time do peso do fracasso de 2004.
Em Atenas, o Brasil disputava a semifinal com a Rússia e estava na frente com o placar em 24 a 19, mas acabou desperdiçando seis match points e perdeu o jogo. Agora, após quatro anos de trabalho do técnico José Roberto Guimarães na formação do time, as brasileiras mostraram concentração e determinação para enfrentar uma equipe que jogava em casa e saiu na frente do marcador.
Após a quinta semifinal olímpica desde os Jogos de 1992, o Brasil vai pegar na decisão a seleção dos Estados Unidos, no sábado, que derrotou de maneira surpreendente a tradicional rival brasileira Cuba por 3 sets a 0.
"É a coisa melhor do mundo (chegar à final), me sinto gratificado com elas jogando tão bem sem que os outros estejam jogando mal", disse Zé Roberto após a vitória, sobre o fato de seu time ter disputado sete jogos em Pequim sem ter perdido um set sequer.
No final da partida, que o Brasil venceu por parciais de 27-25, 25-22 e 25-14, a comissão técnica chegou a vibrar mais que as próprias jogadoras.
O jogo não chegou a ser um passeio, e o primeiro set foi o mais complicado, com o time brasileiro mostrando nervosismo e desorganização. "Se tivéssemos perdido o primeiro set teria sido um pouco complicado porque teríamos que correr atrás", disse Zé Roberto.
A capitã Fofão, que participa de sua última Olimpíada, concordou. "A gente demorou um pouco para colocar a cabeça no lugar. Isso é sinal de amadurecimento, porque um tempo atrás a gente já se desesperava", disse a jogadora, que participou da Olimpíada de Atenas, referindo-se ao Brasil ter começado o primeiro set perdendo por uma diferença de quatro pontos.
Segundo ela, o jogo com os EUA, que passaram por cima de uma Cuba que cometeu tantos erros que deixou o técnico Zé Roberto surpreso com a performance das arquirivais, "será muito difícil, pois elas ganharam uma confiança muito grande com a vitória sobre Cuba".
Fofão, que afirmou que ainda não pensou no fato de que está vivendo as últimas quarenta e oito horas jogando com a seleção brasileira, disse que o time norte-americano tem força no bloqueio, mas "peca um pouco no passe e na defesa, e a gente tem que explorar isso."
O JOGO
O Brasil começou o set perdendo por 3 a 0 e com o técnico Zé Roberto tendo que pedir mais calma ao time. Wang Yimei, apesar de seus 90 quilos distribuídos por 1,90 metro de altura, fez boas defesas no fundo da quadra chinesa e ainda conseguiu superar o bloqueio de Sheilla, Fabiana e Paula Pequeno em cortadas.
Zé Roberto notou que a China começou a mudar de tática. A equipe do técnico Chen Zhonghe passou a explorar meias-bolas que pegavam o bloqueio brasileiro ainda desmontado. A saída foi manter um bloqueio de duas em vez de três jogadoras para dar mais velocidade à defesa.
Com 26 a 25 no placar, o Brasil mostrou sangue frio com belas defesas e fechou o set em 27 a 25 depois de rali encerrado com cortada paralela de Sheilla por uma brecha no bloqueio chinês.
O segundo set começou com Wang Yimei mandando uma bomba contra Paula Pequeno, mas o Brasil conseguiu impor vantagem de três pontos, com Fabiana subindo mais que a muralha que o time da China tinha trazido do primeiro set.
A alucinada torcida chinesa, antes mais calma, voltou a entoar "Jia You China!" ("Vamos China!") quando o time empatou com o Brasil em 17 a 17. Mas a seleção brasileira conseguiu fechar o set em 25 a 22, após erro de saque de Zhou Suhong.
O bloqueio do Brasil começou a funcionar um pouco melhor no terceiro set, com Fofão, Thaísa e Mari. A vantagem brasileira se ampliou a 18 a 10, com Mari encaixando saques que desarmaram a defesa chinesa, para desespero de voluntários chineses que tentavam animar o público da casa aos gritos.
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