Entrevista
"Temos que liberar os jogadores da pressão"
Rubén Magnano, técnico da seleção masculina de basquete
Como você avalia o grupo do Brasil na primeira fase?
É um grupo muito disputado. Mas aqui temos de competir. Temos uma equipe muito forte pela frente, que é a Espanha. E depois é bastante parelho para competir, o que faz com que cada jogo da primeira fase seja como uma final.
É possível bater a Espanha?
Se eu não acreditasse, teria que pegar a mala e ir embora.
A Sport Illustrated apontou o Brasil como a terceira força da Olimpíada, atrás apenas dos EUA e Espanha.
Fico muito feliz que se fale do Brasil. Se falam é porque alguma coisa olharam, alguma coisa ouviram, assistiram alguma coisa... Mas, por mais que se fale, temos de estar tranquilos. Temos de saber das nossas virtudes e das nossas limitações. E trabalhar com base nisso, além de respeitar cada rival, que é a melhor arma que temos.
O retorno do Brasil a uma Olimpíada após 16 anos tem contagiado o público brasileiro. Para você isso é um fator de motivação ou de pressão para a equipe?
Sem dúvida é uma grande felicidade para nós, um orgulho, o Brasil estar sendo comentado novamente no mundo do basquete. Mas também nos preparamos para combater isso [a euforia], o que é duro. Portanto, nada de pressão. Temos de tirar a pressão pela estreia depois de tanto tempo e de tudo o que está chegando aos ouvidos dos jogadores, de que as medalhas são possíveis. Temos que liberá-los disso.
Mas é possível se falar em medalha?
Temos a possibilidade como todas as equipes que jogam têm de alcançar uma medalha.
Após 16 anos de ausência, o basquete masculino brasileiro retorna domingo (29), às 7h15 (horário de Brasília), aos Jogos Olímpicos justamente onde conquistou a primeira de suas duas medalhas olímpicas.
Na segunda vez em que Londres abrigou a disputa, em 1948, a seleção chegou ao bronze o primeiro pódio do país em esportes coletivos, que seria repetido em Roma 1960.
Amanhã, às 7h15 (de Brasília), a equipe estreia contra a Austrália, com um time bem diferente da última participação.
Se em Atlanta 1996 a equipe contava com o ídolo Oscar, três vezes cestinha dos Jogos e primeiro a alcançar a marca de mil pontos em Olimpíadas, por outro a seleção atual tem na bagagem a experiência do técnico Rubén Magnano, ouro em Atenas 2004 com a Argentina, e quatro jogadores que atuam na NBA, a liga de basquete norte-americana: os alas Leandrinho (atuou no Indiana Pacers na última temporada) e Anderson Varejão (Cleveland Cavaliers) e os pivôs Nenê (Washington Wizards) e Tiago Splitter (San Antonio Spurs).
O time conta ainda com um jogador americano, o armador Larry Taylor, que se naturalizou brasileiro. Com tal cenário, o Brasil, mesmo há tanto tempo fora, chega com força. A equipe foi apontada pela revista Sport Illustrated, principal publicação esportiva dos Estados Unidos, como a terceira força em Londres, atrás apenas dos próprios americanos e dos espanhóis.
"Se nos apontam desta forma é porque olharam e viram alguma coisa no nosso time. Sem dúvida é uma felicidade que o Brasil esteja na boca de todo mundo, mas nada de pressão. Vamos passar confiança para que os jogadores desfrutem cada momento na disputa", aponta o argentino Magnano.
Astros da NBA como LeBron James, Kobe Bryant e Kevin Durant também elogiaram os brasileiros. "São definitivamente uma das melhores equipes do mundo, têm talento individual e são competitivos", ressaltou Bryant, do Lakers. "É uma grande equipe, tem jogadores de NBA, já mostrou sua força e está entre os melhores em Londres", emendou James, do Heat.
O armador Marcelinho Huertas, afirma que melhor do que recolocar o Brasil na elite do basquete mundial é chegar em boas condições em Londres. "A gente bateu na porta de entrar nas Olimpíadas anteriores e agora fizemos por merecer. E com chances de jogar de igual para igual com todo mundo", enfatiza o capitão da equipe.
Mas, apesar da confiança, Marcelinho sabe que a tarefa não será fácil. O jogador do Barcelona, da Espanha, reconhece que o grupo é complicado. "Temos de jogar jogo a jogo", reforça.
Caminho
Depois de 16 anos fora das Olimpíadas, o Brasil masculino de basquete surge como uma das três principais forças em Londres. Saiba quem são os adversários na primeira fase:
Amanhã
7h15 Brasil x Austrália: Na preparação para a Olimpíada, em um jogo amistoso disputado no último dia 22, o Brasil venceu os australianos por 87 a 71. Com 13 participações olímpicas, a Austrália nunca conquistou medalha. Seu melhor jogador, o pivô Andrew Bogut, precisou operar o tornozelo e foi cortado.
Terça, 31/7
12h45 Brasil x Grã-Bretanha: Considerada a equipe mais fraca do grupo. O principal jogador dos anfitriões é o astro da NBA Luol Deng, do Chicago Bulls. Em amistoso preparatório, os britânicos perderam por 118 a 78 para os EUA.
Quinta, 2/8
12h45 Brasil x Rússia: É um adversário forte. A base do time é o CSKA Moscow, vice-campeão da Euroliga de 2012. São seis atletas entre os doze convocados.
Sábado, 4/8
12h45 Brasil x China: Em 2011 foi campeã asiática pela 15ª vez, mas não consegue repetir o sucesso em torneios mundiais. O destaque da equipe é Yi Jianlian, porta-bandeira chinês que joga pelo Texas Legends.
Segunda, 6/8
16h Brasil x Espanha: A Espanha é, ao lado dos Estados Unidos, favorita ao ouro. É a atual bicampeã europeia, vice olímpica em Pequim-2008 e segunda colocada no ranking mundial, atrás apenas dos americanos. Tem cinco jogadores da NBA, com destaque para o armador Jose Manuel Calderón, do Toronto Raptors.
Regulamento: As 12 seleções foram divididas em dois grupos de seis equipes. Os quatro primeiros de cada chave avançam às quartas.
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