Fabiana Murer sabe que pode saltar alto. Mas ontem decepcionou o público no Estádio Olímpico. Frustrante para quem via na atleta uma esperança de medalha, ela nem sequer passou da fase classificatória do salto com vara, inviabilizando o duelo com a russa Yelena Isinbayeva na final, amanhã, às 15 h (de Brasília).
Com a eliminação, a brasileira, campeã mundial indoor, emendou a segunda decepção olímpica. Em Pequim-2008, descobriu durante a prova que uma de suas varas havia sumido. Desta vez, inicialmente, atribuiu o insucesso ao vento. Mas, logo em seguida, decidiu assumir integralmente a responsabilidade pelo fracasso.
"Na outra [Olimpíada], senti que não era culpa minha. Desta vez, eu não consegui fazer. Eu tinha tudo. Todo o material, as condições iguais das outras meninas e não consegui. Não é coisa da competição, é questão de treino, também. Venho tentando melhorar meu salto, mas ele não está constante", disse.
Para passar à final, precisava ficar entre as 12 melhores nos saltos que começaram com a marca mínima de 4,10 m, altura considerada tranquila pela própria saltadora. Fabiana esperou quase duas horas para saltar a partir dos 4,50 m. Na primeira tentativa, derrubou o sarrafo. Na segunda, passou bem e seguiu para a disputa dos 4,55 metros, quando só restavam 15 atletas na briga.
Mas aí derrubou o sarrafo na primeira e na segunda tentativa. Na derradeira, iniciou a corrida duas vezes, mas após algumas passadas, desistiu. Era o vento atrapalhando. Fim precoce dos Jogos de Londres para a brasileira, que fechou sua passagem olímpica com a modestíssima 14.ª colocação.
A eliminação não foi assimilada de pronto. Até o narrador do estádio pareceu não entender o que estava acontecendo. Enquanto anunciava mais um salto da brasileira, a atleta já vestia o agasalho para deixar a pista.
"Tenho um minuto para saltar. Quando decidi tentar, senti o vento muito forte, não conseguia sair do lugar. Esperei até o último segundo para começar a correr, mas não tinha condição. Era até perigoso", explicou a atleta. Antes, a sueca Angélica Bengtsson, também prejudicada pelo vento, errou o salto de 4,40 m e caiu fora do colchão.
Apesar de garantir que não se arrepende de nada que fez em sua preparação, Fabiana Murer admitiu que as mudanças para saltar mais alto ainda não deram certo a tática foi idealizada pelo técnico russo Vitaly Petrov, que prestava consultoria à atleta. "Às vezes não tenho certeza do que estou fazendo. Não sei explicar", declarou.
A estratégia foi montada para tentar fazer frente à Yelena Isinbayeva. O melhor salto da brasileira até hoje foi de 4,85 m, 21 cm abaixo do recorde da russa. "Sei que tenho talento. A Isinbayeva é a única pessoa que pode me vencer. Mudei meus treinos pensando em superá-la. Foi um erro", resignou-se.
Enquanto isso, a russa, atual bicampeã olímpica e dona do recorde mundial 5,06 m, faz planos. "Depois de hoje [ontem], me sinto realmente confiante para a final", fechou, empolgada.
Sem salto alto, Duda amarga sétimo lugar
O sétimo lugar foi comemorado discretamente ontem. Afinal, o saltador Mauro Vinícius da Silva, o Duda, sentia que podia ir mais longe. Ele chegou à final da prova do salto em distância nos Jogos de Londres com a segunda melhor marca das classificatórias, 8,11 m. De tão tranquilo, chegou até a descartar uma tentativa.
Mas, ontem, na decisão, a situação foi bem diferente. O brasileiro queimou os dois primeiros saltos e precisava acertar o terceiro com uma boa marca para ficar entre os oitos dos 12 finalistas que teriam direito a mais três saltos. Com alguns ajustes na marcação das passadas, atingiu 7,96 m, subiu para a sétima posição e seguiu na disputa.
No salto seguinte, subiu sua marca para 8,01 m distante de seu recorde pessoal, os 8,28 m que lhe deram o título de campeão do mundo indoor, mas o bastante para seguir pensando em pódio. "Foi quando me senti mais tranquilo na prova", disse.
As duas últimas tentativas, no entanto, foram desperdiçadas. Duda voltou a queimar os saltos e teve de se contentar com a sétima posição. "Ainda assim fiquei satisfeito. Foi uma final olímpica. Saio com parte do meu dever cumprido. Mas a outra parte, que era tentar uma medalha, não consegui. Faltou acertar, estava saltando longe, mas queimando as chances", avaliou o atleta.
Assim como Fabiana Murer no salto com vara, Duda contou que o vento contra atrapalhou o desempenho dos atletas. "Precisei ajustar as marcas. Estava muito veloz porque a pista é muito veloz, vai permitir muitas quebras de recordes nas provas de velocidade. Mas o vento estava segurando", disse.
Tanto que o novo campeão olímpico, o britânico Greg Rutherford, atleta sem tradição na prova, precisou de um salto de 8,31 m para ficar com o ouro. O recorde dos Jogos é 59 centímetros maior. "Em uma prova em condições normais, um bronze não seria conquistado com menos de 8,20 m", ponderou o brasileiro. O pódio foi completado pelo australiano Mitchell Watt, que saltou 8,16 m e ficou com a prata. O terceiro lugar foi para o norte-americano Will Claye, com a melhor marca em 8,12 m.
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